*Felipe Fernandes
29/06/2022 05:06 - Atualizado em 27/06/2022 22:53
Lançado em 1995, “Toy Story” é um marco. O primeiro filme da Pixar marcou toda uma geração. seja pelo encantamento da qualidade da animação ou pelo excelente roteiro, foi um tremendo sucesso, que apresentou ao mundo um estúdio que elevou as animações para um outro nível e fez da dupla Woody e Buzz dois dos personagens mais queridos da sétima arte.
Passados 27 anos, a Pixar faz seu primeiro spin-off e resolve apostar em sua franquia mais famosa. “Lightyear” conta a origem do patrulheiro espacial, apresentando o personagem que encantou o pequeno Andy e deu origem ao brinquedo que é o grande agente motivador da história do “Toy Story” original. O filme segue Buzz após uma missão que faz com que ele e sua tripulação acabem presos em um planeta hostil e fiquem abandonados a 4,2 milhões de anos-luz da Terra. Através das leis do espaço e tempo, ele tentará encontrar uma forma de voltar para casa. Para isso, contará com a ajuda de um grupo de recrutas e do gato-robô Sox (Peter Sohn). Para piorar a dificuldade da missão, eles encontrarão o vilão Zurg (James Brolin), que chegou ao mesmo planeta para cumprir uma missão misteriosa.
Certamente, muitos dos fãs de “Toy Story” vão para o cinema esperando por uma certa nostalgia. Fato é que o filme é sobre o Buzz. Mas, esqueça o brinquedo que faz parte de nossa infância. Ao retratar o filme que deu origem ao brinquedo, somos apresentados a outro personagem, até mesmo com um visual diferente; uma decisão coerente com a proposta, mas que pode frustrar alguns mais desavisados.
A história traz Buzz como um renomado patrulheiro que, ao se sentir culpado pelo fracasso de sua missão, praticamente abandona a vida em prol de permitir que tanto ele quanto sua tripulação retornem para seu próprio planeta e, no caso dele, para suas aventuras pelo espaço. O filme adota o tom de aventura, com um apelo bem infantil, ainda que aborde temas como obsessão, egoísmo e amizade. Mas, a mistura de diversão para crianças e adultos (uma marca da Pixar) aqui não fica bem equilibrada. Repleto de referências a clássicos da ficção científica, o filme mantém o alto padrão de qualidade das animações da Pixar, ainda que não encante ou seja inovador nesse sentido. O grande problema do longa reside em seu roteiro. A trama traz elementos de viagem no espaço e no tempo, e trabalha a obsessão de Buzz em concluir sua missão como a grande temática da obra.
Partindo desse tema, acompanhamos Buzz com um grupo de recrutas e um gato robô em sua missão. Os personagens coadjuvantes são poucos carismáticos, funcionando praticamente como alívios cômicos, sendo Izzy seu elo de conexão com o seu tempo, e o robô Sox o personagem mais carismático e divertido, mas que, convenientemente, resolve várias questões com sua tecnologia.
O filme é pouco criativo. Seja em suas cenas de ação, seu visual ou em seu desenvolvimento, é um longa que nunca encanta. Tudo muito previsível e genérico, duas características pouco comuns em obras do estúdio. O filme trabalha seus temas de forma muito convencional, temas estes já abordados em outros longas do próprio estúdio, mas com mais originalidade e sensibilidade.
Fato é que “Lightyear” parece um produto feito diretamente para o streaming da Disney e que só ganhou os cinemas devido ao carinho afetivo do público com o personagem, que nem é o mesmo aqui. É a Pixar no piloto automático, em uma animação que não faz jus ao seu legado nem ao personagem. Ao infinito e além nunca pareceu tão distante.