Jornalista Hugo Soares lança livro de estreia que trata de temas como racismo estrutural
14/09/2023 18:42 - Atualizado em 14/09/2023 18:45
Jornalista Hugo Soares
Jornalista Hugo Soares / Foto: Divulgação
“O Mundo de Depois está chegando”. Com esse alerta, o jornalista Hugo Soares estreia como escritor apresentando a obra “Esconsos - O Mundo de Depois” (editora Multifoco) nesta sexta-feira (15) na Santa Paciência Casa Criativa, em Campos, a partir das 20h. O livro narra os momentos de incerteza na existência de um deus sobre a capacidade de continuar direcionando o mundo dos homens de acordo com as vontades dele.

“Isibukeli é uma figura mitológica conhecida desde o início dos tempos na África. Nessa alternativa à nossa realidade, ele é o responsável por manter o mundo girando e para isso, cria as condições para que o desequilíbrio social entre ricos e pobres continue existindo. Tudo neste livro é uma metáfora. Dentro deste universo é possível perceber pilares sociais como o racismo estrutural, a mão humana que deturpa a religião, a manipulação das neuroses dos indivíduos, a política enquanto ferramenta de poder”, destaca o autor, que usa de forma sutil o cenário e a percepção dos manejos sociais de Campos dos Goytacazes, cidade em que nasceu e vive.

“Esconsos - O Mundo de Depois” tem texto de abertura escrito pelo também jornalista e escritor Felipe Sáles, autor do livro “O Azarão da Baixada da Égua”. A amizade entre os dois surgiu quando Felipe foi editor do RJ2, jornalístico da Inter TV (TV Globo), e Hugo atuou como videorrepórter. Na introdução a essa realidade ele alerta que o leitor vai encontrar ficção científica, fantasia, espiritualidade, política e história, elementos a princípio díspares, mas que o autor consegue encaixar nesta obra que flerta como um gênero marcante na América do Sul, o realismo mágico.

“Me perguntei muito sobre em que gênero ou subgênero a obra se encaixaria depois que finalizei o livro. O escritor inglês Neil Gaiman é uma referência na criação de universos, Gabriel Garcia Marquez na narrativa e análise social. Portanto, fantasia e realismo mágico são definitivos na minha escrita. Porém, após assistir uma entrevista com o escritor Fábio Kabral, eu me encontrei com a expressão afrofuturismo. Afrofuturista é uma forma de ver presente no futuro, na ficção científica, a cultura africana e diaspórica. O Mundo de depois em “Esconsos” é isso. Lá as pessoas e a cultura preta continuam vivas contra todas as estatísticas atuais que apontam que um jovem preto morre a cada 15 minutos no país”, analisa o escritor.

Esconsos é um quilombo que existiu em Campos dos Goytacazes, durante o período escravista e que ressurge nos tempos atuais do livro como uma alternativa evolutiva. Neste lugar as pessoas eram tão empáticas que conseguiam diversos feitos extraordinários, inclusive se comunicar como telepatas. O deus Isibukeli, que decidiu se chamar Tobias no Mundo de Agora, o presente da humanidade, manteve o planeta dividido entre norte e sul globais usando uma tecnologia conhecida como “Anjo da Guarda”. Por meio de uma pílula, quem tem recursos financeiros acredita tomar as melhores decisões baseando-se no que indicam os algoritmos. O deus quer usurpar Esconsos para manipulá-lo, já que acabaria com a necessidade da comunicação feita pelas redes sociais, por exemplo, destruindo o complexo jogo corporativista que domina este universo. Esse é o primeiro volume de uma saga que será apresentada em três livros.

Santa Ajuda

O livro vai ser lançado na Santa Paciência Casa Criativa, que fica na rua Barão de Miracema, 81, no Centro de Campos. O local é uma referência de resistência na cidade, sendo um espaço de cultura diversa e apoio às minorias. Inaugurado em 2019, eles continuam até hoje sem nenhum aporte ou incentivo financeiro. Manter a alta qualidade tem seus custos e por isso foi lançada a campanha Santa Ajuda. Quem puder e quiser ajudar é só enviar qualquer valor para a chave pix: [email protected]
Com informações da Ascom

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