"Carne Fraca" tem reflexo nos açougues
21/03/2017 21:21 - Atualizado em 25/03/2017 12:23
Carnes
A Operação “Carne Fraca” da Polícia Federal, no final de semana passada, elevou em 10% as vendas de carne bovina de açougues do Mercado Municipal de Campos. Por outro lado, uma das maiores redes de supermercados da cidade informa que as vendas de produtos das marcas envolvidas no escândalo continuam normais. De certa forma, o comportamento do consumidor também mudou.
Enquanto comprava um quilo de linguiça, no açougue do Mercado, a dona de casa Isabel Fernandes, 33 anos, disse que seu filho está se recusando a comer qualquer tipo de carne vermelha e ovo tem sido a principal opção. A Vigilância Sanitária (Visa/Campos) — departamento ligado à secretaria municipal de Saúde — orienta os campistas como adquirir produtos de qualidade.
— A condição de armazenamento inadequada de carnes e de frios em estabelecimentos comerciais é sempre alvo de denúncias por parte da população. De acordo com o assessor de Fiscalização da Visa/Campos, o médico veterinário Márcio Duarte, o consumidor deve estar sempre atento, principalmente, a itens como cor, textura e rótulos dos produtos.
— A primeira coisa que o consumidor deve olhar ao comprar a carne é o acondicionamento no freezer, a temperatura, a coloração e até mesmo a textura. O grande problema que encontramos é com relação aos locais em que as carnes são estocadas. A temperatura tem que estar a -12° e a grande maioria está acondicionada entre 5° e 8º, temperatura totalmente inadequada — explica Márcio.
Segundo o proprietário de um açougue no Mercado, Salvador Ferreira Viana, seu consumidor não chega ao estabelecimento falando na operação “Carne Fraca”. “Nossa carne é própria. Sai do campo, passa pelo frigorífico e só depois de inspecionado vem para o estabelecimento”, disse ele, ao falar sobre o aumento nas vendas.
Doutor em Tecnologia de Alimentos, o professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (Universidade de Campinas), Sérgio Pflanzer, afirma que os conservantes utilizados pelas indústrias da carne, mencionados nos relatórios da Polícia Federal, são autorizados pelas autoridades sanitárias brasileiras e não são capazes de modificar a essência dos produtos. Por outro lado aconselha o consumidor a não comprar produtos de marcas citadas.
Apesar de sugerir recomendações aos consumidores sobre o aspecto dos alimentos, a Proteste (Associação de Consumidores) adotou uma posição mais rigorosa: orienta os cidadãos a não comprarem produtos das empresas envolvidas nas irregularidades.
Algumas das maiores empresas do ramo alimentício do país estão na mira das investigações, entre as quais a JBS, dona do Big Frango e Seara, e a BRF, detentora das marcas Sadia e Perdigão. A operação da Polícia Federal bloqueou R$ 1 bilhão de empresas suspeitas de subornar fiscais para que carnes vencidas fossem reembaladas e liberadas para comercialização.
Resposta de mercado — A embaixada do Japão anunciou nesta terça que suspendeu a importação de carne dos 21 frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca. Em nota, a embaixada informa que a suspensão seguirá valendo “até novas notificações”. Depois do Japão, também o México anunciou restrição.
O Grupo Carrefour também informou que retirou de todas as suas lojas no Brasil produtos provenientes de plantas frigoríficas que são investigadas na operação “Carne Fraca” da Polícia Federal. No entanto, a rede de supermercado não informou a quantidade de alimento recolhida e nem o número de unidades frigoríficas que foram alvo dessa ação preventiva.
Segundo a empresa, o recolhimento teve início após a divulgação da operação da PF e que já foi concluída. “A companhia informa que retirou preventivamente das suas lojas os produtos vindos dos frigoríficos citados”, informou.
(D.P.P.) (A.N.)

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