Prefeitura publica portaria que proíbe circulação de veículos de carga em algumas ruas
Ingrid Silva 30/08/2024 18:34 - Atualizado em 30/08/2024 18:37
Caminhões na Arthur Bernardes
Caminhões na Arthur Bernardes / Foto: Rodrigo Silveira
A Prefeitura de Campos publicou uma portaria nesta sexta-feira (30) proibindo o tráfego de veículos de carga rígidos ou articulados com mais de quatro eixos nas vias sob administração municipal a partir de domingo (1º). Veículos com mais de quatro eixos que transportam cargas para o Porto do Açu devem seguir um itinerário específico pelas BR 356, BR 101, RJ 216 e RJ 238. A fiscalização será intensificada para garantir o cumprimento da nova regra, com aplicação de multas para os infratores.
A medida foi anunciada pelo prefeito Wladimir Garotinho em suas redes sociais na última segunda-feira (26), após o registro de mais um acidente fatal na avenida Arthur Bernardes, na noite do último sábado (24). Caminhões vêm utilizando a avenida como rota alternativa por conta da interdição da Estrada dos Ceramistas, para obras há cerca de oito meses.
Divulgação
Na quarta-feira (28), o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informou que retomou as obras de recuperação da Estrada dos Ceramistas, na RJ 238, em Campos. De acordo com o órgão, as intervenções realizadas pela Construtora Avenida, que assinou o contrato no último dia 20 de agosto, começaram nessa terça (27). O local estava interditado há cerca de oito meses, mas as obras estavam paradas, o que concentrava um maior número de veículos de grande porte na área urbana. Agora, o trânsito segue em meia pista na via.
Segundo o DER, os trabalhos no local incluem o reforço de toda a estrutura da pista, numa extensão de 12 quilômetros, incluindo a sub-base, base e o revestimento asfáltico, além da drenagem e sinalização. A previsão é que as obras de recuperação da Estrada dos Ceramistas sejam concluídas no prazo de oito meses. Além das intervenções na RJ 238, o DER também trabalha na construção da Ponte da Integração, que liga Campos, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana, vai encurtar a distância entre os municípios e contribuir para o desenvolvimento econômico da região.
Com investimento de R$ 57,9 milhões, a nova estrada que está sendo preparada visa atender às demandas de volume e peso que o porto exige, garantindo com isso o desenvolvimento da região não apenas com a movimentação do porto, mas com o turismo no Açu. A ligação entre a BR 101, em Ururaí, e o Porto do Açu será um grande alívio para as cidades de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, explicou o presidente do DER-RJ, Pedro Ramos.
— As obras executadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) representam um avanço significativo para a região. A nova rota vai atender a movimentação de cargas no local, criando um caminho rápido e seguro, que também vai desafogar o tráfego pesado de Campos e São João da Barra — reforçou Pedro Ramos.
O instrutor de trânsito do Sest Senat, Eduardo Lugão, falou sobre a necessidade de ter as rotas alternativas, como a Estrada dos Ceramistas, para evitar que veículos pesados circulem em vias de grande movimento, já que existe o risco de acidentes.
Instrutor de trânsito do Sest Senat, Eduardo Lugão
Instrutor de trânsito do Sest Senat, Eduardo Lugão / Ingrid Silva


“O ideal é que, em cidades que são margeadas por rodovia, elas tenham rotas alternativas, rodovias do contorno, por exemplo, que tiram o fluxo dos grandes veículos do centro urbano, porque isso se torna muito perigoso. Um veículo de quatro eixos para cima já é de grande porte, então tem muito ponto cego. É muito difícil um motorista, mesmo que treinado, visualizar uma bicicleta que se coloca numa posição em que o espelho retrovisor dele não abrange”, disse Lugão.
O especialista ainda disse que o município é quem tem total autonomia para determinar circulação, o sentido dela, ponto de parada e estacionamento, como determina o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), máximo no Sistema de trânsito do Brasil. No entanto, ele deixou claro que não adianta apenas proibir.

“Outro ponto que seria ideal em grandes centros urbanos é que exista uma área logística que possa fazer a distribuição, visando sempre a mobilidade urbana. Grandes caminhões entregariam essas cargas nesse centro de distribuição logística e pequenos veículos, de um, dois eixos. O que eles fariam? Eles iam distribuir por todo o comércio. A gente precisa entender que o comércio precisa ser abastecido. Não adianta só proibir. Nós temos que criar meios para que a população possa ser atendida, porque senão isso vai afetar diretamente a economia”, explicou o instrutor.

Sobre a proibição de veículos pesados na área urbana, o prefeito Wladimir Garotinho chegou a dizer que a medida foi tomada por conta da falta de informações do Departamento de Estradas e Rodagens (DER) e pelo aumento no número de acidentes.
"Estamos tomando essas medidas porque não aguentamos mais solicitar informações junto ao DER sobre a Estrada dos Ceramistas. Não queremos atrapalhar o desenvolvimento da região e nem atrapalhar as carretas que vão para o Porto do Açu. Estamos sendo, até aqui, pacientes, mas estamos sem respostas. A obra está parada há oito meses. Então, estamos dando esse prazo de uma semana, a partir de 1º de setembro, estará proibido pela Prefeitura e a Guarda Municipal, com a ajuda do IMTT, que farão barreiras de contenção para impedir que carretas trafeguem pelo centro de Campos, pela Arthur Bernardes e pela avenida 28 de Março. Estamos tendo muitos acidentes, inclusive um agora nesse final de semana em que a ciclista Michelle foi atingida por uma dessas carretas e veio a falecer na hora", disse o prefeito.
Segundo a Polícia Civil, o condutor do caminhão que atropelou Michelle foi levado para a 134ª DP, no Centro, mas não ficou preso. As investigações apontaram que ele não viu a ciclista no momento do acidente. Ainda de acordo com a Civil, ele vai responder por homicídio culposo na direção de veículo automotor.

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