O Grupo Folha está realizando, pela quarta edição consecutiva, a cobertura in loco dos desfiles das escolas de samba da Série Ouro e do Grupo Especial do Rio de Janeiro. O professor e pesquisador de cultura popular Marcelo Sampaio é o responsável por fazer as análises das escolas que passam pela Marquês de Sapucaí. Nesta segunda-feira (19), abrindo o grupo especial, desfilaram Império Serrano, Grande Rio, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Mangueira e Salgueiro.
Império Serrano: Com o enredo “Lugares de Arlindo” prestou uma merecida homenagem ao cantor, compositor e imperiano Arlindo Cruz e ousamos falar que fez o mais impactante início de desfile de uma agremiação vinda do acesso para o Grupo Especial.
O carnavalesco Alex de Souza caprichou nas fantasias das alas e nos carros alegóricos, o samba da parceria capitaneada pelo campista Aluísio Machado, composto em acróstico com o nome completo do homenageado, funcionou muitíssimo bem na avenida.
O canto do intérprete Ito Melodia, estreante na verde-e-branco de Serrinha, se encaixou perfeitamente na fantástica bateria comandada pelo mestre Vitinho com os seus tradicionais agogôs!
Acadêmicos do Grande Rio: A escola decidiu tentar conquistar o bicampeonato do Grupo Especial com o enredo “Ô Zeca, o pagode onde é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, te abraçar, pra beber e batucar!” homenageando o cantor e compositor Zeca Pagodinho.
Os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora desenvolveram na avenida a cultura das ruas, a poesia do samba, os hábitos do povo carioca.
A escola veio grandiosa e luxuosa, mas na nossa opinião faltou um pouco mais de espontaneidade que é uma das características mais marcantes do homenageado!
Mocidade Independente de Padre Miguel: Escola trouxe para a avenida o enredo “Terras de meu céu, estrelas de meu chão” para falar do legado dos artistas do Alto do Moura, discípulos de Mestre Vitalino.
O carnavalesco Marcus Ferreira fez um mergulho na artesania popular nordestina que é referenciada no Brasil, no continente americano e até mesmo no mundo.
A escola teve como um dos destaques do quarto carro alegórico, “O nosso barro sacro de cada dia”, o campista Marcelo Moreno com a fantasia “Salve, o Divino!”, porém fez uma apresentação extremamente burocrática e com um visual muito opaco!
Unidos da Tijuca: Escola desenvolveu na avenida o criativo enredo “É onda que vai, é onda que vem… Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha terra”.
Nele o carnavalesco Jack Vasconcelos trouxe as memórias e os encantos das águas da baía, não pretendeu abordar o estado da Bahia.
A escola, no entanto, não apresentou um conjunto visual atraente e o samba mesmo sendo bem interpretado pelo Wantuir e sua filha Wic Tavares não empolgou. O destaque da agremiação foi a exuberante bateria comandada pelo genial mestre Casagrande!
Acadêmicos do Salgueiro: A agremiação levou para a avenida o enredo do carnavalesco Edson Pereira “Delírios de um Paraíso Vermelho”, inspirado no saudoso Joãosinho Trinta.
Com ele lançou uma interessante reflexão sobre o certo e o errado, mostrando diversas facetas desta discussão através de um confronto de cores.
A escola mostrou uma bateria forte sob o comando dos mestres Guilherme Oliveira e Gustavo Oliveira, um visual luxuoso e bem acabado nas fantasias e carros alegóricos, além do campista Nelcimar Pires como destaque fantasiado de “Senhor das Trevas” no segundo carro alegórico intitulado “A batalha épica do bem contra o mal”. Pena ter tido problemas com carros alegóricos no início do seu desfile e no Setor 10!
Mangueira: Com o enredo “As Áfricas que a Bahia canta”, a Estação Primeira exaltou a força da negritude na formação da identidade cultural dos baianos.
A dupla de carnavalescos formada por Annik Salmon e Guilherme Estevão desenvolveu o tema relacionando-o com a origem da comunidade mangueirense.
A escola fez um desfile arrebatador no qual a bateria dos mestres Taranta Neto e Rodrigo Explosão proporcionou um excelente desempenho dos intérpretes Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz no canto do sambaço de Lequinho e companhia. Terminamos com o refrão da Sapucaí até aqui, “Eparrey Oyá! Eparrey Mainha!, Quando o verde encontra o rosa, Toda preta é rainha”!
Fotos: Marcelo Sampaio