Picciani diz não temer delator que já depositou R$ 1 milhão
31/03/2017 09:51 - Atualizado em 01/04/2017 13:43
Divulgação
Jonas Lopes é ex-presidente do TCE-RJ / Divulgação
Um dos alvos da delação premiada do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Jonas Lopes de Carvalho Filho, que antes de sair do país depositou R$ 1 milhão à Justiça, o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), afirmou nessa quinta-feira (30), na tribuna, que não cometeu irregularidade e que Jonas é próximo de um inimigo político dele: “Nada temia, nada devo e não temo insinuações de delator”, disse o deputado. Após a delação, Jonas e a família tiveram autorização para deixar o país por 40 dias.
Jonas Lopes de Carvalho Filho é autor da delação que levou cinco conselheiros e um ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE- RJ) à prisão e ainda resultou na condução coercitiva do presidente da Alerj. O R$ 1 milhão depositado à Justiça era parte de seu acordo com o Ministério Público Federal (MPF), firmado em fevereiro deste ano.
O depoimento de Jonas à Justiça foi um dos pontos que basearam a operação Quinto de Ouro, deflagrada na quarta-feira. Em sua colaboração, ele afirmou que membros do TCE recebiam 1% de propina por obras realizadas no Rio entre 2007 e 2014.
Em dezembro, o conselheiro foi conduzido coercitivamente à Polícia Federal, no Rio, para falar sobre a delação premiada do executivo Leandro Azevedo, que trabalhou no escritório da Odebrecht no Rio. Segundo Leandro, ele e Jonas Lopes teriam acertado o pagamento de R$ 4 milhões em quatro parcelas. Em troca do pagamento, o TCE aprovaria o edital do Maracanã.
A primeira parcela teria sido paga em 10 de fevereiro de 2014 ao filho de Jonas Lopes, no escritório de advocacia dele, no Centro do Rio. Após falar à PF em dezembro de 2016, uma operação foi montada para o ex-conselheiro depositar R$ 1 milhão na conta da Justiça Federal.
Depois que vazaram trechos de sua delação, o ex-conselheiro disse que começou a receber ameaças por pessoas citadas em seus relatos. A partir daí, Jonas Lopes e seu filho, o advogado Jonas Lopes de Carvalho Neto, além da família, obtiveram o direito de deixar o país por 40 dias.
Além disso, investigadores afirmam que os conselheiros do TCE receberiam 15% dos valores liberados do fundo de modernização do tribunal que foram usados para pagar fornecedores de quentinhas pra presos e menores infratores. Picciani negou ligação com o esquema.
— Fui procurado pelo ex-presidente Jonas, agora delator. Ele me informou que verbas do fundo do TCE poderiam ser utilizadas na compra de alimentação de detentos do sistema penitenciário e jovens presos no Degase. Aprovado pela Alerj, foi feito um entendimento entre o TCE e o Governo. Na delação, ele admitiu ter cobrado 15% das empresas fornecedoras escolhidas. Ele também alegou que eu facilitei esse processo. Disse mais: afirmou que o coronel Erir, secretário de Administração Penitenciária, pedindo ajuda porque o secretário de Fazenda não pagava a comida e estava preocupado porque poderia haver uma rebelião. Não tenho nada a ver com isso — afirmou Picciani, dizendo que sempre foi contrário à utilização dos fundos de outros poderes no auxílio ao Governo do Estado. (S.M.) (A.N.)

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