Rodrigo Gonçalves
10/05/2024 08:46 - Atualizado em 10/05/2024 08:56
Visita de educadores brasileiros ao Japão
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Arquivo pessoal
Após uma Incrível imersão na Educação Japonesa, proposta pelo Grupo Arco durante 10 dias, trago aqui algumas vivências e experiências adquiridas que marcaram a vida de aproximadamente 30 mantenedores de Escolas privadas de diversos estados brasileiros, conveniados ao Sistema Positivo.
Após conhecer mais de perto algumas escolas brasileiras e uma escola pública japonesa, pudemos constatar que, no Japão, a base do Projeto Político-Pedagógico (PPP) é sustentada pela tríade da obediência, senso coletivo e disciplina. Este modelo se entrelaça com a cultura de acolhimento, um valor fundamental tanto nas escolas japonesas, quanto nas brasileiras em território japonês. As escolas brasileiras no Japão atendem especificamente aos brasileiros que lá vivem. Isso ocorre porque os pais voltam ao Brasil e desejam que os seus filhos frequentem a escola em seu idioma nativo ou porque eles têm pouca experiência ou conhecimento da cultura ou língua japonesa.
Depois de registrar um fraco desempenho nas últimas pesquisas PISA, o Japão alcançou resultado de alto nível nas três modalidades: Matemática, Leitura e Ciências, mantendo-se entre as primeiras posições no último exame realizado em 2022.
Os alunos compartilham responsabilidade, aprendem a importância de cuidar e conservar o meio ambiente , são encarregados de apresentar a escola a outros novos, promovendo um ambiente inclusivo e solidário, enquanto as famílias demonstram respeito pela escola e valorizam o senso coletivo. Nessa abordagem, a educação integral transcende os limites da sala de aula, ensinando não apenas conteúdos acadêmicos, mas também valores, como respeito, disciplina e noções básicas de sobrevivência e independência.
Essa abordagem combina elementos tradicionais com o interacionismo, embora a individualidade do aluno ainda seja uma área a ser desenvolvida no contexto japonês. A estrutura escolar é marcada pela organização, apoio esportivo e participação ativa das famílias na educação de seus filhos, criando um ambiente de aprendizado incrível.
Uma outra grande diferença no ensino japonês se dá através da inclusão, que possui escolas de necessidades especiais dedicadas a alunos com deficiências mais graves, proporcionando um ambiente e currículo adaptados às suas necessidades individuais, além de salas de apoio parcial nas escolas regulares que dão suporte adicional para alunos com deficiência leve e moderada, permitindo que eles frequentem aulas regulares com o apoio necessário.
Outra curiosidade são os jogos internos esportivos. liderados pelos alunos do terceiro ano do Ensino Médio, exemplificando o dinamismo dessa comunidade educacional, que está em constante adaptação. Para os japoneses, a adaptação às regras e costumes locais é fundamental para quem chega ao país.
Apesar das virtudes desse sistema, o Japão tem enfrentado desafios significativos com taxas de suicídio. Vários fatores contribuem para isso, incluindo pressão social, estigma associado a problemas de saúde mental e o ambiente de trabalho intenso. O governo e várias organizações têm trabalhado para abordar essas questões, oferecendo apoio e serviços de saúde mental.
No Japão, a integração entre tecnologia e respeito ao trânsito é uma marca registrada, refletindo em uma cultura de segurança e ordem nas vias públicas. A avançada infraestrutura tecnológica é aliada ao compromisso coletivo com o cumprimento das regras de trânsito, destacando-se o respeito ao sinal, à faixa de pedestres e à segurança como pontos fundamentais.
Apesar dos desafios enfrentados, a Educação no Japão continua a ser admirada por sua ênfase na disciplina, no senso coletivo e no compromisso com a excelência acadêmica. A integração entre valores tradicionais e inovação tecnológica cria um ambiente de aprendizado único, onde os alunos não só adquirem conhecimento, mas também desenvolvem habilidades essenciais para a vida. Com o apoio do governo e da comunidade, o Japão está trabalhando para enfrentar os desafios de saúde mental e criar um ambiente mais saudável e inclusivo para todos os seus cidadãos.
Infelizmente não consigo relatar em um só texto todas as experiências vividas nessa imersão, mas vamos tratar através de outros artigos, vídeos e entrevistas essa incrível aprendizagem não só sobre a cultura do Japão, como também as trocas realizadas com os diretores das escolas do Brasil nas suas mais diversas diferenças e peculiaridades.
Educador e empreendedor em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, sou graduado em Educação Física pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor concursado da área no Governo do Estado do Rio de Janeiro desde 2007. Atuei como coordenador pedagógico e geral de várias escolas particulares em Campos até 2011. Fui também coordenador administrativo do Sesc Mineiro, em Grussaí, no município de São João da Barra, até 2013. Há oito anos me dedico ao Centro Educacional Riachuelo como Diretor Geral das cinco unidades, que formam hoje o Grupo Riachuelo. Sou pós-graduado em Gestão Escolar Integradora e Gestão de Pessoas pelo Instituto Brasileiro de Ensino (IBE). Atualmente também sou apresentador do programa Papo Cabeça na rádio Folha FM 98,3.
