Um professor do curso de Ciências Políticas da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Campos, foi demitido na última quarta-feira (11) depois de ser denunciado por assédio contra alunas da instituição. De acordo com um boletim interno da UFF assinado pelo vice-reitor em exercício, Antônio Claudio Lúcio da Nóbrega, a demissão levou em consideração o relatório final da comissão de processo que apontou “improbidade administrativa”, levando em consideração também o artigo 117 da lei que regula a condução dos servidores públicos federais (Lei 8.112), que no inciso nono diz que é proibido ao servidor “valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública”. Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal (PF), mas o motivo oficial da demissão não foi divulgado até o fechamento desta edição.

De acordo com alunas da universidade, o mesmo professor vem sendo alvo de denúncias à universidade desde 2014, mas foi em 2015 que, auxiliadas por uma professora e advogada, que conseguiram levar o caso à ouvidoria da UFF. Meses depois foi organizada uma comissão de investigação que resultou em um processo administrativo disciplinar. O caso também foi mencionado em artigo da presidente do Conselho Municipal da Mulher (Comdim), Vanessa Henriques, no blog Opiniões, do jornalista Aluysio Abreu Barbosa, hospedado na Folha 1.

Nas redes sociais, alunas se manifestaram a favor da demissão do professor. Segundo uma delas, que não será identificada, o professor teria pedido o e-mail e telefone de todos os alunos da turma e que, a partir de então, começaria o assédio. “Lotava minha caixa de e-mails com isso, mandava mensagens de madrugada dizendo que iria morrer, se matar, que era o homem mais solitário do mundo. Sempre que eu pedia para parar ele pedia mil desculpas, implorava para eu não contar para ninguém, pois isso destruiria a vida e a carreira dele”, disse a aluna que ingressou na UFF aos 26 anos.

Em seu artigo publicado no blog Opiniões, tratando do assédio sexual em universidades, Vanessa Henriques contou que o inquérito assinado pelo delegado Paulo Cassiano Júnior, da PF, diz que oito vítimas foram assediadas insistentemente, mesmo após recusa com “propostas para sair e beber, elogios à beleza física, convites para jantar, confissões de desejos lascivos, comentários sobre vestimentas, decotes e cabelos, toques pessoais e até pedido de casamento, dentre outros, tudo potencializado por uma considerável dose de obsessão, que conduziam as vítimas de (...) à exaustão”.

A equipe de reportagem tentou contato com a Polícia Federal, UFF e o professor, mas não obteve êxito.