Yara Cinthia: 'Terei autonomia para governar'
Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Mário Sérgio Junior 30/11/2024 08:50 - Atualizado em 30/11/2024 08:50
Prefeita eleita Yara Cinthia
Prefeita eleita Yara Cinthia / Reprodução rede social
A prefeita eleita de São Francisco de Itabapoana, Yara Cinthia (SD), foi a entrevistada dessa sexta-feira (29) no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Sucessora da prefeita Francimara Barbosa Lemos, de quem teve apoio nas eleições, Yara destaca que mantém uma base sólida com sua aliada, mas que terá autonomia para fazer o seu governo, pois, segundo Yara, a própria Francimara já afirmou que não irá interferir em suas decisões. Ao disputar contra o ex-prefeito Pedrinho Cherene (União) e Rodolfo Elias (Novo), Yara foi eleita com uma diferença de 1.631 votos para o segundo colocado, que foi o candidato do União. Vereadora por três mandatos, a prefeita eleita disse nunca ter tido interesse sem ser presidente da Câmara e ressaltou que agora não vai entrar no mérito, pois a eleição da Mesa vai depender da articulação de cada vereador eleito. Ela também falou sobre a Ponte da Integração e seus acessos, e desafios futuros.
Resultado das urnas — “Foi uma disputa diferente, a gente tem que deixar muito claro isso. Nós passamos por uma disputa totalmente diferente. Eu não concorri só contra Pedrinho Cherene, eu tive dois colegas meus que se colocaram como pré-candidatos, que foi o Cocó lá no ano passado, e o Aroldo Leandro, que se colocou como pré-candidato também até o dia da convenção, foi quando ele fez a fusão com o Pedrinho e o Raliston, que é o atual vice da prefeita Francimara. Então, foram quatro pessoas. Mas os propósitos de Deus são de Deus e a gente vai seguindo. E a vitória veio graças a Deus mesmo. E as pessoas que confiaram 15.312 votos a mim”.
Rompimentos — “A partir do momento que eles eram da base aliada da prefeita, os três que foram ficar com o Pedrinho. O vice tem que ser da base aliada, os dois vereadores também eram da base aliada. Então nós já tínhamos realidade na Câmara, de 13 vereadores, só tinha um que era o Ralphinho, que sempre foi oposição. Aí no ano passado, o Cocó rompeu com a prefeita. O Aroldo rompeu entre aspas, ficou aquela coisa, mais ou menos até o final do ano. Depois se colocou como pré-candidato mesmo e aí, ficou com o pré-candidato até o dia da convenção, que as convenções lá foram todas no mesmo dia. Seria a convenção partidária da minha candidatura, a do Aroldo e a do Pedrinho. Aroldo não fez a dele, não fez a dele entre aspas, fez junto com Pedrinho e foi uma coisa que foi formalizado no mesmo dia. Então houve essa concorrência lá”.
Disputa — “É muito comum que as pessoas logo pensam assim, o vice é o próximo prefeito. Mas a prefeita, até tudo que a gente acompanha, eu sou da base aliada dela. Na realidade, eu sou a mais antiga de todos eles, eu sempre estive com a prefeita, desde quando foi lançado o nome dela, em janeiro de 2016. Então tem mais de oito anos isso. Mas o Raliston foi ser vice dela e com essa coisa de tensão, ele realmente queria ser o candidato, mas ela em momento nenhum ela falou quem seria o candidato. No ano passado, teria eu, o Renato, o Aroldo e Raliston com essa pretensão e ficou nisso até esse ano. Final de fevereiro que ela decidiu através de pesquisas, ouvindo as pessoas. Ela fez muitas pesquisas e o Raliston foi convidado a ser vice, compor a chapa comigo. Ele não aceitou. Eu não sou de confusão com ninguém, mas ela também não teve problema com ele não. Ele tomou decisão de seguir com o Pedrinho, que eu estranhei muito, porque você deixar de ser vice de novo para não ser candidato a nada, nem vereador, nem ser vice de Pedrinho. Informações chegaram que ele era coordenador financeiro da campanha de Pedrinho, o que é muito estranho, mas cada um faz as suas escolhas”.
Rejeição de Pedrinho — “Eu vejo da seguinte forma, não sou boa de números não, mas a gente vê que também Pedrinho começa a perder forças ao longo de duas derrotas e essa terceira veio perder mais força ainda. É a demonstração que as pessoas realmente começam a abrir a mente porque Pedrinho carregou também a vida toda e carrega o legado do pai, do falecido saudoso Pedro Cherene. Mas a gente vê que a política da dinâmica, ela é muito grande”.
Apoio de Francimara — “O apoio de Francimara é incontestável. É uma prefeita que tem uma popularidade muito grande. Termina seu mandato com essa popularidade. A gente sabe que tem uns desgastes, são inevitáveis, diante do final do segundo mandato. Estive na Secretaria de Educação por duas vezes, fui secretária duas vezes. Então os três mandatos, duas vezes secretária de Educação. Isso vai também fazendo com que a gente se torne um pouco conhecido, o trabalho da gente também se torna uma referência e vai ajudando um contexto. Não é chegar de qualquer maneira, por mais que a gente tenha apoio, mas também se não tiver um conhecimento. Eu moro em São Francisco também, isso faz muita diferença, conhecer, morar num lugar, nascer num lugar, criar seus filhos lá, morar lá, estar lá no seu dia a dia na rua com as pessoas e frequentar as praias de lá, os restaurantes, enfim viver o dia a dia. Isso faz muita diferença”.
Campanha — “A questão de Rodrigo realmente influenciou a questão de Carla. O Rodrigo teve lá uma vez, Carla esteve lá duas vezes e com um discurso bem acirrado até em relação à gestão atual. Mas em contrapartida também, a gente tinha o que mostrar. Eu vejo muito isso, então, quando você tem o que mostrar através de um governo que você é da base aliada, quando você tem um trabalho também. Eu tenho os meus méritos também, tenho um trabalho, fui secretária de Educação como servidora pública do município. Eu sou servidora concursada há 31 anos. Então, já eu nasci para servir”.
“Nunca pensei em ser prefeita” — “Eu agradeço muito a prefeita Francimara porque eu vejo os propósitos de Deus em tudo, depois vem os nossos propósitos. Primeiro propósito de Deus. Porque na realidade, se você me perguntar assim, algum dia você pensou em ser prefeita? Não, com toda sinceridade, não pensei. Mas aí é como tudo na minha vida, sempre foi assim. Eu fui seguindo os caminhos que Deus foi me mostrando e aqui estou como prefeita eleita. Se Deus permitir dia 1º como prefeita já empossada”.
Personalidade — “Quando eu comecei minha campanha, por eu ser mais calma, mais tranquila, Francimara é bem mais popular e as pessoas viravam e falavam. Eu fui muito cobrada em relação a isso, você fala muito baixo, você fala muito tranquilo, olha só a Francimara chega, ela chega falando. Eu falei, mas o meu jeito é esse. E a oposição começou batendo muito nisso, ela vai chegar a lugar nenhum, Yara com essa vozinha dela, esse jeito dela, se fosse Francimara ganhava eleição e Yara não vai ganhar a eleição nunca. E eu comecei também botando muito isso nas reuniões, na pré-campanha. Gente, nem nossos dedos são iguais. Deus nos fez únicos. E essa unidade é muito importante porque a gente tem que respeitar a particularidade de cada um. E aí quando chegou na campanha, já não tinha mais esse discurso e as pessoas assimilaram muito isso que eu sou eu. Francimara é Francimara, cada um com o seu jeito”.
Relação com Francimara — “Eu passo sempre isso para ela: ‘Francimara a gente tem que estar sempre juntas’, no sentido de que, por mais que ela não esteja lá na Prefeitura, porque eu vou assumir dia 1º e ela tem muita essa consciência. Ela sempre deixou muito claro isso, porque as pessoas ficam falando assim ‘quem vai governar é Francimara e Frederico’. E então existe muita especulação também, existe essa questão da ruptura minha com a Francimara, mas é uma coisa que não tem sentido nenhum. A gente conversa, essa semana mesmo estávamos juntas lá em casa. Eu pretendo manter isso o resto da vida”.
Base sólida — “Fiquei sabendo que Campos hoje fala muito sobre isso. ‘As duas romperam, não estão bem, a prefeita eleita e atual prefeita já não tem mais um bom relacionamento, nem estão se falando’. Mas não é verdade, não existe isso graças a Deus, não tem isso. Francimara respeita muito essa questão, ela falou: ‘olha, não vou interferir, quem você quiser colocar, quem você achar que tem que ficar. Eu não vou interferir nisso’. Então existe uma mentalidade muito errônea em relação a Francimara hoje, e a Francimara depois. Eu falo sempre com Francimara, quando precisar de alguma coisa vou pedir socorro. Então, a gente mantém essa relação”.
Relação com a Alerj — “Eu já tive contato com o Rodrigo uma vez só, mas é uma pessoa que tenho até admiração porque a gente vê que é uma pessoa daqui, que chegou onde chegou, hoje é presidente da Alerj. Tem um mérito, tem uma entrada muito boa em todos os lugares. A gente sabe do potencial de Rodrigo, pessoa que eu tenho uma admiração à distância, mas tenho. A Carla, não estive com ela, mas porque não estive ainda na Alerj. Já estive no Rio, conversei com alguns deputados, mas não estive na Alerj ainda. Mas o momento que estiver na Alerj, vou lá dar um abraço na Carla, porque é uma pessoa que gosto muito, tenho uma admiração muito grande pela Carla. Aquele jeito Carla de ser, Carla é muito espontânea”.
Mesa Diretora — “Não sou expert disso aí, nunca quis ser presidente da Câmara em três mandatos. Nunca me coloquei. Chega a vez da gente quando a gente quer ser, nunca quis ser, nunca coloquei meu nome. Mas existe assim muitas especulações. Eu fico nos bastidores realmente, observando porque eu estou em outra fase. Não vou entrar nesse mérito agora. Eu acho que é muito cedo, mas você pode falar assim, mas Yara a eleição é dia 1º de janeiro, nós vamos entrar dezembro. Para mim, não tem problema. Eleição de Câmara é na hora. Eu coloquei lá em casa, com os 10 que foram almoçar comigo, eu falei “olha só, eu penso que os 13 têm direito a colocar o nome, vai do desejo de cada um’. Quem vai conseguir articular já é uma outra história, quem vai conseguir realmente. Porque de 13 nós temos uma cadeira, então 12 tem que ter a consciência que não vão ser eleitos. Aí vai basear na articulação de cada um”.
Oposição — “Algumas vezes eu falei o seguinte, ser oposição não tem nada demais, mas tem que ser uma oposição consciente. Não venha prejudicar a população, não venha levantar fatos para deixar a população desinformada ou informar de maneira incorreta. Então vejo a Câmara dessa maneira. A Câmara tem que cumprir o papel dela. Ela tem que ser situação, mas a situação também consciente, levando os problemas para a prefeita ou prefeito. E que a oposição não tem que ser aquela oposição ferrenha, aquela coisa como a gente colocou aqui, esquerda e direita, aquela coisa que as pessoas levam a ferro e fogo. Ser oposição não é isso, é você realmente cobrar de maneira coerente a pessoa que está lá exercendo o cargo no Executivo, mas cobrar de uma maneira coerente, sentar e conversar. Não vejo nada que impeça a gente de futuramente estar conversando não. Acho que o momento agora também não é propício para isso. A gente tem que respeitar os nossos colegas que estavam com a gente, conversar com qualquer um agora. Não sei se cabe uma composição nesse momento, mas não descarto nada porque tudo que for para ser bom para o município, eu estou disposta a fazer”.
Secretariado — “Até nisso Francimara foi muito tranquila. A questão da composição, ela falou ‘vou deixar você muito tranquila montar a sua equipe, porque é você, não sou eu que vou estar lá’. A composição é uma composição muito tranquila. Lógico que entrarão outros personagens, mas eu ainda estou montando. O secretariado não está montado ainda, estou tendo muita cautela. Ela não me pediu em momento nenhum para ajudar nisso. Mas é lógico que a gente pede a opinião dela, mesmo porque ela tem um irmão que é secretário, que hoje está na pasta de Promoção Social. Mas a composição do secretariado, ela me deixa muito à vontade de estar mexendo, de estar trocando, de estar colocando outras pessoas. Ela me deixa muito à vontade em relação a isso, mas se tiver que pedir opinião também, vou pedir. A gente não tem esse problema. Mas a gente está nessa conversa ainda e eu acredito que até o meado de dezembro eu estou divulgando essa tão sonhada lista que São Francisco de Itabapoana espera”.
“Convidei Francimara” — “Eu a convidei, eu falei Francimara você não quer fazer parte do meu governo junto comigo, me ajudando. Ela falou, não quero não, eu vou descansar. Eu vou cuidar mais de Maria. Acho que Francimara também, com o potencial que ela tem, ela tem um potencial político muito bom. E eu falei com ela, não te vejo dentro de casa, cuidando de casa. Por mais que a gente tenha um olhar para filho, sua filha está crescendo também, já tem uma autonomia dela”.
Segurança no verão — “Eu já estive no 8º BPM. A questão de segurança é de suma importância. Estou conversando com a Guarda, o que é de suma importância também para a gente que é a Guarda esteja junto com a Polícia e o comandante vê dessa maneira também. O comandante do 8º BPM está sendo muito solícito com a gente, muito disposto a nos ajudar. O comandante da companhia de São Francisco também está muito disposto a ajudar na questão da segurança. Então eu vejo que segurança não vai ser um problema para a gente. Nós vamos desmistificar. A gente pretende fazer um verão tranquilo, um verão voltado para todos os segmentos. Vai ter show, uma coisa mais local e regional esse ano agora. A gente vai ter a presença do Sesc lá, a gente vai estar conversando com o Sesc na segunda-feira. Não conversei ainda. Mas o Sesc já tem uma programação para lá. E vamos fazer uma coisa mais tranquila, digamos assim”.
Ponte da Integração e acessos — “Na realidade, o que está realmente está faltando é terminar esse pedaço, que é muito pequeno e não está parado pelo que o DER informou. Estou até esperando a visita do presidente do DER ao nosso município. Ele ficou de vir até o final de dezembro agora, para nós estarmos fazendo essa visita juntos e ele falou que vai solicitar. O que realmente pega hoje, não é só a questão disso aí não. Porque quando se programou a ponte, e eu não estou falando mal do governo do Estado, mas estou pontuando algo. Nós temos as nossas estradas vicinais. São dois elos. A que vai dar para São Francisco e a que vai ligar a ponte a Campos e São João da Barra e não foi licitado isso ainda. Segundo o DER, pode ser licitado até dentro desse ano e pelo que eu fiquei sabendo essa semana buscando informações, já está realmente sendo providenciado a licitação dessas estradas. Aí acabou. A questão da desapropriação, eu desconheço esse fato, não foi relatado lá para a gente que está tendo essa dificuldade. Também não vejo como ter, porque é um benefício que vai trazer para todo mundo, inclusive os donos de propriedade. Eu não acredito nesse fato não. O fato que houve, que não foi licitado realmente a construção dessas rodovias para poder estar ligando a ponte a essas rodovias e facilitar. Hoje muitas pessoas deixam de trabalhar no Porto justamente pela dificuldade de acesso. A gente acredita que vai entregar em 2026 essas duas obras (dos acessos).
Zona portuária — “Eu falo que nós vamos estar entre os dois potenciais, que é o potencial que já existe que é o Porto do Açu. Fomos informados que o Porto Central vai dar a ordem de serviço agora, semana que vem, na segunda-feira propriamente dita. Nós estamos no meio, então nós temos o seguinte compromisso, de não deixar a gente virar uma zona portuária, mas também usufruir disso aí para se tornar um município crescente. Usando o benefício desses dois grandes investimentos. Esse é o nosso compromisso”.

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