
Adversários na política partidária local, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (sem partido), e o deputado estadual reeleito Rodrigo Bacellar (PL), atual secretário estadual de Governo, estiveram reunidos no último fim de semana, em um condomínio da cidade, na BR 356. Entre os assuntos, a eleição da Mesa Diretora da Câmara de Campos e o percentual de remanejamento no Orçamento da Prefeitura no próximo ano. Pode até ter sido um passo na pacificação da política campista, defendida há algum tempo, inclusive, pelo governador reeleito Cláudio Castro (PL), aliado de Wladimir e Rodrigo. No entanto, segundo fontes ligadas aos dois, não houve consenso nesse primeiro momento.
Pedidos para Mesa Diretora
O prefeito teria solicitado o auxílio do secretário estadual de Governo para que a presidência da Casa ficasse com o governo. Na eleição que não acabou no dia 15 de fevereiro, o irmão de Rodrigo, Marquinho Bacellar (SD), líder da oposição, chegou a ser declarado eleito presidente. Na sequência, a votação foi suspensa e anulada pela atual Mesa, presidida por Fábio Ribeiro (PSD), o candidato da base. O movimento abriu uma das maiores polêmicas na história do Legislativo goitacá, que se arrasta até hoje. Sem consenso com a oposição, Wladimir teria tentado uma composição, para que seus aliados integrassem a Mesa, mas a medida também não foi bem aceita pela oposição.

Oposição refuta composição
Se, por um lado, parece haver uma flexibilização da parte de Rodrigo — hoje nome mais cotado na imprensa carioca para assumir a presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) no próximo ano — ao pelo menos receber Wladimir para uma conversa, por outro, na própria Câmara, a oposição ainda resiste a qualquer aproximação ou composição com o grupo do prefeito. A insatisfação é sustentada pelo ressentimento. Sobretudo devido aos processos de perda de mandato dos 13 vereadores de oposição, que foram arquivados após a Justiça sinalizar que a decisão final seria pela maioria do plenário da Casa, não pela Mesa Diretora.
“Aceitar a derrota”
Líder da oposição, Marquinho acredita que o diálogo do irmão dele com o prefeito configura um avanço. No entanto, apesar de destacar que Rodrigo é o líder político do grupo, afirma que “a decisão sobre qualquer assunto referente à Câmara passa pelos 14 vereadores”. Para ele, é necessário seguir com a eleição anulada. “Quem busca entendimento e uma pacificação na Câmara, primeiro tem que aceitar a derrota na eleição de presidente (de 15 de fevereiro) e seguir a votação (da Mesa), respeitar nossas decisões”, afirmou Marquinho. Como mostrou a Folha (aqui) na edição do último sábado (5), a nova eleição da Câmara tem que acontecer até 15 de dezembro, daqui a 36 dias.
Chapa pronta
A oposição ainda acredita em uma virada no Judiciário, determinando a retomada da eleição de fevereiro. Até o momento, no entanto, a Justiça manteve a anulação, devido a um vício durante a votação — Nildo Cardoso (União), que encaminhou voto em Marquinho, não foi chamado nominalmente para participar da eleição. Independentemente de decisão jurídica, a nova eleição tem que acontecer. A oposição, pelo menos até o momento, mantém a chapa com Marquinho Bacellar presidente, Marquinho do Transporte (PDT) primeiro vice, Maicon Cruz (PSC) primeiro secretário, Abdu Neme (Avante) como segundo vice e Fred Machado (Cidadania), segundo secretário.

Orientação
A base, contudo, ainda aguarda um direcionamento do prefeito, que havia informado que “entraria de cabeça” nessa questão da Mesa após as eleições presidenciais. O nome de Fábio ainda é visto como possível candidato do grupo, mas não seria o único. Em recente entrevista ao Folha no Ar, Wladimir mesmo disse que “as pessoas conversam”. Nos corredores da Câmara, possíveis conversas do prefeito com vereadores são especuladas por assessores. Mas nada às claras. Já a oposição demonstra força, chega com a maior parte dos vereadores ao mesmo tempo, e se manteve reunida nessa terça-feira (8) para discutir outro ponto da conversa de Rodrigo e Wladimir: remanejamento.
Orçamento
Ainda que sem avanço em relação à Mesa, o governo pode ter esperança de uma flexibilização na questão do Orçamento para 2023. Como anunciado desde maio, a oposição apresentou emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), ainda não votada, para limitar o remanejamento em 5%. Não há um novo percentual fechado, mas a oposição já discute algo maior, de 10% a 20%. “Alguns colegas entendem que deveríamos flexibilizar, porém, com 30% ele (o prefeito) vem cometendo alguns erros com o dinheiro do povo, exageros, contratos muito altos, obras sem necessidade”, disse Marquinho. Wladimir e Rodrigo, procurados, não comentaram sobre o encontro entre eles.
Pouco tempo
Para além da polêmica envolvendo a questão da Mesa, o tempo é curto para muitas discussões na Câmara de Campos. Na sessão dessa terça, Fred Machado cobrou a convocação da eleição e que seja feita com 72 horas de antecedência, e que todas as regras estejam explícitas. Nem a LDO, com as emendas da oposição de 5% de remanejamento, foi pautada ainda. A Lei Orçamentária Anual (LOA) também precisa ser votada para encerrar as atividades do ano legislativo. Há ainda a possibilidade de votar a adequação do município à Reforma da Previdência, além da promessa de Fábio Ribeiro de pautar até o fim deste biênio as contas dos ex-prefeitos Rosinha Garotinho (hoje, União) e Rafael Diniz (Cidadania).
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Arnaldo Neto
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