Compositor Zé Roberto elogia músicos de Campos e destaca resiliência do samba: 'Não pode e não vai morrer'
Autor de sucessos gravados por Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Almir Guineto, Fundo de Quintal, Reinaldo, Xande de Pilares, Revelação e Grupo Raça, o veterano compositor Zé Roberto se apresentou em Campos pela primeira vez. Foi na tarde do último domingo (10), no Malandro Botequim, onde cantou por uma hora algumas das suas principais músicas. E o que se viu e ouviu foi uma demonstração de resiliência tanto do samba quanto do próprio Zé Roberto, que, em entrevista ao blog, revelou ter relação familiar com Campos.
— Minha saudosa mãe, que partiu há 52 anos, é nascida aqui em Campos. Até perguntei no show se havia alguém com sobrenome Rangel, porque ela tem sobrenome Rangel, e apareceram umas três pessoas (risos). Acho que tenho alguns parentes aqui, pode ser que exista uma relação — diz o carioca Zé Roberto, autor de sambas como “Conselho”, “Inigualável paixão”, “Retrato cantado de um amor”, “Amar é bom”, “Vacilão”, “O penetra”, “O pai coruja”, “Pra que brigar?”, “Amar é bom”, “Em um outdoor”, “Além do normal”, entre outros.
Além do público lotando o bar, o compositor foi recepcionado por músicos da planície goitacá, responsáveis por acompanhá-lo no show. Conhecidos no cenário musical campista, os cantores Ed Ébano e Irene Rufino integraram a mesa.
— Nota 10 para a rapaziada. A galera é fantástica, participativa. Encontrei uma mesa maravilhosa, com músicos maravilhosos. Só tenho que elogiar a rapaziada, que é muito boa — diz Zé Roberto.
Dar destaque a sambistas em ascensão, aliás, é algo que ele aponta como essencial para o futuro do gênero.
— O samba sempre tem que ter renovação. Assim como existiu Candeia, viemos eu, Arlindo, Zeca, e vão aparecer outros também. A renovação tem que existir. A gente pede a Deus que o samba continue se renovando, porque a gente está encontrando algumas dificuldades. Hoje, se dá mais atenção para o sertanejo. O samba já não está mais na ponta. Então, a gente pede a Deus que pelo menos haja um lugarzinho para o samba. O samba não pode morrer e não vai morrer. Agoniza, mas não morre — enfatiza o compositor, mencionando o título do mais famoso samba de Nelson Sargento.
Dono de uma extensa e exitosa obra, Zé Roberto reduziu a produção nos últimos anos. Em evidência no álbum “Zeca apresenta o quintal do Pagodinho ao vivo”, lançado por Zeca Pagodinho em 2012, ele passou a se dedicar à divulgação das músicas que o consagraram durante os mais de 40 anos de estrada.
— Não tenho muito tempo para compor. Nem estão mais gravando. Hoje, é tudo nas redes sociais. Eu fiz um EP e provavelmente vou fazer um audiovisual no ano que vem. Vai acontecer o que tiver que acontecer nas redes sociais. O caminho agora é esse, e a gente tem que se adaptar, não tem jeito. Eu não entendo muito disso, mas tenho uma galera que trabalha para mim: minhas filhas, meu genro... É por aí! — finaliza.