Aprovada a criação da Associação de Amigos de Ao Livro Verde
O comitê organizador da SOS Ao Livro Verde deu início à segunda fase da campanha, agora voltada a reabrir a então mais antiga livraria do Brasil, que fechou as portas em novembro do ano passado, com 179 anos de história. Na última quinta-feira (28), dia em que celebrou-se o 189ª aniversário da elevação de Campos à condição de cidade, uma reunião foi realizada na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), renovando a mobilização da sociedade civil.
Durante o encontro do comitê organizador, foi aprovada a criação da Associação de Amigos de Ao Livro Verde (AALVE). Esta ser[a uma entidade civil privada, de interesse público, voltada ao acompanhamento e à deliberação de assuntos referentes à preservação e à perenização da livraria. A iniciativa, inclusive, já estava prevista no relatório final apresentado por uma comissão mista em outubro, na Câmara Municipal, contendo 19 propostas ao todo.
No último dia 21, o comitê organizador da SOS Ao Livro Verde já havia enviado um ofício ao prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, na tentativa de agendar uma reunião para tratar justamente do relatório final da comissão mista. Entre as sugestões do relatório, está a desapropriação dos dois imóveis que formam o prédio onde funcionava a Ao Livro Verde, na rua Governador Teotônio Ferreira de Araújo, evitando que um dia venham a ser demolidos ou abandonados.
Outro passo considerado importante pelo comitê organizador é a criação da Casa de Cultura Livraria Ao Livro Verde, que funcionaria no próprio local, como um marco da revitalização do Centro Histórico de Campos. Nesse equipamento, haveria espaço para a manutenção de uma livraria, bem como áreas para venda de artesanato e souvenirs, exposições artísticas, pesquisas, cursos, exibição de filmes, cyber café e praça de alimentação. Esse tema também está previsto para abordagem na reunião a ser agenadada pelo prefeito.
Do encontro de quinta-feira, participaram lideranças como o idealizador da campanha SOS Ao Livro Verde, o jornalista Adelfran Lacerda; o subsecretário de Turismo de Campos, Edvar Júnior; o presidente da Academia Campista de Letras (ACL), Ronaldo Júnior; o presidente da Associação de Imprensa Campista (AIC), Wellington Cordeiro; os historiadores Genilson Soares e Sylvia Paes, entre outros.
Histórico — Fundada em 1844 e reconhecida pelo “Guinnes Book” como a mais antiga do Brasil enquanto estava em atividade, a Ao Livro Verde fechou as portas no dia 10 de novembro do ano passado. Em pedido de autofalência feito à Justiça no final de maio, foi relatado que as dívidas da livraria totalizavam R$ 1.886.264,91. Colaboraram para o acúmulo de débitos fatores como a pandemia da Covid-19, o esvaziamento do Centro de Campos nos últimos anos e a consequente queda nas vendas — não apenas de livros, mas também de materiais escolares.
Desde julho, a campanha que tentou evitar o fechamento da livraria Verde ganhou apoio de mais de 60 entidades, entre elas a Academia Brasileira de Letras (ABL), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e as associações Estadual e Nacional de Livrarias (AEL e ANL, respectivamente). Um abaixo-assinado on-line da SOS Ao Livro Verde (aqui) conta com mais de 2.100 assinaturas.
Entre outros feitos já obtidos pela SOS Ao Livro Verde, destaca-se o reconhecimento da livraria como patrimônio histórico e cultural de Campos, após uma iniciativa do presidente da Câmara Municipal, Marquinhos Bacellar, ser sancionada pelo prefeito Wladimir Garotinho. O mesmo reconhecimento deve ser feito a nível estadual, pois um projeto do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, já foi aprovado pela Comissão de Justiça e Redação e será votado em plenário. (M.B.)