Americano estuda ir à Justiça contra construtora por atrasos em obra do novo estádio
Matheus Berriel 10/06/2022 17:04 - Atualizado em 11/06/2022 09:50
Obra do novo estádio do Americano
Obra do novo estádio do Americano / Rodrigo Silveira
Há nove anos o Americano não tem um estádio para chamar de seu. Desde que foi oficializada a venda do antigo Godofredo Cruz, no Parque Tamandaré, o clube aguarda a construção do novo estádio em seu complexo esportivo, situado no Parque Aeroporto, em Guarus, onde desde 2015 funciona o Centro de Treinamento Eduardo Viana. Porém, vários adiamentos foram feitos pela construtora Imbeg, que atualmente alega a pandemia da Covid-19 como entrave para a obra ainda não ter saído do papel. Diante do impasse, a diretoria alvinegra estuda a possibilidade de levar o caso à Justiça.
— Em 2017, foi feito um acordo com o clube, que montou uma comissão com pessoas de diversos setores, entre conselheiros, sócios, diretores, para dar o máximo de transparência possível ao processo. Foi negociado o prazo de entrega, que em tese seria em 2017, ficando acordado para setembro de 2020. Toda obra grande tem permissão de mais seis meses de atraso para entrega, podendo ser até março de 2021 — afirma o atual presidente do Americano, Vagner Xavier.
Segundo Vagner, o acordo entre a Imbeg e o clube previa que a construtura assumisse a manutenção do CT Eduardo Viana, além de multa de R$ 20 mil mensais em caso de atraso na conclusão do estádio. Na interpretação do dirigente alvinegro, esta multa estaria valendo desde setembro de 2020, incluindo os seis meses anteriores ao prazo final permitido. O valor da multa, portanto, seria atualmente de R$ 420 mil, até maio deste ano. Caso a validade da multa seja apenas a partir de março de 2021, o débito estaria atualmente em R$ 300 mil. Paralelamente a esta análise, acontecem negociações com a Imbeg, que teria prometido entregar o estádio este ano.
— A construtora apresentou um cronograma em que ela entregaria o campo apto para jogos durante o dia em setembro deste ano. O nosso presidente do Conselho Deliberativo (Octávio Costa Fernandes), que é arquiteto e presidente da comissão de obras, fez um relatório, onde ele aponta que, pelo andamento da obra, é impossível que este prazo seja cumprido. Mais uma vez, a gente fica confiando na palavra de pessoas que não estão preocupadas com o futuro do clube — lamenta Vagner Xavier.
Deve ser definido nas próximas semanas se o clube vai ou não abrir ação judicial contra a Imbeg.
— Esta semana, a comissão de obras entregou um relatório completo das obras, do que vai ser cumprido dentro do prazo do cronograma apresentado e o que é impossível de se cumprir. Agora, a gente vai conversar com o jurídico para saber quais passos tomaremos, pois, no meu entendimento, já existe uma multa correndo desde setembro de 2020. Vamos decidir se executaremos essa dívida, se esse vai ser o primeiro passo ou se a gente vai à Justiça direto — finaliza Vagner.
Desde a venda do Godofredo Cruz, em 2013, e sua demolição, no início do ano seguinte, o Americano passou a mandar jogos em diferentes praças esportivas. Chegou a disputar partidas como mandante no estádio Ary de Oliveira e Souza, o Aryzão, do arquirrival Goytacaz, o que deixou de ocorrer após o acirramento da rivalidade em 2017. Atualmente, a casa alvinegra é o estádio Antônio Ferreira de Medeiros, em Cardoso Moreira, que no próximo dia 22 receberá a estreia do clube na Taça Corcovado, segundo turno da Série A2 do Campeonato Estadual.
A antiga sede social do Americano foi negociada em forma de permuta com a Imbeg, durante a gestão de César Gama na presidência do clube. Foram quitadas dívidas do Cano, que ainda passou a contar com o seu centro de treinamento em Guarus e a promessa do novo estádio. Até o momento, nenhum empreendimento foi construído no lugar da estrutura demolida no Parque Tamandaré, em área de 25 mil m².

Construtora alega que pandemia motivou atraso

Procurado pela Folha, o advogado da Imbeg, Jefferson Cretton, emitiu posicionamento da empresa em nota.
— Como é sabido, os dois anos da pandemia do coronavírus trouxeram consideráveis modificações no mercado da construção civil, mormente com o fechamento de indústrias e de toda malha produtiva do setor, o que vem trazendo consequências até os dias atuais — diz a nota
— Ressalte-se ainda que foram inúmeros os decretos municipais e estaduais, que paralisaram por meses o setor produtivo e de mão de obra de nossa cidade, o que inevitavelmente desaguou no elastecimento do prazo de obra, fatos estes que foram amplamente explicitados ao Americano Futebol Clube mediante notificação remetida pela Imbeg datada de 11 de agosto de 2020 e recebida de fato em 08 de janeiro de 2021 via cartório de títulos, atentando para os termos contratualmente pactuados — complementa.
O advogado também cita negociações feitas com o clube.
— De todo modo, a Imbeg sempre procurou manter um bom diálogo com o Americano, a fim de ajustar os prazos e várias contrapartidas que têm sido realizadas em prol do clube, não incidindo qualquer penalidade ante a realidade que vem alterando os cronogramas de todas as obras sabidamente — finaliza o advogado da construtora.
  • Obra do novo estádio do Americano

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