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A crise econômica internacional tem afetado diretamente a vida dos municípios brasileiros, em especial aos que têm receita atrelada aos royalties do petróleo. No atual quadro, criar alternativas de desenvolvimento passa a ser um dos principais desafios dos gestores. Em Quissamã, no Norte Fluminense, o novo governo vê no turismo uma opção para a geração de emprego e renda. Com orçamento estimado de R$ 165 milhões para este ano, R$ 75 milhões a menos do que o disponível em 2013, por exemplo, o município de 22 mil habitantes, se prepara para enfrentar essa dura realidade.

Distante 230 quilômetros do Rio de Janeiro, a cidade possui um patrimônio histórico atraente, com destaque para casarões dos séculos XVIII, XIX e XX e o Complexo Cultural da Fazenda Machadinha, e mais de 60% da área do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Arnaldo Mattoso, o plano de reestruturação do turismo terá o município como fomentador e os empreendedores assumindo seu papel.

Essas características fazem da cidade uma boa opção de roteiro para quem busca novidades e isso é algo que o atual governo começa a explorar. “Precisamos buscar alternativas para aumentar as ofertas de trabalho para o nosso povo e o turismo pode ser uma de nossas principais fontes geradoras de renda, permitindo mais cidadania, dignidade e identidade social à população”, explicou a prefeita Fátima Pacheco.

De acordo com o coordenador de Turismo, Luiz Carlos Fonseca, o setor hoje parte da iniciativa privada e o papel do poder público é organizar o sistema. “Temos guias formados e credenciados, agências de turismo, restaurantes, pousadas e nosso trabalho é fazer a ligação entre essas pessoas. Ou seja, o guia ter acesso ao proprietário da agência, o dono da agência interagir com o do restaurante, permitindo assim uma melhor comunicação entre eles”, ressaltou.

Luiz Carlos acrescentou que as atividades atualmente estão concentradas no turismo ecológico, através do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, que já conta com Plano de Manejo, tem conhecida a sua capacidade de carga e fornece as concessões para quem quer promover a visitação pública no local, como as caminhadas, passeios de barcos e bugres. “Outro foco é o artesanato, que queremos que tenha uma identidade, com logotipo do parque, tudo isso para gerar emprego e renda na iniciativa privada. Já no turismo histórico temos guias trabalhando, levando os turistas ao Sobradinho, Museu Casa Quissamã, a Freguesia, no Centro, casarões antigos e Machadinha, que hoje é o espaço que mais atrai o visitante”, completa Luiz Carlos.

Dentro do plano de reestruturação consta ainda criação de um posto turístico na praça, com um profissional de atendimento capacitado para dar informações e com os contatos de guias, agências, pousadas e restaurantes, facilitando o acesso do visitante aos locais e instrumentos turísticos.

Quem busca o turismo ecológico tem no Parque de Jurubatiba — único de restinga do mundo e que guarda nos seus 14.700 hectares grande biodiversidade — a beleza de 18 lagoas costeiras e dois balneários e, para visitá-los o turista passa, necessariamente, por dentro do parque: o de João Francisco, que fica a 15 quilômetros do Centro, e o do Visgueiro, a 20 quilômetros.

Sendo o mais frequentado pela população e visitantes, João Francisco apresenta uma beleza agreste e conta, também, com duas pequenas lagoas: Piripiri e Maria Menina. No Calçadão, à beira mar, quiosques oferecem bebidas e petiscos, como o pastel de mariscos. A Praia do Visgueiro é mais simples, mas possui grande beleza.

Outra boa opção para os praticantes de esportes náuticos como windsurfe e pesca artesanal, a Lagoa Feia fica a 10 quilômetros da cidade. De fácil acesso, é o segundo maior espelho de água doce do país. E, seguindo adiante na mesma estrada, chega-se a Barra do Furado, uma aldeia de pescadores considerada um dos melhores points dos surfistas da região.

Marcado pelo clima de descontração, o Carnaval de Quissamã é um dos mais tradicionais da região e, também, responsável pela atração de turistas nos primeiros meses do ano. Mesmo num ano de contenção no campo financeiro, o município promete uma festa animada no Reinado de Momo.

Na última sexta-feira, dia 20, diretores de cinco blocos de embalo apresentaram propostas para os desfiles deste ano à prefeita Fátima Pacheco. Entre elas, está a cessão de um espaço para concentração das agremiações que, nos quatro dias de folia, irão para a rua Barão de Vila Franca, a Passarela do Samba de Quissamã.

Na conversa, a prefeita apresentou a situação financeira do município, como dívidas encontradas pelo governo e que atualmente exigem contenção de despesas para ajustar a receita. Coordenador de Cultura e Lazer, Oscar Luiz Chagas explicou que o Carnaval terá adequações, com um formato diferente dos anos anteriores. “Mas, a infraestrutura, como sonorização, banheiros químicos, trio elétrico e segurança estão mantidos. O nosso trabalho está ligado a outras secretarias envolvidas, que também estão em processo de enxugamento de despesas”, disse Oscar.

A prefeita destacou que o apoio ao evento é importante, porque movimenta a economia do município, principalmente o comércio. “A população gosta de festa, do verão e do Carnaval. Vamos apoiar os carnavalescos dentro das nossas possibilidades”, observou Fátima.