Mais de 100 casas em obras abandonadas do programa Morar Feliz foram invadidas por famílias carentes. Elas dizem estar inscritas para receber as moradias, mas, com a paralisação das construções e o rompimento do contrato entre Prefeitura e Odebrecht, responsável pela obra, não existe perspectivas para a conclusão. Na semana passada a Folha da Manhã mostrou que o mesmo conjunto habitacional inacabado foi alvo de furtos de materiais como portas, janelas, canos, telhas e relógios de energia elétrica. Na ocasião, um morador, que optou por não ser identificado, disse que representantes da Prefeitura e da empreiteira falaram que os materiais que estivessem “no chão” poderiam ser levados.
Em diversas casas ocupadas, os próprios moradores que invadiram o local escreveram nas paredes dos imóveis os nomes das pessoas designadas para ocupar a casa. “Thaysa. Reservado” foi escrito em uma das residências. Mãe de oito filhos, a desempregada Silvana Lima Barcelos, de 32 anos, aguarda há mais de seis anos uma moradia digna. Ela diz ter feito a inscrição no Morar Feliz em 2010. “Era para eu ter vindo para o conjunto habitacional há anos. Meu marido trabalha, mas o que ele ganha não é suficiente para comprar ou alugar uma casa e eu preciso de um lugar digno para cuidar dos meus filhos”, disse ela.
O cenário apresentado por Silvana retrata a mesma realidade de diversas outras famílias. “O que queremos é a visita de uma assistente social. Que avalie nossa situação, que veja que não temos para onde ir. Podemos cuidar da casa, mesmo no estado em que está, mas precisamos da posse desse chão”, disse a desempregada Ângela Maria Diamantina, de 49 anos, já decora a nova habitação com móveis.
Há pouco mais de um mês, a Prefeitura rescindiu o contrato com a Odebrecht, avaliado em R$ 1 bilhão, o maior da história do município. A empreiteira está sendo investigada na operação Lava Jato por suposto pagamento de propina, identificado em planilhas onde nomes da família Garotinho estão citados.
Questionada, a secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social informou que está avaliando a situação para tomar as providências necessárias.