Obra de Tim Maia é perpetuada pela Banda do Síndico
Matheus Berriel 08/11/2019 19:32 - Atualizado em 16/11/2019 12:11
Rodrigo Silveira
Morre o homem, fica a obra. Vinte e um anos após a morte de Tim Maia, seus sucessos seguem sendo executados pela Banda do Síndico, formada em sua maioria por músicos da Vitória Régia que durante anos lhe fizeram companhia nos palcos. O do Teatro Municipal Trianon, em Campos, sediou na última terça-feira (05) um tributo ao dono de uma das vozes mais marcantes da música brasileira, no evento que marcou a entrega do Troféu Folha Seca ao compositor campista Aluísio Machado.
Antes mesmo de os músicos subirem ao palco, no camarim, Tim Maia já era assunto em entrevista.
— Era uma figura muito engraçada. Todo mundo achava que era aquele cara bravo... Nada disso. Era um brincalhão, um crianção. Tem vários momentos. Nós viemos tocar em Campos em 1992, e ele veio. O show foi lindo. Ele falou para caramba no show, porque, inclusive, acho que a ex-mulher dele era daqui de Campos. E foi um show bacana para caramba. Me lembro que ele estava com uma bata de lamê bem bonita, comprada na rua do Ouvidor (risos) — contou o trompetista Silvério Pontes, um dos que trabalharam com Tim Maia.
Criada em 2008, a Banda do Síndico conta ainda com outros cinco ex-integrantes da antiga Vitória Régia: Tinho Martins (sax e voz), Jeferson Victor (trompete), Toca Delamare (teclados e back vocal), Adriano Giffoni (baixo) e Paulinho Black (bateria). As exceções são o trombonista Jeferson Victor, o guitarrista Renato Piau e o cantor Bruno Maia. Nas conversas antes e durante os shows, histórias sobre o velho amigo surgem aos montes.
— A gente tinha um estúdio no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, e do lado tinha um terreno. Mas, o terreno estava cheio de buraco e tal. Ele mandou gramar. Quando acabava o ensaio, a gente batia uma peladinha, e ele tinha que jogar, porque era o dono da bola (risos). A gente ficou jogando. E ele falou: “Já gramei o terreno, meu irmão, agora vou murar”. E murou. Quando ele murou, chegou o dono do terreno: “Muito obrigado, seu Tim Maia, o senhor murou o meu terreno” (risos). E ele: “Pô, se não chegasse ninguém seria usucapião” — relatou aos risos o saxofonista Tinho Martins.
Segundo os músicos, a duração do show de Tim variava de acordo com a ocasião. Chegou a ter apresentação com apenas de 15 minutos, enquanto outras pareciam sem hora para terminar.
— Ele brigava com todo mundo e ia embora. Mas, teve show de três horas. No Circo Voador a gente ficava com medo, porque antigamente era feito de andaime. Neguinho ficava trepado nos andaimes. A capacidade do Circo era de 500 pessoas, porque era menor no início, e colocavam mil pessoas quando a gente tocava. “O que eu quero? Sossego”, e aquilo balançava, dava medo. Graças a Deus, nunca houve nenhum problema, mas a gente ficava com medo, porque o circo balançava mesmo. Ele era demais. Três horas de show normalmente a gente fazia lá no Circo — disse Tinho. Foi ele quem convidou o sambista Aluísio Machado, já homenageado com o Troféu Folha Seca, a cantar com a Banda do Síndico no Trianon seu “Bumbum Praticumbum Prugurundum”, samba-enredo do Império Serrano em 1982.
Escolhido para dar voz à Banda do Síndico, Bruno Maia não foi companheiro dos palcos, mas também admirava o trabalho de Tim Maia. E acompanhou bem, pois conseguiu empolgar os convidados do evento da Folha da Manhã cantando músicas clássicas como “Gostava Tanto de Você”, “Azul da Cor do Mar”, “Não Vou Ficar”, “Do Leme ao Pontal” e “Não Quero Dinheiro”. O guitarrista Renato Piau, além de um solo arrebatador, também teve momentos para soltar a voz, como na canção “Aquele Abraço”.
— O Tim Maia, na verdade, o que é interessante desse grandioso artista, é que ele pega uma geração de 70 anos e vai até a uma criança. Outro dia eu ouvi uma criança cantando “Não quero dinheiro, eu só quero amar”. Isso é genial: um cara que consegue ter essa plateia, que se multiplica com a juventude. O Tim tinha essa capacidade de fazer a coisa acontecer — resumiu Silvério Pontes.
O evento do 20º Troféu Folha Seca teve patrocínio do Grupo MPE, da Águas do Paraíba, Caixa Econômica Federal e Auto Viação Brasil. Apoiaram: Forte Telecom, Rad Med, Imbeg e Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Participações: Império Cerveja Puro Malte, Palace Hotel, BL Publicidade e Propaganda, Piccadilly Bar, Abertura Promoções, Chicre Cheme, Rogil Tour e Campos Cópia.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS

    Mais lidas
    Advogado que proferiu ofensas racistas contra juíza é encontrado morto dentro de casa, em Campos

    De acordo com as primeiras informações, José Francisco Barbosa Abud foi encontrado enforcado

    Morre, aos 71 anos, o antropólogo e advogado Alberto Ferreira Freitas

    Velório e sepultamento aconteceram neste domingo (27) na Capela São Benedito, em Goitacazes; familiares e amigos relembram a trajetória de vida de Alberto

    Corpo do advogado José Francisco Abud é sepultado no cemitério do Caju, em Campos

    A necropsia aconteceu na manhã desta terça-feira; de acordo com o laudo prévio do IML, a morte foi por enforcamento

    Prefeitura de Quissamã é condenada a pagar R$ 100 mil por falta de preservação do Complexo de Machadinha

    Decisão é referente à ação do MPRJ para debelar o suposto estado de abandono do patrimônio histórico

    Sindicato dos hospitais alega atrasos de R$ 100 milhões e Prefeitura reafirma que repasse está em dia

    De acordo com o SindhNorte, o atraso dos repasses se acumularia desde 2016; Secretaria de Saúde diz que não há comprovações de dívida da atual gestão