Deam: 393 registros em um mês
Ingrid Silva 18/05/2024 10:46 - Atualizado em 18/05/2024 10:47
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam)
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) / Antônio Leudo
Os casos de violência contra a mulher, de diversos tipos, estão cada vez mais recorrentes e isso acontece também em Campos. Em um mês à frente da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), a delegada Juliana Buchas contabiliza 393 registros de ocorrências. Desses registros informados pela Deam, do dia 1º de abril até a última segunda-feira (13), 47 autos de prisão em flagrante foram realizados e 10 mandados de prisão foram cumpridos. Além disso, dois casos de estupro e dois de assédio sexual contra menores de idade estão sendo investigados pela delegacia.
Na última semana, de quarta até sexta-feira (17), mais duas prisões foram realizadas pela Deam. Os dois homens que foram presos entre quarta (15) e quinta-feira (16) teriam descumprido medidas protetivas abertas pelas ex-companheiras e possuíam mandados de prisão contra eles. No dia 15, a prisão aconteceu na comunidade de Madureira, em Guarus, logo após o acusado ter agredido a vítima com socos e ofendê-la. Na quinta-feira (16), no distrito de Travessão, o homem ameaçava matar a ex-companheira frequentemente e tentou invadir a casa dela. Os dois foram encaminhados para o presídio.
  • Preso por ameaçar a ex-companheira

    Preso por ameaçar a ex-companheira

  • Preso por agressão contra mulher

    Preso por agressão contra mulher

A delegada titular da Deam, Juliana Buchas, falou sobre o aumento no número de prisões e registros de ocorrências realizadas pela delegacia, além do encorajamento das mulheres. 
Delegada Juliana Buchas, titular da Deam Campos
Delegada Juliana Buchas, titular da Deam Campos / Foto: Rodrigo Silveira
“Atualmente, nós temos observado um aumento no número de registros de ocorrência, também no número de prisões, envolvendo situações de violência doméstica contra a mulher. Muito desse aumento se deve ao encorajamento e a informação que essas mulheres vêm recebendo. Com muita informação chegando a essas mulheres no sentido de identificar se aquele relacionamento está inserido num contexto de violência, é natural que com a informação e também com a coragem ao ver autores sendo presos por práticas de crimes semelhantes, elas tendem a procurar a delegacia com mais frequência, elas tendem a acreditar no sistema de justiça, acreditar que vai existir uma consequência para aquele crime do qual elas foram vítimas. Então, o nosso objetivo aumentando o número de prisões é também fazer com que mais mulheres denunciem, com que mais mulheres não se calem diante de uma violência sofrida e nós vamos sempre enveredar todos os esforços necessários no sentido de dar uma resposta rápida a essas vítimas de violência”, explicou. (I.S.)

Diante desses frequentes casos de violência contra o gênero feminino, é preciso um trabalho para além de prisões para que seja possível oferecer um apoio para essas vítimas, assim como um trabalho de educação sexual para as jovens. Na última terça-feira (14), a delegada da Deam ministrou uma palestra na escola municipal Maria Lúcia, no Turfe Clube, buscando falar sobre a prevenção do abuso sexual infantil. E, na Prefeitura de Campos, diversas redes de apoio e equipamentos são oferecidas para essas vítimas, como por exemplo, o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam – Mercedes Baptista).
Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) Mercedes Baptista
Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) Mercedes Baptista / César Ferreira


De acordo com a Prefeitura, o Centro faz parte da Subsecretaria de Políticas para Mulheres e é composto por uma equipe multidisciplinar. “A atuação da Subsecretaria e Ceam conta com atendimento que prioriza a escuta ativa, busca evitar novos traumas e se concentram sistematicamente na segurança, bem-estar e direitos da mulher vítima de violência, para que elas possam alcançar a realização de um projeto de vida autônomo e livre de qualquer tipo de violência”, diz a nota.
Dentre as políticas públicas pensadas pela pasta para além do Ceam, também existe um fluxo de atendimento junto à Defensoria Pública e Deam para que mulheres não sejam revitimizadas, além de cursos de capacitação em parceria com IFF e Faetec com o objetivo de ajudar vítima a conquistar uma autonomia financeira e se reinserir no mercado de trabalho, para que seja possível sair da dependência econômica do agressor.

Também são oferecidos pela Prefeitura: grupo reflexivo mensal para essas mulheres; elaboração de currículo e aproximação junto aos órgãos de RH e CDL para melhor colocação delas no mercado de trabalho; criação da Sala Lilás (junto ao IML) com o intuito de garantir um atendimento humanizado à mulher vítima de violência doméstica, com espaço particular e equipe multidisciplinar. A criação da lei municipal que instituiu o Protocolo Mulher Segura para bares e restaurantes protegerem a mulher em situação de violência e proposta de lei que cria a ronda Maria da Penha também são propostas pensadas pela subsecretaria.
Além da Prefeitura e todo o trabalho que tem realizado para com essas mulheres, ainda existem os coletivos, organizações não-governamentais, como o Nós Por Nós e Grupo Mulheres do Brasil de Campos, que buscam trazer informação, defesa e apoio às vítimas. (I.S)









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