A ligação de Euclides da Cunha com cachaça de São Fidélis
Dora Paula Paes - Atualizado em 24/12/2024 08:31
O Solar dos Garcez, inexistente desde 1978, símbolo da relação do escritor Euclides da Cunha com o município de São Fidélis, agora, mais de 45 anos após desabar, o histórico casarão foi lembrado no rótulo de uma cachaça artesanal, nomeada como Fazenda São Joaquim em alusão às terras onde o solar, na região da localidade de Valão dos Milagres. Essa ligação foi divulgada recentemente no Blog do Matheus Berriel, na Folha1.
Foi neste casarão, que o autor de “Os Sertões” viveu alguns anos da infância, recebendo da tia Laura Moreira Garcez parte da sua criação.
Partiu do empresário Flavio Berriel a ideia de homenagear o Solar dos Garcez e a Fazenda São Joaquim. Flavio é neto e sobrinho-neto dos últimos donos da fazenda enquanto o casarão ainda existia.
Não foi Flavio quem produziu a cachaça, comprada de um vendedor da localidade de Boa Esperança, também em São Fidélis. Porém, partiu dele o processo de maturação, armazenando a bebida em barris de carvalho francês.
O processo de envelhecimento durou cerca de um ano, numa temperatura em torno de 20ºC, sendo realizado tanto nas terras da família, em Valão dos Milagres, quanto na cidade de Niterói, onde mora o empresário.
Segundo Flavio, sua cachaça artesanal possui 38% de teor alcóolico. As primeiras remessas estão sendo destinadas apenas a familiares e amigos, mas em breve a bebida também deve ser comercializada.
História — Natural de Cantagalo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, Euclides da Cunha foi levado para São Fidélis após duas perdas familiares. A primeira foi a de Eudóxia Moreira da Cunha, mãe do escritor, que na época tinha apenas três anos. Menos de dois anos depois, quem faleceu foi Rosinda Gouveia, tia com quem o menino passara a morar, em Teresópolis. Só então o pai de Euclides, Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha, o levou para morar com a tia Laura Moreira Garcez, casada com o coronel da Guarda Nacional José Antônio de Magalhães Garcez. Foi no Solar dos Garcez que Euclides teve a sua primeira escrivaninha, relíquia não mais pertencente à família. Também há relatos de que, na mesma fazenda, ele subia em uma velha pitangueira para discursar ao gado.
Em cronologia disponibilizada no portal Euclidesite, consta que Euclides da Cunha morou no Solar dos Garzes de 1871 a 1874, portanto, dos cinco aos nove anos de idade.

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