Mudança de horário da sessão na Câmara fica para depois
A Câmara de Campos voltou cheia de impasses entre os grupos Garotinhos e os Bacellar, tanto que até mesmo a mudança de horários da sessão, como acontece tradicionalmente em ano eleitoral, virou motivo de polêmica. Na sessão desta quarta-feira (21), governistas reprovaram um requerimento da Mesa diretora pedindo urgência na tramitação do projeto de resolução que faria a alteração do horário das 17h para as 9h. Os vereadores da base não querem a mudança já em março e o vice-líder do governo, Juninho Virgílio (União), apresentou um requerimento com base no regimento interno da Câmara, que foi aprovado pelo seu grupo, para que a proposta seja votada depois de 14 sessões.
O líder do governo na Câmara, Álvaro Oliveira (PSD), reforçou que o mês de março não é ideal para estar começando a troca do horário. “Pedimos ao presidente, em forma de entendimento, que adiasse essa votação. E eles (oposição), mais uma vez, firmam pé e fazem birra. E aí puseram para votar em regime de urgência. Nós reprovamos o regime de urgência, mas se ele insistir, nós vamos pedir o adiamento da votação. Nossa proposta é sempre o diálogo. Pedimos, reiteramos o pedido, fomos à sala dele (o presidente Marquinho), solicitamos para tirar de pauta e mesmo assim ele insiste em fazer o que ele quer”, afirmou Álvaro.
Marquinho Bacellar utilizou a tribuna para rebater as declarações de Álvaro fazendo críticas ao líder de governo e o grupo dos Garotinho. Segundo o presidente, vereadores da própria base do prefeito foram a sua sala na terça antes da sessão e pediram a alteração para de manhã.
— Vereadores que tiveram na minha sala, e hoje votaram contra. Não sei por que mudaram de opinião em um dia, todo ano eleitoral a gente muda (a sessão de horário). Eu antecipei... abril, maio, março, que diferença faz de um mês? Gente, aí, quem está fazendo birra é a gente? Tramitou ontem, todos viram a tramitação, todos ouviram, todos receberam o projeto, por que não questionaram ontem? Questionaram hoje às 4h40 da tarde, pegando todos nós de surpresas da oposição. Falamos: gente não existe isso por causa de um mês, vocês querem birra. Sabe qual foi o discurso deles? ‘Vocês estão armando alguma coisa com isso’ — disse Marquinho se mostrando indignado com a desconfiança, que, segundo ele, é reflexo do comportamento do grupo dos Garotinhos de: “enganar, trair, espetar pelas costas”, completou.
A expectativa nessa terça era que a proposta apresentada pela Mesa Diretora fosse votada e aprovada nesta quarta sem impedimentos tanto por parte dos Garotinhos, como dos Bacellar. A ideia era de que com a aprovação do regime de urgência fossem acontecer duas sessões sequenciais nesta quarta com a votação do projeto em turno único e depois passaria pela redação final em uma segunda sessão, que acabou não acontecendo.
A mudança de horário no Legislativo campista é natural em ano eleitoral, já que os vereadores aproveitam o período da tarde e noite para se dedicarem as suas campanhas na tentativa de reeleição. Em 2022, por exemplo, apesar de ser uma disputa para deputados, muitos parlamentares municipais se envolvem diretamente em campanhas próprias ou de aliados. Da última vez, as sessões mudaram das 17h para as 10h. Caso fosse aprovada nesta quarta, a mudança da sessão para as 9h já valeria na próxima terça-feira.
Outros assuntos causaram embates na sessão como o resgate do impasse da Lei Orçamentária Anual, que politicamente não foi superado, e a CPI da Educação, que vereadores da base alegam estar ilegal por não ter tido a sua prorrogação levada à votação no plenário, após o fim do último ano legislativo.