Depois de um aluno de doutorado ter sido feito refém durante um arrombamento e roubo de materiais no Centro de Ciências Tecnológicas Agropecuárias (CCTA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), no Parque Aldeia, em Guarus, a unidade continuava com problemas em relação à segurança nesta sexta. De acordo com o reitor da Uenf, Luis Passoni, o CCTA permanece, desde novembro de 2016, sem nenhum vigilante. O mesmo acontece na Estação Experimental de Campos, da Pesagro, no Parque São Jorge, outra unidade de pesquisa.
Na sede da Uenf, no Parque Vila Rainha, a situação é menos pior, pois, segundo Passoni, o lugar conta com patrulhamento da Polícia Militar em horários constantes. Também há rondas no CCTA e na Estação Experimental, mas com menor frequência. Ainda de acordo com o reitor, nenhum posicionamento concreto em relação à segurança das unidades havia sido dado até o fechamento desta matéria. — Depois do caso de ontem (quinta-feira), entrei em contato com o prefeito de Campos, Rafael Diniz, que informou que vai disponibilizar certo efetivo da Guarda Civil Municipal para essas unidades da Uenf a fim de contribuir para a segurança. Conversei com representante da secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, que me disse que iria tentar, junto à secretaria de Estado de Fazenda, a liberação de algum repasse para a Uenf. Porém, não recebi retorno sobre isso até agora. Solicitamos à PM um patrulhamento com maior frequência no CCTA — disse Luis Passoni.
O reitor relatou, ainda, sobre o dano que a falta de segurança causa às pesquisas. “Ampliou muito a sensação de insegurança que a gente já vinha sentindo. Isso é muito prejudicial, porque ninguém consegue mais trabalhar com tranquilidade. Alunos de pós-graduação mesmo me disseram, hoje (ontem), que sentem medo quando notam a presença de qualquer pessoa nas proximidades da unidade. O trabalho do pesquisador é intelectual, e não se tem a tranquilidade necessária para analisar um conjunto de dados, para trabalhar em um experimento”, falou.
A secretaria de Estado de Fazenda admitiu possuir uma dívida com a Uenf de R$ 66,2 milhões apenas em 2016. Já a secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia informou que, devido à grave crise financeira, ainda não há prazo para normalização dos repasses. “A prioridade absoluta é o pagamento do salário do mês de janeiro do funcionalismo público”.
Em nota, o comando da Guarda Civil Municipal (GCM) explicou que, mesmo não tendo recebido comunicado oficial por parte do Governo do Estado — sobre pedido de reforço na segurança —, a partir de segunda-feira serão remanejados agentes da GCM e uma viatura para realização de ronda na Uenf.
De acordo com o comandante do 8° Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Fabiano Santos de Souza, o acordo feito com a reitoria da Uenf prevê um patrulhamento intensificado nas proximidades do campus e a fixação eventual de um ponto-base, na portaria da instituição. “Não temos condições de manter um policiamento integral na Uenf. Desta forma, intensificamos o patrulhamento e eventualmente direcionamos Pbs que variam de 20 a 30 minutos na portaria da universidade. E mediante a alguma ocorrência que requeira a presença da PM, estaremos presente”, afirmou.