Fachin recebe 83 pedidos de inquérito na Lava Jato
21/03/2017 17:42 - Atualizado em 23/03/2017 13:18
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin recebeu os 83 pedidos de abertura de investigação contra citados nas delações de ex-diretores da empreiteira Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato. Os inquéritos chegaram ao Supremo na semana passada, mas foram enviados ao gabinete do ministro somente nesta tarde, devido ao trabalho inicial de catalogação e digitalização das petições. Também nesta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou nova fase da operação Lava Jato, a primeira operação cumprida a partir de autorização do STF com base no que foi delatado pelos executivos da Odebrecht. Na mira, nomes ligados aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
Com relação aos pedidos de inquérito, a partir de agora, Fachin decide se autoriza a abertura e as diligências solicitadas por Janot. O ministro também deverá avaliar a retirada do sigilo do conteúdo das delações. Ao todo, o material envolve 320 pedidos ao Supremo. Além dos 83 pedidos de abertura de inquéritos, há 211 solicitações para desmembramento das investigações para a primeira instância da Justiça, sete arquivamentos e 19 pedidos cautelares de providências.
A expectativa é que o ministro Edson Fachin decida até o fim desta semana, ou no mais tradar no início da próxima, se vai abrir os inquéritos e derrubar o sigilo do caso, como pediu Janot.
As delações da Odebrecht foram homologadas em janeiro pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, após a morte do relator, Teori Zavascki, em acidente aéreo. Foram colhidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) 950 depoimentos de 77 delatores ligados à empreiteira. A (PGR) não confirma o número exato de investigados.
Segundo informações que vazaram para imprensa, Janot pediu para investigar ao menos seis ministros da gestão Michel Temer (PMDB). São eles Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil, Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Kassab (PSD), das Comunicações, Bruno Araújo (PSDB), das Cidades, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), das Relações Exteriores, e Marcos Pereira (PRB), da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Também são alvos de inquéritos enviados ao STF, segundo relação divulgada pela mídia, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira, além dos senadores peemedebistas Edison Lobão, Romero Jucá e Renan Calheiros (líder do partido no Senado) e os tucanos Aécio Neves e José Serra. Os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva também estariam na lista.
Lava Jato na rua com autorização do STF
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça mais uma fase da operação Lava Jato. Os mandatos, cumpridos em Pernambuco, Alagoas, Brasília, Bahia e Rio de Janeiro, foram os primeiros com base na delação premiada da empreiteira Odebrecht e foram autorizados pelo ministro Edson Fachin, a pedido da PGR.
Os alvos foram pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do PMDB no Senado; Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente da Casa; Valdir Raupp (PDMB-RO) e Humberto Costa (PT-PE). Os parlamentares, no entanto, não foram alvo de mandados.
A etapa foi batiza pelos investigadores de “Satélites”.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o objetivo da operação é investigar indícios dos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Em nota, a defesa do senador disse que Eunício “tem a convicção que a verdade dos fatos prevalecerá”. A assessoria de Humberto Costa afirma que o senador está certo que a operação não encontrará indício que “desabone a sua vida pública”. A defesa de Valdir Raupp afirma que o senador desconhece o teor da nova fase da Lava Jato. A defesa ou assessoria de Renan, até o fechamento da edição, não havia se manifestado.

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