Com nova visita, as duas chapas concorrentes à reitoria da Uenf vão ao Arquivo Público
Edmundo Siqueira 06/09/2023 13:17 - Atualizado em 06/09/2023 15:48
Nos últimos meses foi difícil ouvir o nome da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro) sem que ele estivesse associado ao Arquivo Público de Campos. Não é para menos. Anunciado no final de outubro de 2021, pelo blog do jornalista Aluysio Abreu Barbosa (veja aqui), o acordo que iria depositar R$ 20 milhões nos cofres da universidade para serem aplicados no Arquivo, foi ao mesmo tempo um alento para o setor cultural da cidade, e uma agonia pela demora da utilização dos recursos.


A Uenf passará por um processo eleitoral que terá início no próximo dia 16 de setembro, e esse assunto, o do Arquivo, está longe de ser superado (veja aqui).

A Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio) foi a responsável pelo envio dos recursos à universidade, oriundos da economia feita no orçamento do legislativo estadual, e repassado em forma de duodécimos para a Uenf. Também por esse motivo, seria necessário que os R$ 20 milhões tivessem trânsito por uma instituição do Estado.
A Uenf não apenas aceitou o depósito, como se comprometeu com a finalidade acordada entre as instituições e a prefeitura de Campos: restaurar o Solar do Colégio (prédio que abriga o Arquivo) e digitalizar o acervo sob sua guarda.

Não era uma tarefa simples. O atual reitor, Raúl Palacio, defendia que era necessário licitar o projeto de restauro e as obras, e a prefeitura, responsável pelo Solar, apresentou no início do processo um Termo de Cooperação Técnica com uma empresa de Minas Gerais, a Sabra. Mas a Uenf, a prefeitura e a Sabra não se entenderam. Foram necessárias diversas reuniões (veja aqui) para que, finalmente, chegassem ao entendimento de que era necessário realizar todo trâmite da licitação do projeto e depois das obras, em separado.

Embora a premissa fosse correta, a Uenf levou quase dois anos para que alguma ação concreta fosse tomada. Como publicado aqui em primeira mão, nos primeiros dias de agosto a empresa Technische Engenharia e Consultoria foi contratada para prestar assessoria e principalmente a elaboração do Termo de Referência, passo fundamental para o projeto de restauro.


O Solar

O Solar do Colégio é uma construção jesuítica do século XVII, mantida em suas características originais e localizada em uma região afastada do centro. De estilo barroco, tem paredes de 70 centímetros de espessura em tijolos queimados e telhado com beira-seveira (uma espécie de beiral constituído por camadas de telhas).

No primeiro pavimento do Solar, todos os vãos possuem molduras em pedra. No segundo pavimento, a fachada principal, com 40 metros de comprimento, possui 12 janelas com molduras em madeira. Apesar de belo e histórico, é um barril de pólvora sem manutenção adequada.

Quase tudo no Solar do Colégio foi fabricado por mão de obra escrava, no próprio local, onde funcionou um engenho de açúcar. Se configurando como um dos principais patrimônios campistas, o local é uma aula de história viva, de aprendizado com o passado, e que ainda abriga uma instituição que faz a manutenção e guarda de vasto acervo documental, iconográfico e jornalístico de mais de 300 anos de história da região.
A visita da Chapa 10

Rafaela Machado, diretora do Arquivo Público, tomou a iniciativa de convidar oficialmente as chapas concorrentes para a reitoria da Uenf para que fossem até a instituição e pudessem perceber as dificuldades e desafios que a equipe enfrenta cotidianamente.

Aceitando o convite de Rafaela, a professora Rosana Rodrigues e Fábio Lopes Olivares, que concorrem pela Chapa 10 a reitoria da Uenf, visitaram o Solar do Colégio nesta terça-feira (5).
Em entrevista a este mesmo espaço, Rosana comentou sobre a questão do Arquivo, e disse entender como uma "uma oportunidade para a Universidade se aproximar ainda mais da comunidade e do território onde ela está inserida". A candidata afirmou que a "ações já encontram-se em curso e diante dos compromissos assumidos com as comunidades locais, que aguardavam ansiosamente a recuperação desse patrimônio" e a que "a conclusão desses projetos é atitude ética a ser garantida pela futura administração".
Assessor parlamentar e ex-diretor do DEC  da Uenf participa da visita
Atualmente como assessor parlamentar, já tendo sido diretor do DCE da Uenf, Gilberto Gomes participou da visita junto com a Chapa 10, e se posicionou sobre o Arquivo:
"Participei da visita com a professora Rosana e com o professor Fábio onde pudemos ver de perto a riqueza deste patrimônio onde a Uenf acolheu a missão de recuperar. A preservação do patrimônio histórico é uma questão nacional a ser resolvida, por isso é importante destacar o papel de uma Universidade em atuar junto a comunidade para preservar a memória. Superadas as questões iniciais, destaco a fala da professora Rosana durante a visita que este é apenas o começo de uma parceria que seguirá sendo tratada como prioridade.

Estive presente enquanto ex-diretor do DCE/UENF, e atualmente na função de assessor parlamentar, onde posso atestar o compromisso que Rosana sempre teve com uma gestão ética e democrática. Seu compromisso com a Uenf sem dúvidas irá refletir no cuidado com o patrimônio público de Campos sempre que a Universidade for chamada a estes desafios".
Candidatos pela Chapa 10 e a equipe do Arquivo
 
 

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