Felipe Manhães: A força do querer
A humanidade já foi capaz de grandes feitos. Até mesmo os que parecem simples, como a invenção da roda, mudaram o mundo inteiro, para sempre. O homem dominou a eletricidade, criou vacinas, a internet, desenvolveu máquinas que voam, que submergem, máquinas que já saíram do sistema solar. O homem já foi, pessoalmente, à lua. Cada um desses grandes feitos teve um ou alguns motivos específicos para acontecerem, mas o fator comum entre todos eles é o querer.
As pessoas que fizeram tudo isso, quiseram fazer, mesmo enfrentando desafios e barreiras hercúleas, fizeram. Quiseram e fizeram. Até quando deu errado, algum resultado surgiu, e foi aproveitado. Aqueles blocos de notas com uma cola levemente aderente não foram criados propositalmente. Os cientistas da fabricante 3M, na verdade, estavam tentando criar uma super cola. A penicilina, o primeiro antibiótico, também foi uma descoberta acidental, assim como o forno de micro-ondas e o aparelho de raio-x, por exemplo.
Em todas essas descobertas, o homem estava querendo encontrar algo, fazer algo. Até mesmo a preguiça é capaz de gerar no ser humano a vontade de querer fazer alguma coisa, para que determinada atividade seja feita mais rápido, com menos esforço ou com menos recursos.
Na última segunda-feira, acredito que eu tenha sido o primeiro advogado a participar de uma reunião virtual no Conselho Federal da OAB, em Brasília, do qual sou membro, de dentro de uma barbearia, cortando o cabelo. Os colegas ficaram surpresos, deram risada e, ao final, me parabenizaram, pois honrei meu compromisso, apesar de estar em outro ao mesmo tempo. Isso na verdade nada mais é do que o “querer”.
Quem realmente quer fazer alguma coisa, não inventa desculpas, faz. Alguns até se motivam nas dificuldades encontradas. A graça da conquista é justamente a superação dos desafios no caminho.
Sejamos francos, na maioria das vezes que inventamos uma desculpa para não fazer algo, é, na verdade, porque não queremos fazer, e não pelo motivo que criamos. Mas, certamente, seria interpretado como uma grosseria dizer na cara da pessoa que não queremos fazer aquilo.
Infelizmente, a hipocrisia e a mentira são necessárias para que as relações humanas sejam mais políticas. Caso contrário, as pessoas que não querem comparecer àquela festa daquele parente chato, diriam na cara dele: “não vou porque não gosto de você”, mas em vez disso: “infelizmente, não pude comparecer, tive um imprevisto”. A gente sabe que a pessoa sabe, mas é feio dizer. Enfim, há aqueles que preferem uma amarga verdade a uma doce mentira. Para refletir...
*Felipe Manhães é advogado