O que é a “Revolução 4.0”? De acordo com a pesquisadora Suzana Kahn Ribeiro, da COPPE/UFRJ, é a transição energética, que ao contrário das outras transições ocorridas no passado, está ocorrendo com uma velocidade muito maior. O tema foi abordado, em julho passado, durante a palestra. “Mudança climática como oportunidade de desenvolvimento no pós-Covid”, dentro da programação do XIII Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) e VI Congresso Fluminense de Pós-Graduação (CONPG). A mediadora foi a professora Maria Gertrudes Justi, do Laboratório de Meteorologia da Uenf (Lamet).
De acordo com Suzana, o mundo passa hoje por uma transição energética, na qual as energias fósseis estão gradualmente sendo substituídas por energias renováveis. Isso já vinha sendo uma bandeira de alguns países e deverá se intensificar após a pandemia, pois existe o consenso de que este caminho é absolutamente necessário à sobrevivência do planeta.
— O Brasil tem todas as possibilidades de produzir energias renováveis, sejam as mais maduras como eólica e a solar, como a energia dos oceanos, obtenção de hidrogênio e uma série de possibilidades. Temos tudo na mão para direcionar nossos investimentos e retomar a economia no pós-covid. Isso vai gerar empregos e deixar o país muito mais competitivo — disse.
Quanto a “Revolução 4.0” afirma: — As mudanças estão sendo muito rápidas, e isso requer de nós mesmos e dos nossos governantes uma rapidez nos nossos ajustes. É claro que isso traz enormes angústias. Pessoas ainda na ativa hoje tem dificuldade com as tecnologias atuais. No espaço de uma geração as pessoas perdem a destreza.
Segundo Suzana, as fronteiras tecnológicas da Revolução 4.0 — um novo mundo para o qual as pessoas que estão estudando ou entrando no mercado devem estar antenadas — são a inteligência artificial, a internet das coisas, impressão 3D, robótica, genética, nanotecnologia, entre outras. E, associado a isso tudo, também há a questão da emissão de gases do efeito estufa, com todas as suas consequências.
Ela disse que os cientistas ainda têm dificuldade em prever exatamente o que vai acontecer em função desse aumento na concentração de gases na atmosfera. O aumento da temperatura média do planeta é o dado mais seguro, havendo várias outras possibilidades de “ajustes” .
— Estamos extraindo o carbono que estava estocado no petróleo, carvão, e jogando na atmosfera. Isso provoca um desequilíbrio, e a Terra vai buscar um novo equilíbrio, que pode ser um planeta um pouco mais quente ou mares mais expandidos, menos geleiras, alterações na vegetação e no regime de chuvas, etc. Ou seja, está ocorrendo um ajuste em função de uma nova realidade — explicou.
Ela ressaltou que a principal causa das mudanças climáticas é a ação do homem, principalmente na produção de energia através dos combustíveis fósseis. No caso do Brasil, porém, a principal fonte de emissões são os desmatamentos.
Para a pesquisadora, qualquer abordagem sobre desenvolvimento requer olhar para o restante do mundo. Ela lembrou que o Acordo de Paris — tratado mundial, em 2015, visando redução do aquecimento global —, estabeleceu um esforço coletivo, no qual cada país apresentou o que poderia fazer para reduzir as emissões e até mesmo o Banco Mundial já sinalizou a necessidade de precificar o carbono.
— Não estamos mais falando de uma coisa hipotética, para o futuro, uma visão romântica sobre a questão ambiental. Isso é o mundo real e está acontecendo. E não é só a questão econômica. Devido à vulnerabilidade social, existe um risco muito grande em toda a América Latina em caso de eventos como secas, enchentes, etc. — afirmou durante o Congresso de Iniciação Cientísfica.