Saúde de Campos fala sobre cuidados e prevenção contra a febre maculosa
Yasmim Lima - Atualizado em 26/06/2024 17:43
Quatro casos da febre maculosa foram registrados em Campos - Foto: Rodrigo Silveira
Quatro casos da febre maculosa foram registrados em Campos - Foto: Rodrigo Silveira
Nesta quarta-feira (26), o secretário de saúde de Campos, Dr. Paulo Hirano, o diretor de Vigilância em Saúde, Rodrigo Carneiro, e o diretor do CCZ, Luciano Souza, falaram sobre os cuidados de prevenção da febre maculosa durante uma coletiva de imprensa. O município teve a confirmação de quatro casos para a doença este ano, dois deles evoluíram para óbito, e um está em investigação. A febre maculosa é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida pela picada do carrapato estrela infectado pela bactéria.
O óbito mais recente aconteceu no dia 20 de junho. Um menino de 12 anos, morador de Goitacazes, na Baixada Campista, deu entrada no Hospital São José (HSJ) no dia 19 com sintomas como febre, cefaléia, vômito e dor abdominal. Anteriormente, um homem de 37 anos, morador da localidade Santo Amaro, também na Baixada, foi a óbito no dia 5 de abril, também por febre maculosa.
De acordo com o secretário de saúde, é preciso alertar a população sobre os cuidados, principalmente aqueles que moram em áreas suscetíveis. O foco da saúde de Campos, no momento, é na Baixada Campista, local onde moravam os pacientes que morreram.
“Neste período nós estivemos aqui na nossa cidade quatro casos de febre maculosa e duas mortes. É uma doença infecciosa causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, que acaba levando um quadro clínico muito semelhante às outras viroses ou arboviroses, como a dengue. Se não for feito o diagnóstico muito rápido, precocemente, a evolução é muito mais grave. O índice de mortalidade é muito grande. Nós tivemos milhares e milhares de casos de dengue e apenas dois óbitos na cidade, já da febre maculosa, em quatro casos tivemos dois óbitos e um está em investigação. No momento, a saúde está com o foco na Baixada Campista. Então é preciso que tenha atenção e seja dado esse alerta, porque temos ali um meio rural muito extenso, com muitas pessoas que convivem com os animais que são portadores de carrapatos, desde o cão, o gato, até os bovinos e equinos. Hoje, as capivaras estão crescendo de forma assustadora na cidade, levando a uma proliferação e, consequentemente, ela acaba transmitindo a doença”, contou Dr. Paulo Hirano.
Um terceiro caso que está em investigação é o óbito de um homem de 59 anos. Ele deu entrada na Unidade Pré-Hospitalar (UPH) de Farol de São Tomé, no dia 20 de junho, com falta de ar, febre, náuseas, vômito, entre outros sintomas. Transferido para o Hospital São José no mesmo dia, o quadro evoluiu para febre hemorrágica e o paciente foi a óbito no dia 21.
Rodrigo Carneiro explicou que desde 2021 a nossa região tem, anualmente, casos de febre maculosa por conta do trânsito de animais, principalmente, da capivara, que é o principal animal que leva o carrapato no ambiente.
“A febre maculosa é considerada potencialmente grave, porque a letalidade é muito maior. Quando as intervenções não são feitas, a letalidade chega a 90%. Precisamos conscientizar a população para se expor o mínimo possível aos carrapatos, além da atuação, claro, da nossa equipe de saúde no foco desses casos. A saúde de Campos vem atuando nas unidades escolares como principal local de disseminação da informação, reunimos os pais, professores e fazemos algumas apresentações, mostramos como a doença é transmitida e as principais formas de prevenção. Além disso, anualmente, fazemos a capacitação dos profissionais da saúde que estão atuando no município. A principal forma de prevenção é evitar o carrapato. As pessoas que fazem trilhas, pescadores, trabalhadores rurais, pecisaam que se conscientizar de que ao entrar em áreas de matas e pastos, há um risco de serem contaminadas. Imediatamente após a saída desses locais, devem verificar no corpo a presença de carrapatos e devem ser retirados o mais rápido possível”, disse Rodrigo.
O diretor da Vigilância em Saúde reforçou que nem todo humano picado pelo carrapato vai desenvolver a doença. Ele diz que sintomas parecidos com a dengue aparecerão.
“Vale destacar que não é o simples fato de serem picados pelo carrapato que as pessoas terão a febre maculosa, porque menos de 1% dos carrapatos estão infestados pela bactéria que causa a doença. Não é porque teve a picada que a pessoa está doente. Caso a pessoa desenvolva febre, dor no corpo, um quadro muito parecido com a dengue, histórico de contato com o carrapato, seja trabalhador rural, isso deve ser informado para o profissional da saúde para que o diagnóstico seja rápido. Nós pedimos que a população não demore para procurar o hospital, porque o sucesso do tratamento está ligado ao atendimento precoce”, contou Carneiro.
Rodrigo ainda explica como realizar a remoção do carrapato que estiver na pele. “Os carrapatos maiores devemos evitar apertar o corpo, porque senão ele vai regurgitar a bactéria para dentro do paciente, então, eles devem ser retirados com uma pinça, rente a pele e evitando apertar. Aqueles muito pequenos também devem ser retirados com o auxílio de uma pinça ou uma bucha, para que saia integralmente da pele”, finalizou.
O diretor do CCZ de Campos, Luciano Souza, contou que junto com a Vigilância em Saúde, o órgão esteve nesta quarta-feira em Goitacazes, local em que o menino de 13 anos morava, para mapear a área onde a vítima frequentava para serem feitas intervenções.
“Hoje estivemos no local onde a vítima de 13 anos frequentava e foi feito um trabalho de varredura de canto, como escola, residência, ambiente que ele brincava. Nós identificamos um campo de futebol e encontramos carrapatos. Isso não quer dizer que os que estavam ali estejam contaminados. Mas devemos destacar que a capivara é o principal hospedeiro dos carrapatos. Tem que se ter uma atenção redobrada para as pessoas que moram em áreas de mata. Na próxima semana, iremos fazer um trabalho de pulverização em Goitacazes, para que não aconteça registro de novas vítimas na região”, relatou Luciano.

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