Campos registra 15 acidentes em pouco mais de uma semana de agosto
Ingrid Silva - Atualizado em 10/08/2024 08:33
Moto debaixo do caminhão após acidente
Moto debaixo do caminhão após acidente / Rafael Khenaifes
Em pouco mais de uma semana do início de agosto, foram registrados mais de 15 acidentes de trânsito nos municípios de São Francisco de Itabapoana e Campos pela Folha da Manhã até essa sexta-feira (9), sendo 15 deles em Campos. Do total entre os dois municípios, cinco pessoas morreram. De acordo com dados do Hospital Ferreira Machado, um aumento de 240 acidentes aconteceu no período de um ano, em comparação com 2023. Os números são maiores entre motociclistas em que, durante todos os sete primeiros meses dos dois anos, mais de 200 casos foram registrados pela unidade hospitalar.
Neste ano, até julho, foram 3.567 casos que envolvem tanto atropelamento quanto colisões ciclísticas, motociclísticas e automobilísticas, enquanto no ano passado foram 3.327 pacientes vítimas destes traumas que deram entrada no HFM. Um dos casos que chamou a atenção durante esta semana em Campos foi o de um motociclista que teria sido arrastado por um caminhão na ponte Alair Ferreira e, em seguida, caiu no rio Paraíba do Sul, e sua moto ficou embaixo do outro veículo. O caso aconteceu no final da manhã dessa sexta-feira (9). De acordo com o Corpo de Bombeiros, a vítima teve apenas ferimentos leves e foi encaminhado para o HFM, onde passou por exames, e seguiu em observação, estável, lúcido e orientado.
Sendo o terceiro acidente registrado somente na sexta-feira (9), um homem de 27 anos ficou gravemente ferido após um acidente envolvendo um caminhão e uma motocicleta, na estrada da Usina São João, próximo ao assentamento do Zumbi, em Campos. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, a vítima, que estaria na moto, foi socorrida em estado grave para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde segue internado.
Segundo o especialista em trânsito, Renato Siqueira, é perceptível o agravamento da situação após mudanças sensíveis feitas, como o Corredor Norte-Sul e a implantação de sistema de moduladores de sincronismo dos semáforos, além de falta de regulação por dispositivos de controle de velocidade, seja eletrônico, sinalização ou obstáculo sobre a via. Juntando os elementos, o especialista entende que compõe um ambiente propício aos acidentes.

“Tenho percebido a situação se agravar em Campos (...) Depois disto (Corredor Norte-Sul), houve a implantação de sistemas de moduladores de sincronismo dos semáforos, que permitiu aumento da fluidez. Ambos os procedimentos não foram regulados por dispositivos de controle de velocidade, seja eletrônico, seja de sinalização, seja de obstáculo sobre a via. Soma-se a isto o asfaltamento de várias ruas e avenidas, com pista muito favorável à velocidade, algumas sem sequer estarem com as faixas de rolamento demarcadas. Foi o caso da Avenida 28 de Marco e, é o da Rua Gil de Góis. Todos estes elementos se combinam em um favorecimento da velocidade para os automóveis, que, sem a contrapartida da sinalização correta, ainda, sem os dispositivos inibidores de avanço dos semáforos, compõem um ambiente muito propício aos acidentes. O que de fato se confirmou e se confirma pelo acréscimo, que inclui mortes”, explica.

Uma das últimas mortes registradas em Campos foi a de um homem, que teria sido atropelado na última quarta-feira (7), na BR 101, na área de Travessão, segundo a concessionária Arteris Fluminense, que administra a rodovia. O veículo envolvido no acidente ainda não foi identificado. O caso segue sendo investigado pela 146ª Delegacia de Polícia. Segundo a Polícia Civil, o agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que atendeu ao chamado informou que no local não haviam marcas de freio do possível veículo envolvido no acidente e não encontrou nenhum sinal de ponto de colisão.

Também na BR 101, próximo a Tapera, em Campos, um motociclista ficou gravemente ferido na manhã do mesmo dia ao colidir com um carro. De acordo com o HFM, ele passou por cirurgia, está estável e lúcido, mas ainda em observação. De acordo com a Arteris Fluminense, houve um registro aumento de 13% no número de acidentes no segmento da rodovia entre Campos e o acesso para Macaé no Trevo dos 40 em 2024, mas houve redução de 7,6% em acidente com fatalidades neste segmento.

A concessionária, ao trazer à tona obras, pavimentação, manutenção e operação feitas, assim como a duplicação da BR 101 entre o trecho urbano de Campos, informou também que “reforça seu compromisso com a segurança dos usuários e mantém investimentos perenes em educação para o trânsito e implemento de dispositivos de segurança”.

“A imprudência e a falta de atenção dos motoristas são as principais causas de acidentes em todo o trecho, portanto, a concessionária reforça ao longo de todos os anos a conscientização dos usuários com campanhas educativas, como a orientação sobre o uso do cinto de segurança, manutenção preventiva e medidas de prevenção de sonolência e desatenção (...) A Arteris também apoia ações de fiscalização promovidas pela Polícia Rodoviária Federal e Agência Nacional de Transportes Terrestres e segue trabalhando para oferecer rodovias que garantem maior fluidez no tráfego de veículos e cada vez mais seguras aos usuários”, diz a nota da Arteris. 

Outra morte registrada foi do idoso Alair Siqueira dos Santos, também motociclista, que sofreu ferimentos graves devido a uma colisão com um carro na última sexta-feira (2). Ele ficou seis dias internado no HFM, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu na manhã dessa quinta-feira (8). Já na manhã dessa sexta (9), além do caso na ponte, outro motociclista chegou a se ferir, levemente, após acidente no Jardim Carioca, em Guarus, mas causa não foi informada.

Renato Siqueira, especialista em trânsito, falou ainda sobre a situação da prioridade dos meios não motorizados, como as bicicletas, por exemplo.
“O que se percebe contrária o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, lei de 2022, que define prioridade aos meios não motorizados, como pedestre e ciclista. Diante do incremento de condições favoráveis para que o automóvel, meio motorizado, imprima velocidade, em alguns casos superior à regulamentada pelo CTB, ficam muito prejudicados e vulneráveis os meios não motorizados que, por lei, deveriam ter prioridade em fluxo e em segurança”, disse, complementando que, se as diretrizes do Plano forem adotadas e aumento em campanhas educativas, o caso pode melhorar no município.
A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Campos sobre as considerações do especialista e também com a PRF, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta. (I.S.)

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