E a universitária quase engasga com o gravador...
Saulo Pessanha 17/09/2024 16:28 - Atualizado em 17/09/2024 16:28
Anos 80. “Escrever é um ato fisiológico”. Foi o jornalista José Cunha Filho dizer isto para a jovem universitária quase engasgar com o gravador.
Ao começar a batucar na IBM eletrônica da TV Norte Fluminense um artigo para o jornal A Cidade, Cunha é entrevistado para uma publicação da Faculdade de Filosofia.
— Ato fisiológico ou filosófico? — pergunta a menininha.
— Fisiológico mesmo — responde Cunha, citando a necessidade neurótica de deixar no papel letrinhas correndo atrás das outras, formando frases, períodos, pensamentos. Algumas sem o menor sentido, tais como as explicações do governo sobre a inflação zero.
— E assunto, como é que se arranja assunto? — quer saber a estudante.
— Fácil... basta deixar que as coisas nasçam, olhar os jornais, ver as mulheres, coisas assim...
— E leva muito tempo para escrever um artigo, crônica, essas coisas? — indaga a estudante.
Se a menininha não estivesse tão ocupada com o gravador teria percebido que não leva tanto tempo assim.
Tanto que, enquanto José Cunha arriscava umas olhadas para as bem torneadas pernas dela, também respondia as indagações e batucava a máquina.
E acabou por encerrar a entrevista e o artigo.
— Mas já está pronto?
— Sim, filha! A gente trabalha no estilo prêt-à-porter. Papel na máquina e dedos correndo pelas teclas.

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