O ex-presidente da Andrade Gutierrez, Rogério Nora de Sá, revelou nessa quarta (14), durante depoimento na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) o chamou para uma reunião em seu próprio apartamento no Leblon, na zona sul do Rio, para exigir propinas em contratos públicos. Rogério Nora afirmou que Cabral teria dito que a empresa teria de firmar um “compromisso” com o governo, que Sá entendeu como pagamento ilegal de dinheiro. O empreiteiro acertou acordo de delação premiada.
— Ele (Cabral) disse que teríamos que dar uma contribuição mensal de R$ 350 mil. Depois, fomos chamados para uma reunião no Palácio Guanabara com o governador, e ele disse que o secretário de Governo, Wilson Carlos, iria cuidar da execução das obras. Ficamos com obras de Manguinhos, PAC das Favelas, Arco Metropolitano, que entramos, mas declinamos posteriormente porque não teríamos resultados. (Em) Manguinhos fomos líderes do consórcio e ficou acertado o pagamento de 5% — disse.
Rogério Nora afirmou ainda que as propinas eram camufladas nas obras por meio de faturamento com valores maiores ou com notas fiscais falsas “para prover recursos para eles”. Ainda segundo o empreiteiro, as propinas foram pagas durante um período que durou de 12 a 15 meses. “Até setembro de 2011, quando eu estava na empresa, existiam os pagamentos. Depois, não sei informar”, afirmou.
Cabral foi preso em 17 de novembro último. Até o início do mês, o ex-governador já havia se tornado réu em seis processos da Lava Jato. Ele já foi acusado em mais de 200 crimes e é apontado pelo Ministério Público Federal como líder de um esquema de propinas e lavagem de dinheiro que ocultou cerca de R$ 318 milhões. (A.N.) (S.M.)