Wladimir chama Bacellar de "parasita" e tensão sobre Câmara respinga em Castro
Aldir Sales 05/03/2022 11:50 - Atualizado em 05/03/2022 11:59
Castro com Wladimir e Bacellar
Castro com Wladimir e Bacellar / Divulgação - Prefeitura de Campos
O prefeito Wladimir Garotinho (PSD) voltou a subir o tom contra a oposição em meio à disputa pela presidência da Câmara de Campos. Em postagem nas redes sociais, ele chamou os Bacellar de “parasitas”, em referência ao secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar e seu irmão, o líder da oposição no Legislativo goitacá Marquinho Bacellar (SD); e ainda se referiu ao ex-prefeito Rafael Diniz (Cidadania) como “fracassado”. Wladimir ainda acusou os oposicionistas de falsificarem a ata da sessão de 15 de janeiro, quando aconteceu a eleição na qual Marquinho chegou a ser proclamado o próximo presidente da Casa. A decisão foi anulada posteriormente porque Nildo Cardoso (PSL) não votou nominalmente e a polêmica se arrasta desde então.
“As viúvas de (Alexandre) Mocaiber e os cúmplices de Rafael Diniz se uniram aos parasitas dos Bacellar para desestabilizar o meu governo, usam blogs comprados e cabos eleitorais pagos com dinheiro do Governo do Estado para difundir ataques e, muitas vezes, até inverdades. A ‘tropa’ na Câmara uniu as ‘tribos’ para impedir projetos do governo, pois sabem que a cidade está com as contas equilibradas e preparada para fazer os investimentos necessários para o bem estar da população. Depois de 4 anos sem nenhum investimento público, os aliados e cúmplices do fracassado Rafael Diniz, as viúvas de Mocaiber e os parasitas dos Bacellar acham que vão conseguir enganar o povo. Deixaram tudo quebrado sem a mínima manutenção básica, com ruas esburacaras em todo canto, mais de 30 mil pontos de luz apagados e prédios públicos em estado fúnebre, além de terem acabado com toda a rede de proteção social aos mais pobres”, disse o prefeito na postagem.
Wladimir ainda acusou a oposição de falsificar a ata da sessão para computar o voto de Nildo Cardoso. “A cidade já perdeu muito tempo com picuinhas e guerras desnecessárias no passado e temos a nossa frente a chance do recomeço, mas eles torcem e trabalham contra a cidade por interesses pessoais. Chegaram ao absurdo de falsificar uma ata da Camara de Vereadores para fazer valer um voto que não foi computado como determina o regimento interno. Quem fez a ata deve ter esquecido de avisar aos demais que assinaram que falsificar documento público é crime enquadrado no artigo 299 do Código Penal, sujeito a prisão e com pena agravada quando cometida por agentes públicos”.
O presidente da Câmara, Fábio Ribeiro (PSD), informou que tomou conhecimento da suspeita de falsificação. “A suspeita é da produção de documento público por pessoas sem competência funcional para isso e que nele estaria o voto de Nildo, que não aconteceu. Estamos verificando a possibilidade de falsificação. Encaminhamos expediente à procuradoria e, se ficar comprovado, vamos tomar as medidas cabíveis, com encaminhamento ao Conselho de Ética e à Corregedoria”.
Ao final, Wladimir ainda mandou um recado aos parlamentares: “Por bem ou por mal, não custa avisar: quem dorme com morcego acorda de cabeça pra baixo”.
Vereadores de oposição querem votar a mesa nesta terça
Vereadores de oposição querem votar a mesa nesta terça / Foto: Aldir Sales
Novela
No último 24 de fevereiro, em reunião da Mesa Diretora, foi anulada a votação do dia 15, na qual o líder da oposição, Marquinho Bacellar, chegou a ser anunciado pelo atual presidente, Fábio Ribeiro, como vencedor da eleição para presidência no biênio 2023/2024. Fábio, Juninho Virgílio (Pros) e Leon Gomes (PDT) seguiram o parecer da procuradoria da Casa, após um requerimento protocolado por vereadores da base, alegando que o vereador Nildo Cardoso não votou nominalmente na sessão.
Inconformados com as decisões recentes, os 13 parlamentares oposicionistas entraram com uma representação no Ministério Público contra Fábio. Eles pedem abertura de um inquérito para investigar a conduta da presidência e querem que o plenário do Legislativo decida sobre a continuidade da eleição.
Nildo, da tribuna, anunciou o nome de Marquinho como candidato da oposição, retirando, ao mesmo tempo, sua pré-candidatura. Contudo, na votação, o vereador Leon, secretário da Mesa, não fez a chamada de Nildo para votar. O único voto contrário ao parecer foi de Maicon Cruz (PSC). No dia 15, ele chegou a assinar um documento de apoio a Fábio, mas votou em Marquinho, garantindo a vitória da oposição.
Consequências no Estado
Anthony Garotinho
Anthony Garotinho / Rodrigo Silveira
Os desdobramentos da disputa pelo poder no Legislativo campista também podem respingar na corrida ao Palácio Guanabara. Isso porque não é de hoje que o ex-governador Anthony Garotinho mostra sua insatisfação com o governador Cláudio Castro (PL) por causa da atuação de Rodrigo Bacellar para tomar a presidência da Câmara e, consequentemente, tornar mais difícil a administração de Wladimir. No início da polêmica, o prefeito reafirmou apoio a Castro, mas depois não se pronunciou mais. Já Garotinho, segundo o blog da jornalista Berenice Seara, terá uma reunião na próxima semana diretamente com o governador para definir os rumos da família.
Além da questão política, outra insatisfação seria a demora para que a grande parte das obras anunciadas pelo Governo do Estado para Campos saia do papel. E um eventual desembarque da família Garotinho também poderia significar o fim do namoro com o União Brasil, partido que nasceu da união do DEM e PSL.
De acordo com Berenice, a legenda não estaria satisfeita com a acomodação de cargos dentro da estrutura do Governo do Estado. Para compor a base de Castro, o partido recebeu a promessa das indicações das secretarias de Meio Ambiente e Transportes, além de duas diretorias no Departamento de Estradas de Rodagens (DER). Até o momento, só a secretaria de Transportes foi cumprida.
Presidente estadual do União Brasil, Wagner Carneiro, o Waguinho, já teria dito, segundo Berenice, que apoia totalmente a família Garotinho, que pode ensaiar uma candidatura própria de Anthony Garotinho ao Palácio Guanabara. Atualmente, o partido tem a maior parcela do fundo eleitoral e maior tempo na propaganda eleitoral gratuita na televisão.
Em 15 de janeiro, quando esteve em Campos para uma série de inaugurações e anúncios, Cláudio Castro classificou como “normal” a briga entre os grupos dos Garotinho e Bacellar. “Acho que a política é normal, isso não vem de agora. Os grupos políticos, durante a vida toda, têm seus estilos, seus protagonismos. Isso é normal. O que a gente tem que entender é que acima de grupo político, a gente tem que trabalhar pela cidade. Foi o que disse no discurso hoje. Tomara que os grupos briguem muito para ver quem está fazendo mais e não para fazer o outro deixar de trabalhar. O que estamos vendo aqui são dois grupos que estão trabalhando muito. Se brigarem ou não, se Campos ganhe e não perca é o que a gente precisa”.

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