Setor imobiliário em Campos retoma após 10 anos de turbulência econômica e pandemia
Dora Paula Paes - Atualizado em 02/03/2024 08:27
Censo 2022 mostra potencial de crescimento vertical
Censo 2022 mostra potencial de crescimento vertical / Rodrigo Silveira
Entre os anos 2000 e 2014, o município de Campos passou pelo crescimento acelerado do mercado imobiliário. Depois deste período, o mergulho foi em crise econômica e pandemia. Neste momento, com a passagem de tempo de 10 anos, o setor começa a retomar de forma gradativa e anima, de forma positiva, os principais atores. A reação vem seguida de demanda. Inacreditavelmente, a pandemia da Covid-19 imprimiu novo desejo no investidor campista, no caso, a opção por imóveis horizontais. A maior demanda fica para as residências de alto padrão, com negócios na casa dos R$ 3 milhões.
Na última quinta-feira (29), o tema foi abordado no programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3. O sócio diretor da Ideal Negócios Imobiliários, Fernando Almeida Abreu, responsável por grandes lançamentos no setor, e o empresário, diretor financeiro e blogueiro da Folha, Christiano Abreu Barbosa, bateram "uma bola" sobre a nova realidade, na cidade.

Christiano apresentou dados do IBGE, com base no Censo de 2022, sobre o panorama. Em um deles, o IBGE mostra qual é o ranking do município entre as cidades mais verticais do País. Campos, com 483.540 habitantes, aparece em 281º lugar, com 11,28% da população morando em prédios. Inclusive, fica atrás de municípios como Macaé, Rio das Ostras e Itaperuna. O setor considera esse percentual baixo; em áreas nobres, exemplo, imediações do Parque Tamandaré, existem muito espaço para expansão vertical.
Fernando Abreu reforça que o momento é de retomada. A procura de espaço por gigantes do setor comercial, a influência do Porto do Açu e o bom momento econômico do município são fatores atrelados.
- A gente teve a crise de 2014 que perdurou por muito tempo, mas, por incrível que pareça, quando veio a pandemia o mercado já deu uma retomada. Só mudou um pouco de foco. Com a pandemia, as pessoas começaram a pensar em bem-estar e espaço verde. A procura por condomínio e residências horizontais foi gigantesca. Movimentou o mercado, não tanto de lançamentos, mas de condomínios prontos, lançados no final do boom, que ficaram prontos no meio da recessão, antes do início da crise de 2014. Os condomínios horizontais decolaram em Donana, Alphaville, na saída para o Porto pela BR 356 e no Parque Rodoviário. O período virou a chave na preferência do consumidor - explica Fernando.
Apresentação do novo condomínio horizontal na BR 356
Apresentação do novo condomínio horizontal na BR 356 / Rodrigo Silveira

No raio-x do mercado campista de oferta e procura, Fernando e Christiano falaram de loteamentos e condomínios em expansão nas praias de São João da Barra, da procura por espaço em Guarus, principalmente, pelo setor comercial, e de empreendimentos de alto padrão e sofisticação, além dos imóveis tecnológicos. "Hoje, são dois prédios e o condomínio no trevo da praia, os mais modernos", atesta Fernando. O condomínio, ao qual ele se refere, trata-se do empreendimento da ABMais, que vai ficar na área de outros três existentes a caminho do Porto do Açu, na BR 356.

Para quem procura imóvel e locais, a conversa deixou dicas importantes. A expansão da área da Avenida Doutor Beda, com um polo gastronômico e se transformando em área comercial, é uma delas. Apartamentos de dois andares, no momento, estão perdendo mercado. Ainda há espaço para construção de espaços molls abertos - que são menores que os shoppings tradicionais.

"Rede hoteleira está no ponto. Se colocar mais 200 leitos pode dar prejuízo. Salas comerciais ainda têm certa vacancia e tem um prédio que vai entrar no mercado. Tirando a questão do Centro, que as pessoas não querem, serão 200 salas, creio que não tem demanda hoje para um novo lançamento", frisou Fernando.
Sobre o área do Centro antigo, o especialista em mercado imobiliário destaca que a situação reflete o ocorre em outras cidades pelo país. "É uma pena, uma triste realidade e, hoje, tem algumas cidades que estão conseguindo revitalizar o Centro. Torcemos para que ocorra algo parecido em Campos. O que vemos é que todos os bairros cresceram e todos têm seus próprios centros. O Retrofit (projeto que o governo municipal tenta estimular o repovoamento), é caro e ainda não saiu do papel", disse.

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