Felipe Manhães: voltamos a falar sobre as árvores em Campos.
Falamos por algumas vezes aqui na coluna sobre a carência de árvores na área urbana da cidade e já podemos ver algumas ações neste sentido por parte da Prefeitura de Campos, o que é louvável.
Na avenida Togos de Barros (que não é Arthur Bernardes) foram plantadas dezenas de palmeiras no trecho do Trevo do Índio até o canal Campos-Macaé, que é também uma das entradas da cidade, logo, um cartão de visita.
No próprio trevo foram plantadas também diversas mudas de outros tipos de árvores, o que vai transformar o local em um verdadeiro bosque, além, é claro, do parque ecológico que está em construção logo à frente.
O que ainda não conseguimos ver é o início do anunciado projeto “Vias Verdes”, que prometeu plantar mais de 2 mil árvores em 30 vias do município, espera-se, em vias centrais, que formam ilhas de calor na cidade devido à ausência de árvores e concreto/asfalto para todo o lado.
Na avenida Nilo Peçanha, por exemplo, principal entrada da cidade, quase não há árvores em seu largo canteiro central, que vai do Trevo do Índio até o Mc Donald’s, apenas pequenos arbustos e a grama que quase morreu devido aos quase seis meses sem chuva e a falta de irrigação, que antes era feita por caminhão-pipa periodicamente.
Esse é um problema fácil de se resolver e que vai economizar milhões da Prefeitura em contratos com empresas que prestam, ou pelo menos prestavam, esse serviço de rega das plantas.
Como já mencionei em edições anteriores, em diversas cidades há irrigação por gotejamento nos canteiros e praças públicas, feita por tubos de PVC de meia polegada, que custam centavos o metro. É de baixa manutenção, mantém as plantas sempre molhadas, é sustentável, não atrapalha o trânsito, ao contrário dos caminhões-pipa, ou seja, só tem benefícios. Dessa forma, muito dinheiro público deixa de ser gasto com isso e pode ser investido em saúde, educação e infraestrutura, por exemplo.
Vejam quantos anos tem a ciclovia Patesko, que acompanha a avenida 28 de Março de ponta a ponta. Desde a sua inauguração, árvores foram plantadas. Quantas cresceram? Sem água, com solo impermeável, em meio à poluição dos carros e a um calor enorme amplificado pelo asfalto, não há árvore que se desenvolva. Por que não plantam novas árvores? Por que não instalam irrigação por gotejamento, ou de qualquer outra forma? Não dá para entender o que faz uma Secretaria de Meio Ambiente que não vê a falta de árvores na principal avenida da cidade.
Não vemos, por parte tanto da Prefeitura quanto da Câmara de Vereadores, nenhuma política de incentivo ao plantio de árvores na área urbana da cidade, nenhuma campanha, doação de mudas, um desconto no IPTU para quem mantiver uma árvore na frente do seu imóvel, nada.
O Parque Ecológico, como se pode ver, está em construção, mas vemos nas imagens do projeto que a entrada do parque contará com uma grande praça com piso, ao estilo da praça São Salvador, que, ao invés de refrescar o centro da cidade, criou um deserto quente, sem árvores, sem sombra, e com granito para todo lado.
É a contramão do que precisamos. Árvores são a solução para muitos problemas da cidade. Árvore é sinônimo de qualidade de vida. Mais asfalto, mais concreto, mais granito, mais calor são justamente parte do problema.
Fazer um parque ecológico com uma enorme praça de cimento na frente, onde antes só existia verde, não parece muito coerente com o termo “ecológico”. Esperamos que não se justifiquem dizendo que foi feito com “cimento ecológico”.
A cidade precisa de mais verde e menos cinza.
*Felipe Manhães é advogado