Documentário 'Desova' tem menção honrosa no prêmio Ana Galano
Dora Paula Paes - Atualizado em 23/10/2024 07:28
Divulgação
O documentário “Desova”, que aborda o tema do desaparecimento forçado na Baixada Fluminense, um retrato dos atravessamentos da vida das mães que perderam seus filhos, recebe menção honrosa do Prêmio Ana Galano na Mostra de Imagem e Som do 48ºEncontro da Associação Nacional de Pesquisa em Pós-Graduação em Ciências Sociais (ANPOCS). Dirigido por Laís Dantas, ele conta com o trabalho de produção executiva e pesquisa de Fernando Sousa, aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Uenf, que vem autuando pelo projeto da escola de Cinema, em Campos.

Da produtora carioca Quiprocó Filmes, a ANPOCS aconteceu de maneira online entre os dias 16 e 18 de outubro e presencialmente será realizada entre os dias 23 e 25 de outubro na Unicamp, em Campinas-SP. O encontro anual é promovido pela Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais.

O filme acompanha casos de famílias que lutam por notícias de seus familiares ou pelo direito de enterrarem jovens que desapareceram em contextos de operações policiais ou de confrontos entre organizações criminosas.Filmado na região do KM 32, em Nova Iguaçu, além de localidades próximas, “Desova” apresenta dados alarmantes sobre o problema, traz depoimentos de mães que se organizaram em coletivos e em grupos de arteterapia para lidar com a dor da ausência, além de depoimentos de pesquisadores e estudiosos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) que desenvolvem pesquisas focadas no assunto.

“Desova” teve sua estreia internacional no 12º Festival Internacional de Cine Político (Ficip), em Buenos Aires, em maio de 2023, levando o Prêmio de Melhor Filme na Competição Oficial Internacional de Curtas-metragens e também foi selecionado para o 19° Brésil en Mouvements, 3ª Semana do Cinema Negro de BH, VI Mostra Sesc de Cinema, VII Congreso ALA, o Cine&Manas e o Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul.

“O filme ganhar esse prêmio no principal evento acadêmico na área das Ciências Sociais brasileiras é uma sinalização muito importante para o tratamento do tema do desaparecimento forçado. Trata-se de um tema urgente e que deve ser colocado com prioridade na agenda pública”, afirma Fernando Sousa.

É a quarta vez que Fernando Sousa recebe o prêmio Ana Galano. Em 2018, foi vencedor com o filme “Nossos Mortos Têm Voz” e em 2022 também recebeu uma menção honrosa pelo curta documentário “Respeita Nosso Sagrado”, obras que assina a direção, roteiro e pesquisa. Na última edição, em 2023, foi vencedor do prêmio na categoria longa metragem com o filme “Rio, Negro”, em que assina a direção, roteiro e pesquisa.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, entre 2017 e 2022, foram registrados 369.737 desaparecimentos no Brasil, uma média de 203 casos por dia.

“Dirigir esse filme foi muito desafiador, pois as entrevistas tratam de casos muito dolorosos das famílias, fruto de uma violência muito cruel. Mas o que mais nos impactou foi a ausência, cuja presença na vida dessas mulheres tentamos abordar através de dispositivos como encenações e imagens que remetem a essa busca”, revela Laís Dantas.
Com informações de assessoria 

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