A safra da cana-de-açúcar de 2021/22 foi cercada por boas expectativas em Campos. Agora, no final de outubro, ela chega ao seu fim, com as duas usinas da cidade gerando uma receita bruta de aproximadamente R$ 600 milhões. Autoridades do setor na planície goitacá, Frederico Paes, vice-prefeito e presidente da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), e Tito Inojosa, presidente da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), confirmaram os bons resultados obtidos pelo setor energético da biomassa e mantêm as expectativas nas alturas para os próximos anos. O presidente do Grupo MPE, Renato Abreu, também fala das novas fontes de ernegia.
Mesmo diante de alguns contratempos causados pelo clima na região – que resultaram numa moagem cerca de 20% menor que o previsto –, a safra 2021/22 exerceu um fator decisivo na geração de empregos em Campos e em municípios periféricos, como São Francisco de Itabapoana, deixando ambas as cidades bem classificados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged): “O setor sucroenergético puxou isso (empregos) em um momento difícil causado pela pandemia. Isso foi puxado pelas contratações do setor”, pontuou Frederico Paes.
— Sabemos que a atividade no setor sucroenergético é sazonal. Irão haver demissões, mas a expectativa é que haja manutenção de empregos para a reforma de Paraíso e também para a entressafra da Usina Coagro-Sapucaia, devido ao plantio de cana — acrescentou.
Para quem investe, a safra também compensou pelos preços atrativos que estão sendo puxados por um mercado internacional aquecido no setor sucroenergético. Isso só motiva os investimentos na região e faz com que, apesar de um volume de matéria prima menor do que o esperado, o resultado deste ano tenha compensado em termos de faturamento.
— O Brasil praticamente já vendeu a safra do ano que vem de açúcar, então a tendência é que nós iremos continuar com esses preços bons. A gente tem uma expectativa de aumento (de safra), a depender da chuva, de 20% à 25% para o ano que vem — explicou Tito Inojosa, presidente da Asflucan.
O promissor futuro e renascimento do setor, outrora o mais importante da região, faz com que Frederico Paes compartilhe algumas de suas perspectivas futuras. Ele está otimista diante da reforma e retorno da Usina Paraíso: “Vai ser uma usina modelo para o Estado do Rio, e quem sabe para o Brasil. Sua produção inicial vai ser apenas de etanol, mas irá desfrutar de uma tecnologia de ponta no sentido ambiental e ecológico, fazendo dela uma das mais limpas do mercado”.
A previsão é que Paraíso retorne a moer no final de 2022 ou no início de 2023, dependendo do andamento da reforma.
Por isso Frederico conclui: “Se há dois anos eu falava em retomada do setor, hoje tenho certeza que ele retomou suas atividades e agora só temos crescimento mais pela frente”.
Grupo MPE estará no leilão emergencial
A MPE Participações em Agronegócio, do grupo MPE, proprietária da Usina Sapucaia, em Campos, se prepara para participar do leilão emergencial preparado pelo governo federal para construção de usinas para socorrer o setor energético no país. O presidente do Grupo MPE, Renato Abreu, fala do projeto para construção de três blocos, em terras da Sapucaia, em área próxima a Substação de Furnas, na BR 356. O leilão vai acontecer no próximo dia 25.
— O leilão emergencial do governo é para suprir a demanda, com construção de usinas em seis meses, no máximo. As fontes de energia podem ser óleo pesado, diesel ou gás. Vamos participar com o modelo de gás, já que na nossa região tem gasoduto. Essa energia é para a região sudeste onde a chuva foi insuficiente e as represas estão vazias — disse o presidente do Grupo MPE.
Quanto à corrida para produção nacional de energia alternativa, Renato Abreu explica que ela é importante, mas não resolve totalmente o problema, porque precisa de adventos como vento, sol e a forma de armazenar é complicada. Por outro lado, considera muito mais viável para veículos do que para sustentar um sistema nacional de energia elétrica de uma cidade de porte médio ou grande. “As energias solar e eólica serão sempre importantes, principalmente quando voltada para o uso no transporte urbano. No caso do transporte de massa, por exemplo, essa energia será acumulada em baterias”, destaca.
Ainda de acordo com ele, quando se fala em biomassa, a Usina Sapucaia tem uma geração para consumo interno. Porém, destaca que existe uma sobra. “Ano que vem colocaremos essa sobra disponível para o mercado”, informou Renato Abreu.
Quadro nacional — A crise hídrica levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a aprovar a contração emergencial. A disputa será para contratar energia de usinas eólicas, solares e térmicas. O período de fornecimento vai de maio de 2022 a dezembro de 2025.
No chamado público, a Aneel informa que as usinas poderão antecipar a data de operação comercial dos empreendimentos, desde que os sistemas de transmissão ou de distribuição estejam disponíveis.