Fabrício Lírio propõe fundo soberano com dinheiro dos royalties
Aluysio Abreu Barbosa, Edmundo Siqueira, Cláudio Nogueira e Gabriel Torres - Atualizado em 21/09/2024 08:33
Fabrício Lírio
Fabrício Lírio / Rodrigo Silveira
O candidato a prefeito de Campos Fabrício Lírio (Rede) foi o quinto prefeitável a ser entrevistado no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Entre as propostas apresentadas, Fabrício destacou a criação de um fundo soberano, com 10% dos royalties do petróleo, para servir como um colchão econômico para o município. Ele também defendeu escola em tempo integral e plano de saúde para todos os munícipes, além de isenção no IPTU para os imóveis com até 70 metros quadrados. O candidato também falou sobre os erros e acertos da gestão do prefeito Wladimir Garotinho (PP), apontando a Saúde como um dos principais erros. Ele também projetou que a eleição possa não ir para o segundo turno por causa de 500 a 2 mil votos, porque a eleição, na visão dele, está dividida. Fabrício Lírio também fez projeções a Câmara ao arriscar em 15 a 10 vereadores para o governo, mas disse que a Mesa Diretora é assunto à parte.
Erros da gestão — “Infelizmente, a Saúde Pública do município é muito ruim. As filas para marcação de exame, as filas para cirurgia, elas não avançam. As pessoas entram na fila e nunca mais que saem de lá. A gente precisa mudar essa situação que vem ocorrendo. Não é por aí que a gente vai conseguir melhorar a qualidade de vida das pessoas. Eu acho que a Saúde vai muito mal no município. Hoje, fizeram a reforma do HGG, uma reforma de prédio estrutural, estão fazendo a reforma do Ferreira Machado. Vêm sendo feitas reformas de algumas clínicas, alguns postos, mas acho muito atrasado, acho que a gente deveria ter começado a fazer já no primeiro dia de governo. Aí estamos no final do governo, após quatro anos, para fazer reforma de prédio. Estão fazendo reforma por fora. Por dentro ainda falta médico, ainda falta atendimento, ainda falta remédio, ainda falta serviço, falta atender as pessoas. É importante que a gente pense também que a Saúde Pública precisa cuidar da saúde primária. E para cuidar da saúde primária é cuidar das pessoas antes que elas realmente tenham um quadro de evolução de doença mais gravosa. Então, precisa ser evoluído o Programa Saúde da Família, um programa que visa atender as pessoas de forma mais direta nas suas casas. Vamos partir para a área de medicamentos continuados. Hoje você precisa pensar em entregar esse medicamento em casa. Você transportar uma pessoa de sua casa até um posto de saúde para retirar um medicamento custa caro. É caro levar. Se a pessoa for sozinha, custa R$ 7. Se for acompanhado, como acontece com a maioria dos idosos, já é uma passagem dobrada. Se a gente levar, mandar um medicamento com o motoboy até a casa, R$ 5, R$ 7 é um custo muito menor. O que a gente precisa é fazer com que o custo da Saúde Pública diminua. Se eu fizer um custo per capita, por cidadão, considerando que Campos tem 150 mil usuários da saúde privada e 330 mil usuários da saúde pública, dá uma média de R$ 330, R$ 320 per capita por cidadão que utiliza da saúde pública no município. Acreditem se quiser. Se você quiser fazer um plano de saúde, a média de custo não ultrapassa de R$ 300 a R$ 350. Eu acho que a Saúde é um dos principais erros que nós temos no município de Campos”.

Perdas salariais — “Hoje a perda salarial, segundo informação do servidor público, era em torno de 40%. Foi proposto pelo governo um reajuste de 10% parcelado em dois anos, que ainda está sendo pago, mas os outros 30% não foi pago até hoje. E o aposentado ainda está oito anos sem reajuste. A gente precisa analisar que a renda do município nesses últimos quatro anos basicamente dobrou. A receita municipal era de R$ 1,650 milhões, salvo engano. Hoje, nós estamos aí, neste ano de 2024, com R$ 2,8 bilhões em média. Então, se nós tivemos um aumento de mais de 50%, quase que dobrou a receita do município, porque a gente não conseguiu melhorar, valorizar o servidor público municipal, que é a prata da casa, que é aquele que recebe, aquele que vai prestar serviço. Salário mínimo foi reajustado nesses últimos oito anos. Por que o aposentado não teve reajuste? Por que o servidor público municipal da ativa só teve 10% de aumento, se a receita do município basicamente dobrou? A gente precisa tratar, sim, do servidor público, com muita atenção, carinho e respeito. Porque é ele que vai prestar serviço na população, é ele que vai prestar serviço para as pessoas. Precisamos investir em concurso público. Nada contra as pessoas que prestam serviço através dos recibos de pagamento autônomo que acaba esse ano, que tem muita gente que trabalha. Muitas das vezes é necessário sim, mas muitos também servem de massa de manobra, massa de apoio político e não atende realmente a necessidade. A gente precisa mudar”.

Esgoto — “Eu venho combatendo muito o lançamento de esgoto natural nos mananciais hídricos de rios e lagoas. Você vai em Lagoa de Cima tem uma vala negra que desce de Pernambuca com quase mil pessoas. O esgoto que é gerado em Pernambuca cai todo no espelho d’água, de Lagoa de Cima, ali no Yacht Club, Área de Proteção Permanente. É um crime ambiental e é de conhecimento, tanto da concessionária de água e esgoto, como também de conhecimento do município. Isso já foi relatado tanto ao Ministério Público, como foi relatado diretamente à companhia. Eu mesmo fui lá e protocolei. E a gente vai lançar esgoto in natura em rios e lagoas até quando? Eu vou cancelar esse contrato com a concessionária de água e esgoto no dia 1º de janeiro. Eu sei como fazer, eu vou fazer e tenho coragem para fazer”.

Acertos — “O Wladimir é muito bom de rede social. Mas o portal da intransparência não traz muita informação. A mídia social, a propaganda que é feita, a comunicação, é só para enaltecer as obras que são feitas, custos altíssimos, ausências de placas, de licitação. E ainda, muitas obras não são duradouras, e outras até a gente tem informação de ausência de qualificação, ausência de engenheiro para poder acompanhar as obras. Então a gente precisa ter assim, o que é comunicado? Qual é a comunicação? A comunicação é daquilo que quer ser publicitado. Se você quiser contar aquela história de uma forma pejorativa, você vai justamente identificar os pontos negativos. Se você quiser contar de uma forma que venha a enaltecer algo que está sendo feito, serviço que está sendo prestado, você vai encontrar forma de contar que as pessoas vejam como um excelente governo”.

“Governo não é excelente” — “O governo não é excelente não. Se a gente tem metade da população abaixo da linha da pobreza, da extrema pobreza, tem uma coisa muito errada. Campos tem 10 mil RPAs, 14 mil servidores, 6 mil aposentados, 20 mil cheques goitacá. Ou seja, são 50 mil pessoas envolvidas diretamente com o governo. E isso faz com que muita gente se envolva nesse processo e acabe se transformando como massa de manobra. E é isso que a gente precisa mudar. A gente precisa mudar porque essa comunicação chega para essas pessoas e essas pessoas se republicam de uma forma equivocada. Porque também não vem uma forma de se libertar. A comunicação é errada, a comunicação é ruim, mas é a comunicação que é posta pelo modelo de comunicação do governo atual. E que a gente precisa justamente fazer todas essas alterações. O portal da transparência deveria funcionar todo dia e toda hora, de forma online e continuada, é o que não acontece”.

Comunicação maquiada — “A comunicação do governo é maquiada. Ela não é verdadeira. É uma inversão de valores. Acho que fruto desse grande movimento que o governo tem de aceitação popular, é fruto de uma comunicação que é direcionada de forma para aumentar essas coisas boas do governo. E as pessoas não têm esse discernimento de conseguir avaliar. Acho que qualquer governo com a mínima seriedade possível deveria ser transparente com as pessoas. No meu governo eu vou ser transparente porque eu acho que a gente precisa falar a verdade. Um dos problemas do prefeito que antecedeu o Wladimir foi justamente a ausência de comunicação adequada”.

Pesquisas — “Os números já modificaram, essa pesquisa está muito atrasada, ultrapassada, tem mais de 20 dias, não reflete a realidade. Eu tenho convicção, a gente olha a rua, vê as pessoas, vê a movimentação. A gente consegue claramente ver o que está acontecendo na rua. Foi evoluído, o processo eleitoral está avançando, as pessoas estão identificando outros candidatos e outras propostas. E, com certeza, esse número hoje não reflete a realidade”.

Aprovação x Favoritismo — “Prefeito bem avaliado faz parte do cotidiano da população a tendência de transferência de voto. Agora, você quando vai para um município grande que tem 500 mil habitantes, 250 mil abaixo da linha da pobreza, da extrema pobreza, pela hora que as pessoas vão começar a reavaliar aquilo que eles tinham como informação. Então, acho que a nova pesquisa que sai segunda-feira já vai sair com uma avaliação diferente e, com certeza também, já vai sair com a apresentação de um resultado eleitoral proposto diferente. É uma questão de aguardar, as pessoas precisam saber da verdade dos fatos, elas estão sabendo disso agora que está sendo falado e aí eles vão pensar. Acho que lá na frente, a população vai julgar se realmente esse bem avaliado se sustenta ou se não”.

Legislativo — “A gente primeiro precisa entender que a eleição proporcional, de vereança, é uma eleição muito difícil. É uma eleição que as pessoas estão muito ligadas àquelas pessoas próximas, parentes e amigos. A roda de convívio, em geral, é assim que funciona uma campanha de vereador. Pra você poder expandir uma campanha pra fora disso, você precisa de muito investimento, precisa de recurso. Recurso esse que muitas das vezes falta. Falta pra Rede, falta pro outro partido da Federação e falta para muitos outros partidos que aí estão. Existe uma questão, muito complicada quando você fala de um candidato que tem o recall de uma eleição passada. O candidato para manter um recall, ele não pode se afastar da população. O que eu vejo, infelizmente, em alguns candidatos, é que eles dão um passo no processo eleitoral e, às vezes, simplesmente se afastam, levam quatro anos afastados das pessoas”.

Nominata Rede-Psol — “A nominata do Psol tem seis candidatos, a Rede tem treze candidatos, são dezenove o total. A proposta da federação é fazer um candidato. Pode fazer um segundo? Eu acho pouco provável, mas como nada é impossível. Nós estamos trabalhando com a possibilidade de realizar, sim, um candidato. Em geral, a divisão de votação da Rede e do outro partido recebe a mesma proporcionalidade. A gente, em geral, faz basicamente meio a meio numa votação e a gente precisa que todos façam voto. É uma oportunidade para aqueles que são candidatos da federação tentar ganhar uma eleição”.

Renovação na Câmara — “Pelas informações que eu venho recebendo da proporcionalidade, a Câmara vai mudar. Tem partidos grandes que tinham expectativas aí de fazer 4, 5, 6 vereadores e não vai. Eu tenho visto aí uma divisão. Eu acho que vai ter uma boa taxa de renovação. Pelo menos 10 vereadores a 12 devem ser renovados. Eu acho que a Câmara troca 50%. No meu ponto de vista. Nós temos aí alguns nomes de alguns candidatos que estão em outros partidos que estão vindo aí, já vieram em outras campanhas, mas estão vindo aí bem posicionados no projeto eleitoral para a verença. Tem vários candidatos. A gente aqui não vai ser injusto falar nome de A ou B, que pode, às vezes, atrapalhar as estratégias de alguns candidatos. Eu acho que o governo faz mais representante do que a oposição. Eu arriscaria um 15 a 10, um 15 a 10 para o governo.

Primeiro ou segundo turno — “Pode ser que essa eleição não vá para o segundo turno por causa de mil votos, 500 votos, 2 mil votos. Pode ser que não vá, porque a eleição está dividida, está muito dividida, mais até do que as pessoas estão percebendo. E agora, a pesquisa de segunda-feira, com certeza vai trazer um quadro mais dentro dessa realidade que a gente hoje está pautando”.

Projeção à Mesa Diretora — “Eu consigo falar de forma clara que acredito, ainda que mesmo que o prefeito eleja mais candidato do que a oposição, que ele não elege a mesa diretora não. Por outro motivo, é muita força envolvida, muitas forças ocultas que faz com que as pessoas depois de 6 de outubro modifiquem completamente sua ideologia eleitoral. A gente sabe disso, sabe como que funciona, vamos ser honestos principalmente com as pessoas. Infelizmente até 6 de outubro é um futebol, depois do 6 de outubro é outra partida. Aí vai ser um novo tempo que vai ser jogado. Eu não sei quem vai ser o prefeito, mas seja quem for, vai comer um cortado enquanto está na nova Câmara. Isso eu tenho certeza”.

Saúde — “A gente precisa de uma Saúde Pública de qualidade para cuidar das pessoas, para dar às pessoas qualidade de vida. O Programa Saúde da Família que eu venho defendendo, a ampliação do Programa Saúde da Família, visa justamente isso, levar saúde antes que você realmente tenha uma necessidade de saúde maior. São médicos com equipes que são contratadas para servir a nossa população. Fazer uma administração mais direta dos problemas de cada pessoa, de cada família, em cada casa. Assim, nós vamos antecipar os problemas que realmente possam vir a ocorrer e diminuir o fluxo de deslocamento das pessoas, principalmente aquelas que estão precisando do seu atendimento primário. Precisamos investir sim. O Hospital Fernanda Machado e o próprio HGG, que foi feito uma grande reforma de prédio, precisa trazer médico para atender as pessoas de verdade, colocar medicamento dentro do hospital. Precisamos pensar, sim, como fazer um modelo de gestão na área da saúde, que as pessoas possam ter os seus exames mais rápido, as suas cirurgias mais rápidas. A gente precisa mudar toda essa dinâmica, toda essa tônica. Podemos fazer o projeto da saúde inclusiva, que é uma saúde digital, que a gente pode ter uma banca de médicos para fazer o atendimento via videoconferência, para que as pessoas possam ir lá nos postos de saúde. Nos postos de atendimento, nas clínicas, ter uma equipe médica para servir de orientação, orientar as pessoas no caso de um exame de um pouco mais de complexidade. Precisa ver exatamente, logo, o que está acontecendo. E aí, com aquela equipe de médico por videoconferência, pode estar ali fazendo, acelerando, adiantando. Eu sou usuário do SUS, eu conheço a sua necessidade, eu conheço a sua dificuldade. Por isso que eu digo, eu vou mudar a saúde pública da nossa cidade”.

Medicamentos delivery — “Entrega de medicamento e deslocar as pessoas de suas casas para ir aos postos para medicamentos. Isso está ultrapassado. Hoje tem logística para entrega de medicamento. Você vê que você compra um produto em São Paulo hoje via e-commerce compra hoje, chega amanhã na porta da sua casa entrega lá e as pessoas estão sendo atendidas. Campos pode implantar um sistema de entrega de medicamento na casa das pessoas. Quando a pessoa usa remédio continuado, todo mês, tem a receita médica, foi atendida, passou pelo médico. Então o município já sabe que todo mês tem que fornecer esse medicamento à população. Para que eu vou tirar a pessoa de dentro da sua casa? Para ir lá pegar um remédio, entrar às vezes numa fila, correr um risco, ter custo de transporte. Manda levar em casa. É mais fácil”.
Plano de saúde para todos — “O custo per capita por pessoa que é gasto na área de Saúde, dá para pagar um plano de saúde para toda a população. Estou falando isso porque eu tenho os números. É uma média de 330 per capita por cidadão. Para eu poder dar Saúde Pública a 330 mil pessoas, não gasta R$ 1,2 bilhão. É claro que a gente privatizar da Saúde Pública de um município não é algo simples, não. Seria uma coisa muito complexa pensar em fazer isso a curto prazo, mas eu acho que a população precisa entender e a gente que estuda a Saúde do município precisa analisar. Se eu consigo dar um atendimento de qualidade no privado com R$ 330, por que eu não consigo dar um atendimento de qualidade com R$ 330 no público?”

Royalties e geração de empregos — “Estou defendendo já a construção de um fundo soberano, com 10% dos royalties do petróleo, para servir de colchão econômico. A ideia é que em quatro anos a gente faça pelo menos R$ 1 bilhão de fundo. Pode ser acrescido, que depende da estação, depende do valor que entra. Pode ser um pouco reduzido, sim. Depende da Rússia. O que a gente precisa pensar? Você não pode gastar tudo o que ganha. Qualquer economia, qualquer administrador, ele tem que entender que a gente precisa arrecadar, precisa guardar parte para que sirva para o futuro. Só que esse dinheiro não pode também ficar parado, nem ser aplicado nesses fundos de investimento fantasmas nem fictícios. E aí vem uma segunda proposta anexada a essa. Gerar receita no município e gerar emprego. Como? Os recursos do Fundo Soberano vão servir para fomentar 37 mil microempreendedores que tem na nossa cidade, abrindo dinheiro de crédito de até R$ 10 mil para cada microempreendedor, para ele pagar em 40 parcelas de R$ 250. Eu vou recompor esse recurso dentro do meu próprio mandato. Nos próximos quatro anos eu empresto e recebo de volta esse dinheiro para ele ser reaplicado. Qual uma outra segunda forma de utilização desse Fundo Soberano? Fazer um colchão elástico, financiar a construção de unidades familiares para os servidores públicos, municipal, estadual e federal por convênio. Financiar como? Construir apartamentos, construir espigões e daí nós vamos poder parcelar esse pagamento dessas unidades para esses servidores descontando em folha. Então, eu vou construir um fundo soberano para fomentar a geração de emprego e renda através de empréstimo de dinheiro de crédito de até R$ 10 mil para os 37 mil microempreendedores. Além disso, construir imóveis, unidades familiares, para serem financiadas para os servidores públicos, estadual, municipal e federal, para poder a gente ter o quê? Diminuir o déficit habitacional, que salvo engano me parece que é 8 mil unidades, e também fazer justamente esse colchão de reserva econômica para além dos royalties”.

Educação — “Nós vamos fazer com que todas as escolas do município, seja no Centro ou no interior, seja onde ela estiver, tenha educação de qualidade em tempo integral. Claro, investimento em infraestrutura, manutenção das escolas que existem, aquelas que não estão preparadas, não estão adequadas, serão descontinuadas e vai ser construída uma escola nova. Uma escola para 80 alunos, em média, a construção custa em torno de R$ 1,2 milhão. Então nós podemos fazer muitas escolas na nossa cidade com infraestrutura de qualidade. Mas só infraestrutura resolve? Não. A gente precisa dar às crianças uma educação continuada em tempo integral. Fazer a parte de formação no primeiro horário e fazer a parte de continuidade ao seu desenvolvimento já no segundo horário. Isso precisa ser feito em todas as escolas”.

Tempo integral — “Temos que ser um referência, um diferencial. Creche em tempo integral de 7h às 17h para atender as mães solo que precisam trabalhar e, às vezes, têm dificuldade de arrumar um emprego porque a creche abre às 7h e fecha às 11h, meio-dia. Isso não pode acontecer. Creche em tempo integral. Escola, primeiro e segundo segmento, em tempo integral, alimentação. É uma vergonha a gente fazer uma licitação de R$ 91 milhões, salvo engano, e 60% do dinheiro da licitação da merenda ir para Caxias e para outras cidades. São interesses difusos que a gente tem que analisar. Um prato de merenda custa R$ 9, segundo essa licitação. Eu vou levar merenda para as escolas. Nós vamos fazer a merenda nas escolas. Essa merenda vai ser para atender as crianças. As diretoras das escolas vão ter recurso em suas contas para comprar os alimentos toda semana, se for necessário, todo dia. E comprar onde? Próximo, ali próximo do seu ponto de fazer a merenda para as crianças. ‘Ah, tem uma merenda, tem uma alimentação excedente?’ Vão doar pra população. Campos tem um ou dois restaurantes populares. Nós vamos construir em Campos 282 restaurantes populares. As escolas vão fornecer o alimento para as nossas crianças, o alimento para os nossos alunos. O alimento para os nossos servidores que estão ali trabalhando para atender a nossa rede. E o excedente para aqueles que precisarem porventura comer, que estão com fome. Queria dizer a você que está me ouvindo, escola tempo integral, creche em tempo integral, alimentação, merenda nas escolas para alunos, servidores públicos e para a população”.

Transporte — “Eu defendo que tenham não só três terminais, e sim sete. Eu estou defendendo a criação de terminal rodoviário para que a gente possa fazer o transporte de massa através de ônibus público municipal, de terminal em terminal a custo zero. Seria um transporte que iriam abastecer Guarus com dois terminais, além dos que já tem, ainda levar para Ururaí, para Leopoldina. Construir os que já tem, que são três, e ainda construir mais quatro. A ideia que eu tenho defendido é essa. A ideia é ter uma frota municipal para poder atender de terminal em terminal, municipalizada o custo da Prefeitura. Tarifa zero. Em vez de subsidiar o óleo diesel das empresas de transporte, você vai transportar as pessoas de terminal em terminal. Primeiro nós vamos ter controle do horário de transporte, porque ele não vai ser parador. O ônibus que sai do ponto A ao ponto B, além dele ir direto, ele vai, objetivamente, aquele horário, você sabendo a hora que sai e a hora que chega. Seria um primeiro ponto de vista positivo. Segundo, em vez de você fazer investimento de recursos nas empresas de transporte pagando diesel, se você leva a pessoa com ônibus da própria Prefeitura, você não precisa ter problema de fiscalização. Todo mundo que entrar no ônibus vai ser transportado de graça pela Prefeitura e vai de terminal a terminal. E dos terminais para os bairros, os interiores dos bairros. Aí a gente precisa colocar justamente as vans, porque essas vans vão prestar esse serviço para rodar naquelas microrregiões. Vai ser um transporte mais rápido, mais barato e mais fácil”.

Novos ônibus — “Já existe aí uma proposta de financiamento dos ônibus. Eu não sou contra não, eu não sou contra o empréstimo do PAC para comprar 500 ônibus. Eu acho que a gente precisaria ser honesto. Eu não vou ser contra você adquirir ônibus novos para transportar a população e, vamos ser realistas, nós estamos com uma frota velha de 20 anos, que não tem acessibilidade, não tem ar-condicionado e não tem qualidade e vive dando problema. Por que eu não vou defender que tenha ônibus novos para a nossa cidade? Vamos acreditar que a gente tem que fazer sempre o melhor e vamos ser realistas. O PAC, embora seja um parcelamento que vai ser pago no futuro e pode deixar dívida para o próximo candidato, para o próximo prefeito, inclusive para mim, você não tem que querer prejudicar a vida das pessoas porque é uma proposta de um outro prefeito. A gente precisa comprar as propostas e ver se ela é viável e se é possível sim”.

Frota municipal — “Acho que a frota deve ser municipal mesmo, meu ponto de vista pessoal, porque hoje já é subsidiada a passagem de ônibus através do óleo diesel. Se a Prefeitura paga disso para as empresas transportarem as pessoas num deslocamento muito mais amplo, por que a gente não utiliza esse recurso para poder transportar as pessoas num transporte mais objetivo, direto de terminal a terminal? Na verdade, nós vamos dinamizar o transporte público no município com uma proposta que eu acredito ser executível sim, devido ao custo que vai ser gerado e a forma de deslocamento Municipalizaria o transporte público no município de ônibus, tá? Agora, a parte de transporte de van será pago pelo usuário”.

Contratação de motoristas — “A gente precisa pensar que não é questão de concurso público só para os motoristas que estão trabalhando com as empresas públicas, não. Se necessário for, faremos. Mas a partir do ano que vem pode ser contratado via CLT. Já tem aí um termo de ajustamento de conduta com demissão de todos os RPAs, mas tem também aí esse termo de ajustamento de conduta que você vai poder contratar o funcionário. Então a gente precisa entender que tem várias formas de você contratar essas pessoas. Vai ser necessário fazer a contratação via concurso público? Ainda não sei te dizer. Vai ser necessário contratar o motorista? Sim, vai ser necessário contratar. Nenhum motorista que trabalha numa empresa de ônibus, que se porventura perder uma vaga de trabalho numa empresa de ônibus, vai deixar de trabalhar, porque ele vai ser realocado em outro modelo de transporte que vai ser gerido”.

Segurança — “A nossa Guarda, infelizmente, muitas das vezes não consegue fazer uma proteção melhor à nossa comunidade, à nossa sociedade, porque lhe falta elemento. Ele não vai encarar um bandido com caneta e papel na mão. Está sendo avançada a questão de armamento da Guarda e eu vou dar continuidade sim, porque eu acredito que a Guarda tem que estar armada, assim como acontece em muitos municípios do nosso país. Nós temos uma cidade de 500 mil habitantes. A criminalidade é alta, os índices de criminalidade são grandes. A gente precisa investir na Guarda Municipal, apoiar a Polícia Militar e, se necessário for, apoiar também a Polícia Federal, porque é uma forma da gente fazer com que as coisas tomem um rumo. E a gente precisa aumentar a vigilância digital”.

Revitalização do Centro — “A gente precisa pensar que a questão do Centro Histórico da cidade precisaria, sim, de revitalização. A revitalização dos prédios e uma nova identificação. De repente, de um modelo turístico que pudesse levar as pessoas até os comércios do Centro da nossa cidade, até o comércio tentando formar justamente esse centro histórico para revitalizar. Isso seria necessário fazer um novo trabalho. O Centro da cidade está muito sujo. O Centro da cidade está muito abandonado. Além dos pedintes, dos moradores de rua, das pessoas que estão em vulnerabilidade social, que precisa ser tratado, precisa ser olhado, observado. O Centro da cidade em si não traz nenhum atrativo, não apresenta nenhum atrativo para levar as pessoas de volta para o Centro. E as pessoas acabam se afastando”.

Isenção do IPTU — “Eu venho defendendo a isenção de IPTU e IPTU zero para casas até 70 metros quadrados. Se a gente analisar, fizer uma conta precisa, a receita total de IPTU do município gira em torno de 3%, a receita total. É R$ 114 milhões para uma receita prevista de R$ 3 bilhões para o ano que vem. A isenção que eu estou propondo vai atender 70 mil casas e 200 mil pessoas. É 1% de isenção. Eu estou dando isenção, eu estou propondo uma isenção de 1% para atender 70 mil casas e 200 mil pessoas. Se o município não puder perder 1% para dar segurança às pessoas das suas casas, dos seus imóveis, a gente precisa pensar então que projeto social para trazer essa segurança”.

Iluminação — “A questão da iluminação pública já vem se arrastando, acho que há mais de 12 anos, desde o governo da ex-prefeita, que fizeram aí a tubulação para tirar os fios e botar para baixo da terra. Me parece que o custo desse serviço é um custo elevado e faltou interesse para terminar o que foi começado, mas acho que esse é um caminho. Um caminho de a gente realmente tirar fiação para deixar as fachadas livres. Eu não tenho ciência do projeto em si. Eu sei que é uma medida que foi aplicada um dinheiro, e esse dinheiro que foi aplicado nesse projeto, ele não avançou, não evoluiu. Os motivos pelos quais ele não avançou, eu não tenho conhecimento para passar. Mas acho que a gente precisa sim, precisamos pensar em tirar a fiação aérea, passar a fiação de forma que as fachadas dos imóveis fiquem livres para poder as pessoas verem as fachadas”.

Repovoar o Centro — “Acho que a gente precisa sentar todo mundo, fazer realmente a mesa redonda e fazer um planejamento que saia do papel. Porque o papel aceita tudo, mas na prática quando você parte para a execução, você não vê sendo realizado aquilo que foi proposto. E aí tem que ser algo bem sério e que precisa ser feito e ser visto de forma que a gente revitalize. Reduzir o custo de IPTU, por exemplo, fazer a retirada desse excedente tão grande de pessoas que estão com vulnerabilidade social, fazer a limpeza do ambiente, consertar as calçadas que precisam ser consertadas, reformar todas as fachadas. E aí a gente trazer as pessoas de volta, dando condição de moradia para alguma parte também. Nós temos hotel aqui na Vigário João Carlos vazio, a Prefeitura poderia fazer uma unidade familiar, a gente habitaria ali naquela região. Tem outro lá na Treze de Maio, que começou, não terminou. Temos terrenos baldios, terrenos vazios. Podemos pensar em projetos de construção de imóveis para que sejam vendidos, fornecidos, repassados por servidores público municipais. Eu vejo muitas pessoas querendo construir casa, apartamentos, imóveis, para dar para as pessoas ou para fazer parcerias longe, muito longe. A gente precisa mudar a lógica da moradia na cidade. Não é levar as pessoas lá para Deus nos ajude e depois trazer as pessoas para dentro da cidade não. É habitar as pessoas mais próximas de onde tem áreas vazias. E isso ajudaria sim, a poder fortalecer o mercado local, reforçar o centro da cidade, trazendo as pessoas para dentro do comércio”.

Agropecuária — “Existe muita área de terra que é utilizada para o agronegócio. Utilizada para criação de gado. Eu não sou muito favorável, não. Eu acho que a gente precisa seguir o modelo do Espírito Santo. Área de terra investida para fazer comida, para plantar comida para a população. Como a gente tem muita gente que passa necessidade, tem muita gente que passa fome. Nós temos muitas terras planas. E precisa plantar, plantar para colher. Quando eu falo em fortalecer a Educação e fazer merenda nas escolas, eu também falo em investir na agricultura familiar, para que essa agricultura familiar possa fornecer alimentos para a escola. A vocação da cana-de-açúcar, eu acho que foi um equívoco de governos anteriores que nunca buscaram investir em desenvolvimento, crescimento dessa vocação que nós temos. Cana-de-açúcar gera receita, sim. Nós temos municípios de São Paulo que são riquíssimos graças à força da cana-de-açúcar, graças às usinas. Quando as usinas em Campos funcionavam, a gente via uma movimentação muito grande de mão de obra, uma movimentação muito grande de caminhão, gerando receita, gerando manutenção. E você tinha recursos que eram gerados em vários setores, porque era a cadeia produtiva, que tinha geração de receita direta e indiretamente. Essa geração de receita indireta subsidiava várias empresas e vários setores. Campos, ela anda na contramão. Por que Campos só gera sete mil hectares se nós temos São João da Barra gerando 42 (mil)? Alguma coisa de muito errado existe na agricultura que é tocada no nosso município”.

Novas formas — “Tem a vocação da cana-de-açúcar, mas nós poderíamos ter muitas outras vocações e a gente poderia sim estar fazendo, plantando comida, plantando alimentos, hortifruti, para poder as pessoas terem mais comida na mesa. Então precisa ser repensado, precisa mudar a forma de tratar o agronegócio para que a gente possa, nessa área tão grande, ter um agronegócio pujante, a gente poder ter mais renda. Quase todos os alimentos que chegam a Campos são comprados de fora. Eu acho isso muito triste. Campos, uma cidade tão grande, com tanta área, a gente quase compra tudo de fora, do Ceasa do Rio, do Ceasa de Vitória. Mas por que isso acontece? Mais uma vez, falta de capacidade, falta de competência, falta de vontade política de fazer. A gente precisa mudar a gestão pública no setor da agricultura, como em muitas outras. A agricultura não é diferente”.

Prédios históricos — “Infelizmente, eu vejo muitos prédios abandonados, de valores históricos altos, elevados. Eu acho que a questão de transferência do Mercado Municipal para a praça da República tem que ser feito um estudo, uma análise, tem que ser feita uma consulta com todos em geral, todos os envolvidos e com a própria população. Eu acho que você não tem como fazer nenhuma mudança, nenhuma alteração, se não ouvir o povo, não ouvir as pessoas e o que as pessoas pensam e entendem. O poder público, o prefeito, ele toma muitas atitudes, eu acho, de forma soldada e busca, às vezes, alterar a vida das pessoas, sem saber se quem é usuário deseja aquilo ali. Podia fazer uma consulta pública, através dessa consulta pública, ouvir a população, ouvir as pessoas, ouvir os envolvidos e daí, sim, tomar uma decisão no que pode ser feito. É uma obra que já vem há mais de 50 anos, isso não é algo tão simples de ser modificado e vai mudar com a vida das pessoas. Eu não tenho direito de mudar com a sua vida sem saber se todos os atores que estão envolvidos nisso desejam isso. Eu tenho que governar a cidade para melhorar a vida para você, melhorar a sua condição de vida, melhorar aquilo que você precisa e quer. Eu não estou aqui para ser governante de mim mesmo”.

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