Passados três meses da enchente em Santo Eduardo, ribeirão que inundou ainda não foi limpo
“A Defesa Civil ainda não fez nenhuma ação para tirar galhos, entulhos e árvores. Tudo isso não foi feito antes e agravou a situação da enchente. Não existe uma limpeza periódica há anos no Ribeirão Santo Eduardo. E agora, após enchente, a situação continua do jeito que ficou”, disse o morador.
No distrito, cerca de três mil pessoas foram atingidas pelo temporal que alagou e inundou ruas e casas, causando prejuízos. Além de Santo Eduardo, as chuvas de março ainda causaram transtornos para moradores de 36 localidades. A possibilidade de chuva forte, que se confirmou de forma muito forte entre os dias 23 e 23 de março, foi anunciada pelos órgãos federais e estaduais durante os dias anteriores de modo bem genérico para regiões de três estados do Sudeste, entre eles o estado do Rio de Janeiro. Foram mais de 240mm/cm² de chuva, volume histórico que supera o de precipitação para um mês inteiro.
De acordo com dados do Observatório dos Desastres Ambientais do Norte Fluminense (ODAm), o distrito do extremo norte de Campos, situado na divisa com o estado do Espírito Santo, apresenta um histórico expressivo de perdas, danos e demandas não atendidas que aprofundam os impactos das chuvas. A pesquisa realizada na localidade entre 2020 e 2023, envolvendo levantamento de dados, aplicação de questionários e entrevistas com a população, mostra que houve inundações nos anos de 1975, 1985, 1997, 2005, 2006, 2009 e 2023.
O ambientalista ainda ressalta que as mudanças climáticas, que estão cada vez mais evidentes e em discussão, reforçam a necessidade de implantação de novo modelo de cidade
Durante a madrugada e nas primeiras horas da manhã do dia 23 de março, um sábado, o fotógrafo Lenilson Werneck acordou e viu o seu estabelecimento de fotografia tomado pela água da enchente que atingiu o distrito de Santo Eduardo, em Campos. O local foi o mais afetado pelas fortes chuvas do final daquele mês no município. Lenilson conta que perdeu a mobília da loja, porta-retratos, álbuns e cerca de 800 fotos reveladas de clientes.
Passados três meses do ocorrido, o morador diz que o Ribeirão Santo Eduardo, que vem sofrendo com o assoreamento e transbordou em função do grande volume de chuva, não foi limpo. Ele teme um novo episódio de destruição com a falta de manutenção.
Passados três meses do ocorrido, o morador diz que o Ribeirão Santo Eduardo, que vem sofrendo com o assoreamento e transbordou em função do grande volume de chuva, não foi limpo. Ele teme um novo episódio de destruição com a falta de manutenção.
“A Defesa Civil ainda não fez nenhuma ação para tirar galhos, entulhos e árvores. Tudo isso não foi feito antes e agravou a situação da enchente. Não existe uma limpeza periódica há anos no Ribeirão Santo Eduardo. E agora, após enchente, a situação continua do jeito que ficou”, disse o morador.
No distrito, cerca de três mil pessoas foram atingidas pelo temporal que alagou e inundou ruas e casas, causando prejuízos. Além de Santo Eduardo, as chuvas de março ainda causaram transtornos para moradores de 36 localidades. A possibilidade de chuva forte, que se confirmou de forma muito forte entre os dias 23 e 23 de março, foi anunciada pelos órgãos federais e estaduais durante os dias anteriores de modo bem genérico para regiões de três estados do Sudeste, entre eles o estado do Rio de Janeiro. Foram mais de 240mm/cm² de chuva, volume histórico que supera o de precipitação para um mês inteiro.
De acordo com dados do Observatório dos Desastres Ambientais do Norte Fluminense (ODAm), o distrito do extremo norte de Campos, situado na divisa com o estado do Espírito Santo, apresenta um histórico expressivo de perdas, danos e demandas não atendidas que aprofundam os impactos das chuvas. A pesquisa realizada na localidade entre 2020 e 2023, envolvendo levantamento de dados, aplicação de questionários e entrevistas com a população, mostra que houve inundações nos anos de 1975, 1985, 1997, 2005, 2006, 2009 e 2023.
Nessa pesquisa, a população reconheceu a relação entre as inundações e problemas como a falta ou insuficiência de infraestrutura de saneamento ambiental (esgoto, drenagem, destinação de resíduos sólidos), assoreamento do ribeirão Santo Eduardo, dentre outros, como as chuvas e vendavais extremos em curto espaço de tempo. Além disso, a comunidade atribuiu responsabilidades sobre a ocorrência dos desastres, em primeiro lugar, à ausência de atuação do poder público, em seguida às causas naturais e, em terceiro lugar, às ações da população local.
De acordo com o ambientalista Arthur Soffiati, casos como o de Santo Eduardo, sendo uma localidade que possui um ribeirão assoreado, aconteceram em função da cidade ter sido desenvolvida em pontos improvisados, como às margens dos rios.
"As medidas que devem ser tomadas levam muito tempo, porque nós construímos cidades em lugares bastante impróprios, como encostas de morros e margens de rios. Então não é fácil mudar essa configuração da noite para o dia. Eu diria que é necessário começar a fazer essa mudança, criando faixa de proteção ao longo das margens dos rios, com arborização, para evitar erosão e transbordamento. E para que caso ocorram transbordamentos, eles não atinjam as casas. Além disso, uma solução é evitar a construção de casas em encostas de morro e escolher locais que sejam mais seguros, sobretudo para as pessoas pobres”, explicou o Soffiati.
"As medidas que devem ser tomadas levam muito tempo, porque nós construímos cidades em lugares bastante impróprios, como encostas de morros e margens de rios. Então não é fácil mudar essa configuração da noite para o dia. Eu diria que é necessário começar a fazer essa mudança, criando faixa de proteção ao longo das margens dos rios, com arborização, para evitar erosão e transbordamento. E para que caso ocorram transbordamentos, eles não atinjam as casas. Além disso, uma solução é evitar a construção de casas em encostas de morro e escolher locais que sejam mais seguros, sobretudo para as pessoas pobres”, explicou o Soffiati.
O ambientalista ainda ressalta que as mudanças climáticas, que estão cada vez mais evidentes e em discussão, reforçam a necessidade de implantação de novo modelo de cidade
“Nós temos que inventar uma cidade para o nosso tempo, desde a pequena a maior de todas, porque as cidades que nós temos foram concedidas numa época em que essas mudanças climáticas não se manifestavam. Agora nós produzimos mudanças no clima e precisamos mudar também a cidade”, finalizou.
Sobre a situação do ribeirão Santo Eduardo, o secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca, Almy Júnior, afirmou que mandará equipe ao local para avaliação.
Já a Prefeitura disse que medidas preventivas realizadas pela Secretaria de Obras e Infraestrutura, em ações conjuntas com outras secretarias operacionais, como Defesa Civil, Serviços Públicos, Agricultura, Pecuária e Pesca, Limpeza Pública, entre outras, foram e são imprescindíveis para enfrentar a tempestade com repentinas inundações e minimizar os danos e até mesmo mortes.
O município ainda informou que homens e máquinas atuaram imediatamente ao desastre causado pelo fenômeno da natureza, com presteza no socorro aos atingidos, bem como nas desobstrução dos sistemas de drenagem e remoção de entulhos das ruas e estradas, além de corte e retirada de galhos quebrados e adernados que implicam em riscos de obstruções e acidentes nas vias públicas.
“Passados os dias críticos, a Secretaria de Obras e Infraestrutura atuou na reconstrução dos bueiros (caixas de ralo de coleta de águas das chuvas), reparos das galerias e retificação com aumento da capacidade de absorção de águas de trechos de galerias e canaletas de drenagem com estas medidas preventivas, tanto nas ruas no perímetro urbano como nas estradas, no perímetro rural dos distritos de Santo Eduardo, Conselheiro Josino e Morro do Coco”, disse a Prefeitura em nota.