Após abraço ao estádio do Goytacaz, torcedores vão à Câmara Municipal
Os torcedores do Goytacaz Futebol Clube após o abraço ao Estádio Ary de Oliveira e Souza, no sábado (8), pretendem manter a mobilização. Eles já anunciam que estarão na Câmara Municipal de Campos, no próximo dia 18, quando deve entrar na pauta o Projeto de Lei que proíbe a edificação (construção) em campo de futebol no município. No momento, a polêmica relacionada ao leilão da sede do clube joga torcedores contra a diretoria do time. De certa forma, mais uma vez, o patrimônio histórico de Campos está ameaçado.
Na manhã de sábado, a Rua dos Goytacazes (do Gás) ficou interditada entre a Saldanha Marinho e a Tenente Coronel Cardoso, para o abraço amoroso e a passagem de um trio. Os torcedores, de azul e branco, fizeram a manifestação e todos dizem que estão inconformados com a possibilidade de perder a casa do time, além de preocupados com o futuro do clube que está com as atividades em campo paralisadas por uma decisão da diretoria.
O campo do Alvianil está alocado no processo movido por um ex-goleiro do time. O valor determinado pela justiça é de R$ 51.704.531,13, com possibilidade de redução no decorrer do chamados público.
Torcedor famoso, o ator Tonico Pereira comentou sobre o atual momento em que vive o Goytacaz, seu time do coração. "Estou envergonhado. Como uma cidade que leva o nome de Campos dos Goytacazes deixa que levem, ou proporciona, que o campo do Goytacaz seja leiloado? Eu nasci em Campos. O meu maior orgulho é saber que os goitacazes (indígenas) habitavam aquela área com bravura...Eu estou péssimo. Muito. É muito difícil conviver com esse tipo de acontecimento, que trai a própria história", disse.
Até torcedores fervorosos do Americano se manifestam. "Precisamos ajudar para manter o nosso Goytacaz firme e forte. Um pouco de cada um fará um monte. Sou torcedor do Americano, mas sou campista e torço para os dois, exceto quando disputam", comentou o corretor Beto Braga.
O evento foi organizado por torcedores insatisfeitos com a atual diretoria, em uma demonstração de amor pelo clube, para exigir mudanças na gestão. A decisão da diretoria de afastar o clube de todas as atividades do futebol, da base ao profissional, levou o clube ao rebaixamento para a Série B2 (quarta divisão).
Em nota, a instituição do evento disse: “Este ato é organizado por torcedores amplamente insatisfeitos com a atual diretoria, cujas atitudes têm gerado caos e insatisfação entre todos nós. Nos últimos anos, temos assistido perplexos aos ataques públicos da atual diretoria a torcedores, imprensa, jogadores, comerciantes, empresários, árbitros e profissionais da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FFERJ), o que lamentavelmente têm ocorrido através das redes sociais oficiais do clube, manchando a imagem do nosso Goytacaz e culminando em uma série de consequências desastrosas”.
A Associação de Imprensa Campista (AIC) divulgou uma nota falando sobre a crise do futebol na cidade e apoiando a manifestação dos torcedores.“A AIC apoia esta mobilização e ressalta a importância de lutar não só pelos patrimônios históricos e culturais dos clubes de futebol de Campos, bem como debater a questão da nova profissionalização do futebol no município”, disse em nota que explica que é para não deixar acontecer o que se sucedeu com o estádio Godofredo Cruz do Americano, localizado na Avenida 28 de Março.
Triste História - Campos é reconhecida pelos seus quatro clubes profissinais centenários: o Americano, o Goytacaz, o Campos e o Rio Branco. O Americano teve em 2014, seu histórico estádio Godofredo Cruz demolido. O Rio Branco vendeu seu campo na Sete de Setembro, na década de 70, e recentemente perdeu parte da sua nova sede no Parque Calabouço. Já o Campos chegou a ficar 25 anos inativo, retornou em 2015, mas atualmente esta na quinta divisão estadual e com um campo precário.