Professor Jefferson defende criação do Pé-de-Meia municipal para alunos do 6º ao 9º ano
O candidato a prefeito de Campos pelo PT, Professor Jefferson, foi o último prefeitável a participar da série de entrevistas realizadas pelo programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Entre as propostas apresentadas ao vivo, nessa terça-feira (1º), ele destacou a criação do programa Pé-de-Meia municipal para alunos do sexto ao nono ano. O projeto, similar ao do governo federal, consiste no benefício de R$ 200 por mês e uma poupança ao final do ano de R$ 1 mil, se o estudante for aprovado. Jefferson também falou de propostas para as áreas de Saúde, Transporte, Economia e outros. O ex-reitor do Instituto Federal Fluminense também apontou erros e acertos da atual gestão, e afirmou que a cidade está “coagida” e “amedrontada”. Sobre as articulações políticas, o petista comentou a decisão da deputada estadual Carla Machado em apoiar a Delegada Madeleine na disputada em Campos, candidato do União Brasil. O professor também projetou fazer um vereador na Câmara, podendo chegar a dois.
Avaliação da atual gestão — “Estou muito impressionado com uma cidade coagida, uma cidade amedrontada. O que eu tenho percebido é um modelo político muito perverso nessa cidade, que coage, que supervisiona, e já perdeu a vergonha de telefonar, inclusive, para as pessoas e dizer o seguinte: ‘olha, se você não for aí, você provavelmente vai ter mais dificuldade com a gente’. Então, eu tenho observado um modelo político que se reproduz ao longo de 30 anos, um modelo que vem, de fato, coagindo a cidade, uma cidade que vem se empobrecendo. Todos os indicadores econômicos são de empobrecimento da cidade. Diferente do anúncio e da propaganda oficial, o emprego vem perdendo força aqui no município. Não é verdade que o emprego está aumentando. Pelo contrário, em 2022 nós tivemos 4.800 empregos criados, em 2023 foram 4.000. E, em 2024, já estamos quase na mesma criação de empregos de 2023, com uma diferença de 50 empregos, saiu agosto, sendo que julho e agosto, muito menor do que no ano passado. Então, se a gente olha o valor agregado fiscal, que é um dos indicadores da produção de riqueza da cidade, Campos cresceu menos 11%, se comparado com 2019, Macaé cresceu 11%, São João da Barra cresceu 110% e Maricá cresceu quase 200%”.
Erros — “Então, há um movimento na cidade, um modelo político que a gente tem que ter coragem de modificar isso. Não é republicano, não é democrático, e usa desse expediente, seja na contratação de RPAs e na demissão, uma politicagem muito forte. Então, eu quero dizer que é muito triste a gente olhar uma cidade como a nossa, com a história que nós tivemos, de pessoas tão bravas e corajosas em vários momentos históricos, e um modelo que depois... eu faço essa pergunta. Depois de 30 anos, no mesmo modelo político, pequenas mudanças, R$ 35 bilhões de royalties, nós vamos fazer um seminário, vamos imaginar que o presidente Lula vai chamar lá em Brasília um seminário das cidades. O que é que nós vamos mostrar como referência da nossa cidade? É o transporte público? É a saúde? É a educação? O que é que nós temos de referência? É a cultura? É a preservação do patrimônio histórico? O que é que nós temos para mostrar desta cidade, depois de tantos recursos públicos que foram investidos? Então, eu acho que nós temos um modelo muito lamentável e esse governo tem um álibi muito interessante, porque ele sempre se compara com o governo Rafael Diniz, que foi de resultados muito ruins para a cidade. Quando a gente começa a comparar este governo com outros municípios que recebem royalties, todos eles, a gente começa a perceber que os nossos indicadores são muito ruins. Então, não olhe para o lado, sempre olhe para trás. Então, esse é um álibi importante, e eu acho que nós temos que mudar. Eu vejo que nós temos hoje um esbanjamento de orçamento público. Nós estamos fazendo várias ações, todas elas sem um projeto de cidade. Então, eu avalio como muito ruim, diante do orçamento que nós temos”.
Acertos — “Eu digo que a propaganda oficial é muito eficiente. Isso não é nem transparência, isso não é publicidade, isso é propaganda oficial. Inclusive com uma reprodução em vários meios de comunicação, quase que sendo uma extensão do setor de Comunicação da Prefeitura. Eu nunca vi isso na Folha de São Paulo, Globo. Os meios de comunicação pegam exatamente o que sai no portal, pegam aquele release e reproduzem isso nos portais e nas suas matérias. Então eu vejo isso como um elemento, é uma propaganda oficial muito forte e com dados que eu fico espantado, inclusive errôneos. Então, por isso eu estou chamando de propaganda, não estou chamando isso de publicidade. Porque a publicidade pode ser transparência pública, e a publicidade pode ser propaganda. Então, o que tem hoje é uma propaganda muito forte, muito eficiente”.
Saúde — “Nós temos que investir muito na saúde preventiva, na Saúde da Família, nos agentes de saúde. Nós temos hoje cursos, inclusive lá no IFF, na área de enfermagem técnica e superior, Faculdade de Medicina, um conjunto de cursos de enfermagem e outras instituições particulares. E nós podemos usar, inclusive, esse conjunto de estudantes, de formandos, para a gente poder fazer um grande trabalho. Nós temos hoje muitos enfermeiros e auxiliares de enfermagem formados, que nós poderíamos fazer um grande trabalho de saúde preventiva para tentar minimizar a ida aos hospitais. Agora, também, quando você vai conversar com as pessoas, depois de sete horas da noite, primeiro que não tem transporte para se locomover, mas é difícil as pessoas conseguirem a Saúde em 24 horas, dependendo da posição que ela está. Então, nós temos que ter mais UBS 24 horas para um primeiro atendimento. Nós temos que ter um sistema de ambulâncias que funcione de verdade, que consiga chegar. Você chega em algumas comunidades, as pessoas dizem ‘olha, não tem nem ambulância para a gente aqui, que é pelo menos para dar um primeiro auxílio’”.
Mais Médicos — “Nós temos, e eu não tenho dúvida, que aproveitar hoje a relação que nós temos. Nós somos do partido do presidente da República. Nós temos o Ministério da Saúde, que voltou a, de fato, investir nesses programas que são basilares. Nós temos que ampliar o Mais Médicos aqui em Campos, o Farmácia Popular. A reclamação que tem dentro dos hospitais é que o paciente tem que comprar o remédio. Está muito bonitinho do lado de fora aquela maquiagem, está bonito, lindo. Mas dentro, está muito ruim”.
Centro de imagens e hospital oncológico — “Nós vamos fazer um centro de imagens aqui em Campos, que vai ser o primeiro passo para a gente, junto com o governo federal, a gente criar um hospital oncológico, que é uma demanda importante que nós temos aqui, para dar mais dignidade às pessoas, mas nós temos que ampliar. Então, se você tem um centro de imagens e de exames, você consegue diminuir essas filas que nós temos, mas com transparência. Não é possível você ter um sistema que você não sabe a sua vez”.
SUS digital — “Nós vamos enfrentar isso com transparência, com inteligência. Hoje você tem o SUS digital, você pode fazer um grande programa de governo eletrônico e de inclusão digital, permitindo que as pessoas acessem. Não é possível você morar no Farol, você tem que vir pessoalmente a Campos marcar consulta, você volta para o Farol, espera a ligação, que um dia vai chegar. Depois você volta para fazer a consulta. Por que você não faz isso digital? Tudo isso digital. Isso já aconteceu em Campos. Você podia ir numa UBS, fazer a marcação. Me parece que hoje isso não tem mais. Então, nós vamos usar muita tecnologia, nós vamos usar muito o programa do governo federal. A ministra Nísia, nós fomos colegas, eu como reitor, ela como presidente da Fiocruz. E não é beneficiamento pessoal não, é dizer o seguinte, nós vamos ter que articular mais programas federais para a gente mudar a realidade da Saúde aqui”.
Faculdade de Medicina — “Outra coisa que nós vamos fazer. Eu, quando fui reitor, nós construímos, com a comunidade de Guarus e os nossos professores, o primeiro curso superior na área de Saúde Pública da nossa cidade e da nossa região, que foi o curso de enfermagem, dando acesso às filhas e aos filhos dos trabalhadores a esse curso superior de Saúde. Nós vamos trazer aqui, vou articular isso com muita força, a Faculdade de Medicina de uma universidade federal. Eu tenho certeza absoluta que a gente consegue para dar oportunidade a essa juventude que não tem R$ 10, 11, 12 mil para pagar numa faculdade particular, porque isso vai trazer mais pessoas com mais empatia para criar mais pesquisas na área de Saúde. Mas o carro-chefe nosso é revitalizar as UBS, mais UBS 24 horas, mas tentar fortalecer a saúde preventiva, que é a primeira missão do município”.
Educação — “O Ideb de Campos está maquiado pela progressão automática. Houve um aumento de 14% na aprovação automática, que em média é 80 a 83%, e passou para 95%. E numa conta de multiplicar, quando você superfatura um dos fatores, você altera o resultado. Eu expliquei isso em vídeo, já falei, quem quiser pode ir lá no meu Instagram verificar. A realidade das escolas de Campos, infelizmente, por mais esforço dos nossos professores, isso aqui não é uma crítica ao professor, pelo contrário, Campos não faz concurso público para o professor. Campos tem professor com RPA. Vergonha. As escolas não têm infraestrutura adequada, mostra na propaganda oficial uma escola que parece que é da Finlândia, mas vai nas escolas para você ver, aleatoriamente, está muito ruim, não tem uma quadra de esporte decente, as salas estão superlotadas, é difícil”.
Tempo integral — “Primeiro, nós temos duas propostas primeiras, para além do concurso público, que são basilares, isso é basilar. Eu quero valorização do corpo de docentes, de profissionais da Educação. São duas propostas. Escola de tempo integral, porque essa é a proposta também do governo federal. Proposta de tempo integral, para que o aluno tenha acesso ao esporte, para que o aluno tenha acesso à cultura, para que o aluno tenha acesso ao apoio à aprendizagem. É isso que nós fazemos lá no IFF, por exemplo. O aluno tem o apoio de alimentação, ele entra 7, 8 horas da manhã e vai sair 5 horas da tarde com toda a potência, que é mais ou menos o modelo que foi tão importante aqui para o estado do Rio de Janeiro, desmantelado, que é dos nossos Cieps. Essa é a meta”.
Pé-de-Meia municipal — “O segundo é o Pé-de-Meia. Nós vamos fazer o Pé-de-Meia municipal, que é o seguinte: O aluno hoje já tem do governo federal no ensino médio, e nós vamos fazer no ensino, do segundo segmento do ensino fundamental, do sexto ao nono ano. O aluno que estiver frequentando a escola vai receber R$ 200 por mês e uma poupança que ele pode usar, e uma poupança ao final do ano de R$ 1 mil se ele for aprovado, que só pode tirar no final do percurso. Por que isso? Porque especialmente os meninos, nos sextos e sétimos anos, os adolescentes, eles estão começando a trabalhar ao mesmo tempo que estudam, porque vê a mãe passando necessidade, ele quer às vezes comprar um tênis, quer comprar um celular, quer comprar alguma coisa e não tem. Nós somos a classe média, nós damos toda a infraestrutura para os nossos adolescentes, às vezes dá uma mesada. E os meninos pobres, eles veem o drama das suas famílias. Então, com isso, nós vamos evitar a evasão escolar, evitar que esse menino e essa menina saiam da escola para poder fazer um bico, para poder, às vezes, ser aliciado pelo tráfico. Nós queremos adolescentes dentro da escola, numa escola com qualidade, com infraestrutura, com profissionais da educação respeitados. E que a gente tenha uma relação de trabalho que não seja esquartejada, porque para mim a relação de RPA, o que acontece na Prefeitura, é um esquartejamento da relação de trabalho”.
Transporte — “Na questão do transporte público, o Wladimir cometeu estelionato eleitoral. Porque ele assumiu o compromisso da passagem social, ele assumiu o compromisso de que faria diferente, não faria os terminais de Rafael, e o que vem mostrando é uma reprodução desse modelo, que é o modelo que tem no mundo, chama-se tronco alimentador. É o modelo que tem no mundo, onde? Nas regiões mais distantes, com menos número de pessoas, você tem um transporte de menor capacidade para alimentar os troncos que são de alta capacidade. Isso é um modelo internacional, isso não tem nada de novo. Ele desorganiza o transporte público, encarece a passagem e eu pergunto, o que foi feito? Foi isso. Então, assim, tem quatro anos. É importante dizer, o governo, ele é um ciclo. Se ele vai ser, se a população vai dar para ele outra oportunidade, é o segundo governo dele. E não é o único governo de oito anos. É um governo de quatro anos e, no governo de quatro anos, ele cometeu, para mim, um estelionato eleitoral no que se refere ao transporte público. O transporte público já era ruim, com ele ficou muito ruim”
Municipalizar o transporte — “Então, nós vamos primeiro municipalizar o transporte público. Vamos criar uma empresa pública de transporte. Assim como foi feito em Maricá, tem outras experiências, mas essa é a nossa referência. Por quê? Porque quando você municipaliza, você tem a gestão das linhas. O sistema de concessão ele cria dificuldades para você gerir as mudanças da cidade. Então, nós vamos municipalizar respeitando todos os contratos que existem hoje. Maricá foi assim, começou com 14 ônibus, e aí foram vencendo as concessões, ele foi pegando. E eu quero dizer, pela qualidade, não existe horário, ônibus de péssima qualidade, eu quero olhar aquele edital. Porque também, na relação público-privada, existem também as contrapartidas que têm que ser dadas e eu posso romper um contrato de concessão se o empresário, a empresa, não cumpriu com as cláusulas do contrato”.
Programa Vai De Graça — “Nós vamos trabalhar tudo dentro da legalidade, mas tudo que for vencido nós vamos passando para a empresa pública e nós vamos criar o Vai de Graça, crescente, começando com algumas categorias e a ideia é chegar ao topo. Por que isso? Isso nós vamos aumentar a circulação de pessoas, o problema do centro da cidade é que não tem gente que chega aqui. Então nós vamos aumentar a circulação de pessoas. Hoje tem aluno do IFF que abandona a escola ou que não faz prova porque não tem transporte na sua casa. Então nós vamos aumentar o acesso dos trabalhadores, dos estudantes, das pessoas para poder circular na cidade. Então, e vamos diminuir o custo de um empresário. O empresário hoje para contratar o menino de Santo Eduardo do Farol, ele é daqui do Centro, ele vai pensar três vezes. É quase 20 reais a passagem, 15 a 20 reais. Então essa pessoa fica excluída. Então nós vamos aumentar as oportunidades, democratizar as oportunidades com o Vai de Graça. Eu não tenho dúvida, esse é um dos maiores investimentos na economia de Campos”.
Segurança — “Eu sei que esse tema do armamento é um dos primeiros que aparece, porque acham que nós, no campo progressista, somos contrários ao armamento da polícia. Nós não somos contrários ao armamento da polícia. Nós somos contrários à banalização e à massificação de armas para as pessoas, como foi feito no governo passado, à facilitação, porque isso vai para o crime organizado. Você armar a polícia, são pessoas preparadas, é o Estado que tem que ter isso. Estou falando da polícia de maneira geral porque nós vamos transformar a Guarda Municipal na Polícia Municipal Comunitária. Isso é um projeto de lei que está posto no Congresso Nacional, que vai ser aprovado, que a relatora é do Partido dos Trabalhadores, para que a nossa Guarda Municipal ganhe outras competências, mas vai ser uma Guarda Municipal comunitária e de aproximação. Vai virar polícia, vai ser armada, na medida da formação, na medida do agrupamento, isso inclusive é uma demanda de muitos da Guarda Municipal, até pelo risco que eles correm”.
Pronas — “Agora, quando virar Polícia Municipal, o que vai acontecer? Nós vamos poder receber recursos do Pronas, que é o programa do governo federal, do presidente Lula, que foi abortado nos tempos anteriores, mas para ter mais infraestrutura. Por exemplo, hoje a Ronda Escolar, nós temos mais de 140 escolas. Sabe quantos carros tem a Ronda Escolar hoje? Dois, para fazer toda a ronda escolar. Então, nós temos que equipar. Nós temos que ter uma patrulha Maria da Penha para dar apoio à proteção da mulher. Nós temos que ter uma patrulha rural para dar apoio a quem mora no campo. Então, assim, são muitas possibilidades que nós temos e no nosso programa está muito claro. Nós vamos ter uma polícia municipal, mas comunitária, articulada com as demais forças policiais”.
Revitalização do Centro — “Nós vamos criar a moeda social. A moeda social, todos os programas municipais, eles vão estar lastreados pela moeda social. Moeda social equivale ao real, mas tem uma diferença gritante. Você não pode comprar pela internet. Você só pode comprar no comércio local. Então, nós vamos ter mais gente no Centro e com poder aquisitivo para poder circular o dinheiro aqui. E a gente pode fazer programas de indução com a moeda social. Por exemplo, eu quero diminuir o custo da energia elétrica na casa das pessoas. Então, eu vou fazer um grande programa de energias alternativas, de energia solar. Hoje, você vai e compra em São Paulo as placas solares, contrata um técnico aqui, uma empresa, e ela vai e resolve. Nós fazemos um programa, você divide em oito anos, faz um empréstimo em moeda social e aí você obriga que toda a compra seja feita no comércio local. Então essas são alternativas de você fazer circular mais dinheiro e também você circular mais pessoas pelo vai de graça. Esse é um exemplo”.
Centro multifuncional — “Nós vamos circular pessoas com dinheiro, mas o Centro precisa funcionar com atividades turísticas, com atividades culturais, como está acontecendo no Rio de Janeiro. Você induz isso através de políticas de IPTU, de incentivo, de empréstimos. Então, você pode fazer um Centro que funciona de 8h às 17h ou 18h, você vai funcionar até às 22h. Então, você aumenta a circulação, isso aumenta a segurança. Mas se você consegue fazer uma política de fazê-lo multifuncional, além de comércio, além de cultura e lazer, você também trazer moradia, aí o Centro funciona 24 horas. Você pode ter uma pequena padaria 24 horas, isso também aumenta a segurança. Então o Centro tem que virar multifuncional, tem que ser comércio, tem que ser cultura, lazer e turismo histórico e tem que ser moradia. Essa é a política. Eu quero frisar que o atual governo nada fez e essa é a política que nós queremos implantar. Mas, rapidamente, com tarifa zero e moeda social, nós vamos já dar um movimento muito importante”.
Agropecuária — “No primeiro ano de governo, e essa vai ser a ação mais contundente, nós vamos investir muito na produção de alimentos. Nós temos 7 mil pequenos produtores, nós temos mais de 1.300 assentados. Tem muita gente querendo viver da sua experiência, ter o seu direito à terra, produzir ali, e nós vamos fazer um grande movimento nessa direção para produzir alimentos. Não é possível uma escola em Pernambuca, e você tem ali um assentamento, e você não ter uma merenda descentralizada, o valor, e permitir que a diretora da escola, com o conselho da escola, não faça compra direta ali daquela comunidade. Isso melhora a qualidade do alimento, isso é mais saúde. Nós fizemos isso lá no IFF. O IFF é um dos maiores compradores da agricultura familiar desse município. Isso foi uma decisão política, porque hoje há legislação, uma legislação que o governo nosso do Partido dos Trabalhadores conseguiu construir”.
Maiores resultados — “Nós vamos investir muito, porque Campos tem que ser o líder em produção de alimentos, nós somos a maior área em extensão territorial. E isso, no primeiro ano, é o que vai talvez trazer mais resultados econômicos de geração de emprego e renda para o nosso município. E isso está muito associado ao governo do presidente Lula, que voltou a colocar o Plano Safra e uma série de investimentos na agricultura, porque nós temos uma pauta, é o combate à fome. E para combater a fome você tem que produção de alimentos. E quando você produz alimentos e mais alimentos, o alimento fica mais barato. E é essa forma que nós vamos governar. Muito sintonizado com o governo federal, com as grandes políticas, para a gente fazer uma revolução no campo”.
Pesca artesanal — “Nós vamos ter um investimento muito forte na pesca artesanal aqui, que é um grande setor do nosso município. E no beneficiamento na agroindustrialização dessa área para beneficiar, seja do ponto de vista da agricultura quanto à questão do pescado, dando apoio às famílias, às marisqueiras, enfim, nós vamos ter políticas muito sérias nesse ponto”.
Economia — “Os governos dos últimos 30 anos, do ponto de vista orçamentário, foram irresponsáveis. Nós vamos criar o fundo soberano. A Noruega, hoje, ela tem o maior fundo de investimento do mundo, com mais de um trilhão de euros, os noruegueses podem passar 100 a 200 anos sem trabalhar, porque eles pouparam. Se eu tenho um recurso abundante e finito, eu guardo uma parte dele. Então eu quero reforçar. Foram irresponsáveis, inclusive o atual governo. O fundo soberano vai ser responsável pelo futuro, pela poupança futura, mas também parte dele é para investir na atividade econômica, para criar outros ciclos econômicos. Eu vejo hoje uma grande oportunidade para Campos. Pelo PAC, o governo federal do presidente Lula, tem um compromisso não só do combate à fome, mas a geração de emprego e renda e um novo ciclo que ele chama de neoindustrialização, que é uma industrialização baseada no conhecimento do século XXI. Então nós estamos falando de transição energética, que tem muitas oportunidades aqui, porque um dos elementos da transição energética, da neoindustrialização, é o conhecimento, é a pesquisa e nós temos o polo universitário”.
Transição digital — “Outro ponto é a transição digital, que também está dentro da política do governo federal, onde você associa isso à economia criativa, que é uma das economias, por exemplo, nos Estados Unidos, que cresce, salvo engano, cinco vezes mais do que a economia tradicional. Então, nós temos aqui uma base cultural muito forte. Nós temos universidades com cursos de tecnologia, de engenharia de computação, de sistema de formação na Uenf, no IFF, nas escolas particulares. Então nós temos esse movimento e uma cultura muito pujante, cursos de design, enfim, a economia criativa”.
Bioeconomia — “Uma outra é a bioeconomia. A bioeconomia é isso. Nós temos uma extensão territorial agricultável enorme e nós temos inteligências. Hoje a Uenf, por exemplo, tem cultivares estudados e adequados às diferentes regiões de Campos. Então, é colocar inteligência para a gente ter uma agricultura nova, uma agricultura rentável, valorosa. Então, a bioeconomia, que vai muito para além disso, eu acho que a gente pode avançar”.
Indústria de fármacos — “Se a gente conseguir criar o hospital oncológico que a gente quer, se a gente conseguir trazer a faculdade de medicina federal para cá, juntamente com a tradição da saúde que nós temos, hospitais, o curso superior de enfermagem que nós temos no IFF, o curso de biologia na Uenf, o curso técnico de química, no IFF também. Eu estou falando porque muitos alunos vão trabalhar na área de fármacos, nós poderemos construir um novo ciclo de industrialização na área de fármacos, que só perde talvez de lucratividade para armamento e petróleo. Então, por exemplo, hoje os fármacos, você vai em Maricá, estão lá com um grande projeto. Nós vimos o que foi na época da pandemia. A Índia é uma das maiores produtoras de vacina. Você tem a inteligência, você tem a cultura da saúde, você traz uma faculdade federal de medicina, que vai trazer, então, professores para continuar pesquisando nessa área. Você tem na Uenf, você tem no IFF, você tem nas faculdades particulares, nós na área de saúde, você tem hospitais, uma rede. Nós podemos ser um grande centro de industrialização de produção de fármacos”.
Emprego — “Para mim, o grande problema dessa cidade chama-se geração de emprego e renda. Todas as outras questões estão articuladas com essa. É lamentável que um jovem hoje, para conseguir um emprego de qualidade, ele tem que ir para Macaé, ele tem que ir para São João da Barra, ele tem que ir para um outro estado. Nós somos o maior polo universitário aqui do interior do estado do Rio de Janeiro. Macaé criou 8 mil empregos. Contratou 1.100 pessoas com educação superior. Campos produziu, gerou 4 mil empregos. Você sabe quantas pessoas de ensino superior foram contratadas em Campos no final do ano passado? Quer dizer, fazendo a contabilidade final, menos 32 pessoas. Nós demitimos pessoas com ensino superior. Isso significa que nós estamos exportando nossos talentos, que nós estamos fazendo com que o jovem que se forma aqui não consegue se empregar aqui, porque aqui não tem indústria, aqui não tem serviços especializados. A única coisa que cresce em Campos hoje são serviços de baixa especialização, atendente de loja, de supermercado, de farmácia, que tem dignidade, não tem problema nenhum. Mas isso está caracterizando Campos como uma cidade dormitório, onde os nossos talentos e quem se forma aqui, ele vai para outros lugares e voltam para dormir aqui.”
Cultura — “Nós temos um plano de cultura, mas o Fundo de Cultura não tem orçamento. Estou assumindo aqui o compromisso de 1% do orçamento público para a Cultura. E nós vamos ter a mesma coisa para o patrimônio histórico, 1% do nosso orçamento vai ser para o patrimônio histórico. E uma cidade com a história que nós temos, seja cultural, seja patrimonial, nós temos que ter muita seriedade. Mas nós não vamos fazer isso de maneira só. Nós temos que conversar, construir o conselho, o plano, no caso do patrimônio histórico, salvo engano, não tem nenhum planejamento. Não tem fundo de pesquisa, apesar de ter, foi aprovado por Arnaldo lá atrás, mas nunca colocou dinheiro. Então, nós vamos descentralizar esse recurso para que os conselhos tenham poder junto com o Poder Público, para poder construir as políticas públicas, porque tem que ter dinheiro. Não adianta eu falar de Cultura, se eu não tenho dinheiro”.
Pesquisas — “Não existe a oposição. Existem oposições. Colocar tudo no mesmo saco é descredenciar as diferentes posições que nós temos. Então, eu quero aqui deixar primeiro registrado, e essa ação com relação à pesquisa não foi feita pela nossa candidatura e pelo nosso grupo político, que nós estamos colocando. Eu quero também afirmar aqui que eu acredito em pesquisa. Eu não poderia, como alguém da área da ciência, não acreditar na pesquisa. Agora, eu também acredito nas manipulações de pesquisa. Falo isso de pesquisas científicas contratadas pela indústria do tabaco, que muitas delas foram deturpadas, da indústria do café, que foi muitas vezes deturpada, e de pesquisas eleitorais, que também são manipuladas. Então, infelizmente, essa realidade, eu não estou dizendo, aqui eu não posso falar que A ou B é manipulada, mas dizer que, assim como eu acredito nas metodologias de pesquisa, eu também acredito nas manipulações da pesquisa. Então eu vou falar do que eu estou vivenciando, e naturalmente, inclusive como um cientista, eu não posso pegar o particular e generalizar para o todo. A ciência é a capacidade de você articular, ou pelo menos tentar avaliar e construir uma realidade, um modelo matemático, um modelo que possa representar o todo. A minha experiência pessoal neste tempo, e eu estou falando da minha experiência, é de um carinho crescente da população, em vários lugares da cidade. E nós estamos trazendo aqui para a nossa população um conjunto de elementos para alertar a população diante da gravidade da situação que nós temos. Nós estamos no final do ciclo do petróleo. Eu sempre falo, se o ciclo do petróleo fosse um dia, o meio-dia de Campos já acabou”.
“Governo falou sozinho” — “Acho que nós tivemos quatro anos de um governo que falou sozinho, três anos. Acho que a oposição a este governo, a oposição que eu falo ali na Câmara dos Vereadores, eu acho que errou muito nas suas estratégias, porque eu nunca vi pessoas independentes com cargos no governo, muito sinceramente. E depois, no último ano, então foi falando sozinho, foi colocando as suas versões. Não havia uma pacificação, havia uma trégua. E, de repente, isso se rompe. E eu digo, gente, olha, a responsabilidade de nós termos uma imagem, uma propaganda que, de fato, está em muitos eleitores, eu digo a vocês, eu acho que houve um equívoco de uma oposição que construiu uma trégua e depois rompe essa trégua, era uma trégua, e aí você às vezes perde até o crédito na hora que você faz essa oposição. Eu simplifiquei muito, mas digo que muito dessa propaganda official, o governo ficou falando sozinho, sem nenhuma réplica, sem nenhum questionamento. E aí, quando você vai fazer isso só no último ano, isso gera uma desconfiança, inclusive, na população”.
Campanha — “O tempo de campanha é muito pequeno, mas eu tenho visto que as colocações que nós fazemos, os projetos que nós fazemos, que nós apresentamos, eles estão sendo vistos por uma parte muito expressiva da população. Eu não sei medir o quanto, mas é crescente, especialmente depois da propaganda de televisão. Então eu quero aqui dizer que hoje a televisão, para quem acredita que não tem uma eficiência, a minha campanha, por exemplo, ela se transformou depois da propaganda oficial em rádio e TV. Eu não sei o quanto foi de rádio, eu não sei o quanto foi de TV, mas nós chegamos aos lares das pessoas e as pessoas têm refletido sobre o que nós estamos vivendo. E eu estou muito entusiasmado, porque nós estamos construindo um projeto de cidade que está trazendo para as pessoas, olha, pode fazer diferente. E quero trazer aqui uma frase de Einstein, que eu já acho que em algumas outras propagandas, em outros programas eu já falei. Einstein diz que é uma insanidade continuar fazendo as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. Este modelo político do atual governo, que se reproduz em 30 anos nessa cidade, vai levar a gente para um caos. Não há nenhum elemento inovador que possa criar novos, estimular vetores econômicos diferenciados. E estamos perdendo uma oportunidade grande”.
Aprovação x Favoritismo — “Não é desmontar essa aprovação. Porque quando a gente olha os dados, abre os dados, eu tenho absoluta certeza que quem diz que o governo é ótimo, vai votar no governo. E quem diz que o governo é péssimo, não vai votar no governo. Quem diz que o governo é bom, tem uma probabilidade muito grande de votar no governo. Mas quem diz que o governo é regular, ele não necessariamente tem esse mesmo caminho. Então, quando a gente começa a olhar ótimo, bom e regular, não estou falando só da pergunta, aprova, desaprova, estou olhando de maneira geral. Então, quando você olha isso, não são 70% de ótimo e bom. Você tem o regular ali, que deve estar na faixa de uns 20%, porque eu não me lembro exatamente”.
Apoio de Carla Machado — “O nosso partido, o nosso entendimento aqui foi sempre de um respeito muito grande à nossa deputada Carla. Quero dizer que eu pessoalmente tenho uma relação com ela muito fraterna. Quando fui reitor e ela era prefeita, fomos muito parceiros e nada macula esta relação que nós temos. Do ponto de vista político, eu acho que a deputada Carla, ela tomou um caminho que nós entendemos, enquanto partido, que desconsidera o partido, o projeto aqui. Eu tenho o apoio do presidente da República, da presidente nacional do partido, do Diretório Nacional, do Diretório Estadual, do Diretório Municipal, de todos os deputados estaduais do partido, de todos os deputados federais do partido, excetuando a deputada Carla Machado. E ela, além de não fazer esse caminho, que era o caminho nosso, e achávamos até, porque, naturalmente, a Carla é uma política muito experimentada, ela deve ter as suas razões, eu não sei quais são, e eu, por isso, não quero fazer nenhum pré-julgamento, até pelo respeito que nós nutrimos um pelo outro ao longo desse tempo. Mas ela faz um caminho, que é uma contradição muito profunda do ponto de vista político, porque ela apoia uma candidatura que tem bandeiras que são antagônicas ao Partido dos Trabalhadores”.
Nominata — “Nós vamos fazer um com certeza. Nós queremos disputar esse segundo. Eu, na verdade, gostaria muito de fazer três, contando aí com o Psol e nesse alinhamento maior. Mas temos muita convicção de que um nós o faremos e, na sobra, podemos ter a possibilidade de ter um segundo. O que seria um elemento muito importante para a saúde política desse município, para que a gente não tivesse o que nós tivemos, e eu falei agora há pouco tempo, que me impressiona muito. Num determinado momento, nós tínhamos um conjunto de vereadores que se declaravam independentes e que, ao mesmo tempo, tinham uma relação íntima, inclusive, de secretarias ou de posições dentro do governo. Acho que oposição é oposição. E na oposição, aquilo que é bom para a cidade, você apoia. Aquilo que não é bom para a cidade, você denuncia. Você tem que fiscalizar. Eu fui gestor há 24 anos. Quando você tem uma oposição boa, aquela que te ajuda, ela ajuda você a aprimorar os seus projetos, porque, às vezes, a gente não percebe uma determinada perspectiva. Então, a oposição é muito saudável”.