Curadoria do conhecimento
28/11/2021 12:25 - Atualizado em 29/11/2021 11:53
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Artigo: Beth Landim*
“O homem não pode descobrir novos oceanos a menos que tenha a coragem de perder de vista a terra.”
Em tempos de pandemia, foi difícil para todos nós irmos para o isolamento, de forma pessoal e profissional, assim como está difícil o retorno para o híbrido/presencial. Porém está um tempo de rico aprendizado para os que possuem humildade intelectual para “Apreender”. Todas as áreas: educação, saúde, social, econômica, tiveram que se reinventar... E se reinventar é maravilhoso! Óbvio, que pela forma súbita que foi, tivemos que ter habilidades e competências emocionais, humanas e cognitivas para trabalharmos e respondermos aos desafios.
A propósito, uma Educação Significativa, é aquela que responde aos desafios dos tempos e da humanidade. O mundo fez ciência todo o tempo... E a educação se torna “visivelmente” relevante neste abismo antes e pós-pandemia. Chamo atenção especial para a Curadoria! Para viver um mundo com uma enxurrada de informação, trabalhar a lógica do pensamento, da escolha, do equilíbrio emocional, do empreender, faz-se necessário uma educação com um olhar de curadoria para esta nova linguagem: a interseção da tecnologia com a humanização de uma educação significativa que responda aos desafios do mundo. É como nos diz Guimarães Rosa: “Ando com fome de coisas sólidas e com ânsia de viver só o essencial. Pessoalmente, penso que chega um momento na vida da gente, em que o único dever é lutar ferozmente por introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de “eternidade”.”
No mundo conectado, um dos grandes desafios dos educadores é assumir um novo papel no desenvolvimento do pensamento e na educação das crianças, jovens e adolescentes: curadores de conhecimento. São eles que, através de novas metodologias de ensino, com muita responsabilidade e criatividade estão ressignificando as práticas pedagógicas e são os responsáveis pelo engajamento dos estudantes com o conhecimento científico, matemático, histórico, lingüístico, geográfico, etc.
Em tempos de abundância de informações, em que as novas gerações (nativos digitais) parecem aprender tudo de forma independente através do uso das tecnologias digitais, a escola é e continuará sendo o pilar no desenvolvimento do pensamento. É na escola, através da mediação dos professores, que se constrói em meio a tantas possibilidades, e sob as normas dos sistemas de ensino, uma aprendizagem diferenciada, de um jeito que faça sentido, costurando conteúdos que se conectam e desenvolvem de forma integrada ao projeto de vida com conhecimentos, habilidades, atitudes e valores essenciais para a vida desta nova era.
As experiências vividas por docentes e discentes, no período de pandemia, apontam para uma nova forma de aprender, um ensino mais ativo, integrado, dinâmico, atento, aberto e flexível. Os estudantes retornam à escola cheios de sonhos, mas também carentes de afeto, sensibilidade, cuidados e atenções. Cabe aos educadores dotados de sensibilidade para escutar os estudantes, olhá-los a partir de dentro, propor-lhes novos desafios, modelos mais atraentes de aprendizagem, aulas dinâmicas e interativas, práticas, significativas, desafiadoras, instigantes e criativas.
Um novo tempo se inaugura para educação. O educador de hoje se empoderou ainda mais das tecnologias digitais e das metodologias ativas que impactam positivamente no processo de ensino e aprendizagem, utilizando estratégias inovadoras e atuais que permitem o desenvolvimento de conhecimentos e práticas pertinentes à educação inovadora.
Professores ávidos por inovações estudam novas metodologias, desenvolvem novas práticas pedagógicas e pesquisam diferentes modelos de ensino sustentados e disruptivos, segundo seu jeito próprio de compreender e fazer educação e segundo as necessidades de seus educandos. A experiência vivenciada no tempo de isolamento social, com o ensino remoto/ao vivo, fez crescer nos educadores a consciência de que o Ensino Híbrido proporciona experiências mais amplas em termos de conteúdos e modelos de ensino, recursos e pessoas envolvidas.
Rotação por estação, laboratório rotacional, sala de aula invertida, modelo virtual enriquecido através de um ensino remoto/ao vivo, são exemplos de modelos de ensino que continuarão a ser adotados em salas de aulas. Não deve haver rigidez na escolha de modelos, eles podem ser tantos quantos as possibilidades de trabalho que levem ao educando a desfrutar de espaços mais leves, agradáveis e motivadores.
Aulas expositivas, cansativas e monótonas não fazem mais sentido. Elas serão substituídas por atividades em espaços interessantes, motivadores e estimuladores, espaços de pesquisas e projetos (laboratórios e Maker Space), de forma síncrona e assíncrona. O presencial é insuperável para contatos mais próximos, para práticas mais reais e engajadoras, para debates e discussões, que possibilitam criar vínculos afetivos essenciais ao desenvolvimento humano dos educandos.
Mentes são como paraquedas, só funcionam abertas... Que tenhamos cada vez mais humildade intelectual e abertura de nossos olhares ao mundo, percamos de vista a Terra, e com certeza encontraremos um oceano de conhecimento, pois somente a Educação liberta.
*Educadora e vice-diretora do Isecensa

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