Precisamos um do outro para viver
28/11/2021 12:06 - Atualizado em 29/11/2021 11:41
Artigo: Héllen Gomes*
Os anos de 2020/2021 foram mundialmente atípicos em todos os aspectos. A pandemia abalou toda a humanidade e fez com que todos precisassem se reinventar e se superar para vencerem esse grande desafio.
Tal desafio foi enfrentado, também, pelas escolas. Todos os setores tiveram que sofrer adaptações, dentro das limitações impostas pela realidade.
O ensino online logo ganhou força e passou a ser a forma de as escolas fazerem valer o ano letivo, porém, apesar de ser a única solução para o momento, muitos alunos apresentaram dificuldade para aceitar e se adaptar. Não só os filhos, mas muitos pais também demonstraram essa dificuldade e até rejeição ao novo método de ensino.
No começo foi um susto para todos. Alunos que tiveram que aprender a distância sem ao menos terem sido preparados para essa nova realidade. Pais que foram obrigados a se verem na difícil missão de escolarizar um filho enquanto trabalhavam dentro da própria casa. Professores que precisaram se adaptar e muitos não tinham nem equipamentos para isso.
Foi um momento de caos e a boa, velha e necessária parceria que tanto lutamos entre escola e família foi imprescindível para avançarmos nesse processo.
Pois bem. “Vencemos”. Entre aspas, porque a luta ainda não acabou. Na verdade temos ainda uma guerra pela frente, pois como escola, agora com o retorno presencial, é que poderemos mensurar melhor os efeitos na vida dos nossos alunos não apenas na questão dos prejuízos na aprendizagem no que diz respeito a conteúdos que deveriam ser aprendidos e nas habilidades que deveriam ser desenvolvidas, mas principalmente no aspecto emocional.
Durante o isolamento muitos alunos desenvolveram estresse, ansiedade, depressão, tendência suicida e à automutilação. A proximidade com a família em tempo quase integral foi muito positiva em famílias bem estruturadas e que possuem bom relacionamento, mas há casos em que a convivência dentro de um lar conturbado desencadeou sérios problemas que interferiram nas relações sociais e, consequentemente, na aprendizagem.
Muitos pais e alunos nos procuram solicitando ajuda. Por vezes, professores observam comportamentos atípicos e nos informam. É neste momento que entramos em cena. Primeiro, fazemos contato com quem trouxe a demanda para entendermos melhor a queixa e depois avaliamos se a necessidade do aluno é cognitiva ou emocional, então, encaminhamos para o setor de psicopedagogia ou para o setor de psicologia para dar o apoio necessário.
Em casos mais comprometedores, conscientizamos os responsáveis sobre a importância de fazer acompanhamento contínuo com profissionais da área fora do ambiente escolar e fazemos os devidos encaminhamentos.
O mundo mudou. O que nos espera ainda é um tanto desconhecido. Precisamos estar preparados, mas não sabemos ao certo o que enfrentaremos. Não há uma receita pronta que nos dará o produto final que desejamos. Mas uma coisa aprendemos nessa pandemia e não podemos mais esquecer: somos seres interdependentes, ou seja, precisamos um do outro para vivermos.
*Psicóloga do Departamento da Família do Centro Escola Riachuelo

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