Raphael Thuin: 'Pesquisas terão novos números'
Aluysio Abreu Barbosa, Edmundo Siqueira, Cláudio Nogueira e Mário Sérgio Junior - Atualizado em 11/05/2024 08:29
Raphael Thuin no Folha no Ar
Raphael Thuin no Folha no Ar / Genilson Pessanha
“Quando começar a mostrar a realidade que Campos está, essas pesquisas vão ter números novos”. A declaração foi dada pelo vereador e pré-candidato a vice-prefeito na chapa do deputado Thiago Rangel, Raphael Thuin. Em entrevista ao programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, Thuin declarou não ser refém da política e que se lançou pré-candidato para buscar algo melhor para a Campos. Filiado ao PRD, uma fusão entre o PTB e o Patriota, ele afirmou que as eleições vão para segundo turno e projetou para a Câmara 14 eleitos da base do prefeito Wladimir e de 8 a 9 do lado da oposição ao atual governo. Thuin também defendeu a autossuficiência de Campos, vendo o agronegócio com o futuro para a cidade que ainda é refém dos royalties, para ele, e também de programas sociais. Ao falar sobre a atual gestão, o vereador disse que Wladimir “está surfando numa onda com o dinheiro dos outros”.
“Não sou refém de política” — Eu não sou refém de política, não dependo da política. Estou na política para tentar realmente fazer alguma coisa boa. Então, eu não consigo responder qual vai ser o futuro. Eu sou muito mais executivo que legislativo, isso eu só posso te falar. Eu gosto de realizar como eu falei antes. Então o motivo de eu realmente está hoje buscando é para tentar fazer alguma coisa pela minha cidade, que me deu tanto, que me deu tanta oportunidade, que me ajudou tanto como atleta.

Pesquisas — Eu acho que está muito cedo, eu não acredito nesses números. Está muito cedo ainda para gente ver. As pessoas estão começando a se lançar pré-candidatos agora, os nomes estão começando, os grupos estão começando a se formar, muitas pessoas ainda não definiram nem quem é o pré-candidato a vice, então essa pesquisa, por exemplo, foi feita, se eu não me engano, antes até da gente anunciar minha pré-candidatura junto a Tiago. Então, eu acho que está muito cedo para uma pesquisa. (…) Eu acho que tá cedo, a gente tem que esperar um pouco mais perto das convenções, realmente as nominatas à pré-candidaturas das majoritárias se definirem para poder opinar sobre isso. (…) Então, quando a gente começar a mostrar, que agora é a hora de mostrar, eu acredito que esses números vão mudar, porque a gente está simplesmente comparando o atual com o ultimo, que foi horrível. Agora, quando começar a mostrar a realidade que Campos está, infelizmente, retrocedendo em vez de avançar economicamente, eu acho que as pesquisas mudam, eu acho que a aprovação dele muda e essas pesquisas vão ter números novos.

Pré-candidatura a vice — Eu fui atleta há muitos anos, sempre fui muito proativo na minha vida, sempre fui empresário durante muito tempo, então eu sempre gostei de pegar, realizar e fazer as coisas. Quando entrei vereador, eu entrei realmente para querer fazer a diferença realmente, como eu fiz na Fundação do Esporte, como eu fiz como atleta, como eu fiz como empresário, então eu queria realmente realizar e ajudar a minha cidade de alguma forma. Então, quando eu entrei como vereador, houve aquela briga lá da questão, logo no terceiro mês que eu entrei, a princípio na base do governo Wladimir, e aí ele lançou aquele pacote da maldade, que era para aumentar todo o Código Tributário, aumentar os impostos todos da cidade, no meio de uma pandemia, a gente saindo de uma pandemia. Eu falei que não ia votar, isso aí ficou emblemático na história da Câmara, que eu não ia votar e naquela madrugada Fred Machado e Bruno Viana me acompanharam e aí ele perdeu o aumento da tributação e começou aquela confusão que eu acho que dali em diante encadeou ele perder a presidência da Câmara. E aí eu virei oposição e hoje eu tenho 28 projetos de leis aprovados e sancionados, 30 projetos de leis em trâmites. Eu acho que eu sou um dos vereadores com o maior número de projetos de lei. Não consigo botar para executar praticamente nada, por eu ser de oposição. Então, assim, eu fico ali me sentindo, apesar de estar fazendo muito, inútil, por eu não ser da base do governo. Então eu me senti na obrigação de tentar alguma coisa maior. Eu cheguei a me pré-lançar candidato a prefeito. Isso durou dois, três dias. até chamei o apóstolo Luciano, de repente, pra vir como vice meu lá atrás. E, nesse período, o deputado Thiago Rangel me chamou.

Aliança com Thiago Rangel — Thiago é um jovem promissor na política. Ganhou como vereador, como deputado, está à frente da Comissão de Minas e Energia da Alerj. Então, assim, é uma pessoa que já vem com uma bagagem e eu acho que se completa. Porque ele tem entrado em alguns locais que eu não tenho, eu tenho entrado em alguns locais que ele não tem. Então, no contexto geral, eu achei que seria uma chapa boa. É lógico que isso é uma pré-candidatura e ainda tem muita coisa pra rolar, muita coisa pode acontecer, mas eu enxerguei uma chapa bem forte que pudesse realmente encarar e tentar levar Wladimir para um segundo turno que, se Madelene for bem, se a nossa chapa for bem, se o próprio PT tiver uma votação melhor do que teve da última vez, vindo Carla Machado ou não, e outros candidatos, de repente a gente consegue chegar no segundo turno.

Ideologia partidária — Nós temos 30 e poucos partidos, se eu não me engano, 20 e poucos partidos, mas o negócio de partido virou uma confusão danada. Eu sou muito a favor, deveria ter esquerda, centro e direita, ponto. Igual os Estados Unidos é, republicano e democrata. Agora não, aqui a partida faz para... Enfim, eu não sou muito fã dessa questão de partido, não. E nem entendo muito, para falar a verdade, dessas confusões todas, não, mas a gente tem que estar afiliado a um partido para poder vir, mas eu não acredito em... Até porque as ideologias dos partidos estão totalmente perdidas, não tem mais ideologia. Então, a questão de partido eu acho que é um assunto que a gente não vai chegar em lugar nenhum nunca.

Nominata — Eu acredito que a gente tenha aí ligados a Wladimir, ele fala em 19 e não acredito que seja esse número. Acredito que chega a uns 14 ligados a Wladimir. E eu acredito que do outro lado, a gente falou em sete mais ou menos, mas aí tem a Tamires de repente entra oito. Então eu acredito que a oposição ao Wladimir vai fazer um número bem razoável de vereadores. Eu acredito que sim, a oposição vai fazer de oito a nove candidatos. E e a base do governo, com a estrutura que a própria Prefeitura tem, deve fazer aí 14, mais ou menos.

Pulverização de votos — Pensando em segundo turno, sim, eu acho que quanto mais candidato vier, hoje seria a maior probabilidade do segundo turno. Apesar do Wladimir falar que não, eu acredito sim no segundo turno, principalmente vindo uma chapa que eu vou estar dentro, a chapa da Madelene, aí tem lá o Magal que tem uns votos lá em Guarus, tem o Novo também. Acredito que vá pulverizar um pouco sim. Estrategicamente por zona, eu acho que está conseguindo alcançar zonas específicas. E a gente pode pegar, por exemplo, o ultimo candidato apoiado por Rodrigo Bacellar na última eleição, que foi o Bruno Calil, teve 36 mil votos. E tem uma coisa que a gente não está pensando, muito importante, que tem que colocar em pauta. Caio Vianna teve 68 mil votos. No segundo turno, ele teve 110 mil votos na última eleição. Então, houve um aumento aí de quarenta e poucos mil votos. Do antigarotismo, as pessoas que não queriam votar nele, porque ele não teve esse voto no primeiro turno, ele subiu de 68 para 110 mil votos, para as pessoas que não queriam votar em Garotinho. E aí, quando ele, que eu acho que foi uma das maiores besteiras que ele fez na vida dele, quando ele fecha com o Garotinho, que ali ele se suicidou politicamente, na minha visão, ele acabou com a carreira política dele e muitos eleitores de Caio Vianna se decepcionaram. Então, além desses 40 e pouco, vou arredondar, 50 mil pessoas que não votaram nele, que votaram só no segundo turno para o grupo Garotinho não ganhar, desses 68, ele perdeu mais da metade. Então, nós temos aí 80 mil pessoas órfãs. E vale lembrar uma coisa, na última eleição não foi nem Caio Vianna nem Wladimir que ganharam a eleição. Quem ganhou a eleição foram os votos brancos e nulos. (…) Vai pulverizar, os debates vão acontecer, mas eu acho que tem muita água pra rolar, eu acredito sim num segundo turno, e aí num segundo turno, zera o jogo.

Avaliação do governo — Campos tem dinheiro para ser autossuficiente há muito tempo, desde que o Wladimir entrou. A gente pegou uma fase muito ruim de royalties, de arrecadação, e de 2021 para cá realmente a arrecadação subiu muito. As obras de Campos hoje, todas as obras de Campos, o asfalto que a gente vê hoje sendo recapeado aí, é do Governo do Estado. Reforma da HGG, Governo do Estado. Parque Saraiva, Governo do Estado. Vila dos Pescadores, Governo do Estado. Segurança Presente, Governo do Estado. Então assim, Wladimir está surfando numa onda com o dinheiro dos outros e com com uma arrecadação recorde de 3,1; 3,2 bilhões de reais. (…) Campos está precisando de muita coisa ainda. As pessoas estão falando ‘Ah, melhorou a saúde pública’. Com R$ 3 bilhões, tem que melhorar. Mas está muito ruim ainda. O transporte nem se fala.

Dependência de programas sociais — Programas sociais, eu sou a favor. Eu tenho programas sociais, mas eu acho que a Prefeitura está cada vez mais refém de programas sociais, de assistencialismo. E pegando verba de fora, e não fazendo o básico que deveria fazer realmente no interior, principalmente nos locais mais afastados do centro da cidade, que ainda tem muita gente reclamando. (…) Na minha visão é mais de falsidade do que de boa vontade, porque eu vi e eu presenciei lá a confusão da LOA, que no final das contas era só para aumentar Cartão Goitacá e RPA. E a gente levou pancada a beça que ia parar a Prefeitura. Mentira e eu sei que era mentira porque tem prefeitura que não votou a LOA até hoje e tá usando o duodécimo. (…) Hoje, Campos, naquela confusão toda que teve lá atrás de terceirizados, já eram 7 mil, 8 mil, hoje são 20 mil cartão Goitacá. Deixando muito claro, nada contra nenhum programa social. Agora, o sucesso de uma cidade é quanto menos ela precisar de programas sociais. Hoje, Campos está indo exatamente para o inverso. São mais programas sociais, é mais assistencialismo e menos indústria, menos comércio, menos autossuficiência. Então, a gente está andando para o lado errado, a gente está ficando uma cidade totalmente refém de Prefeitura.

Obras — Não sei como é que está agora, mas há pouco tempo atrás, 94% das obras de Campos, eu vi uma reportagem disso há dois meses atrás, mais ou menos, vieram de verbo do governo estadual, do governador Cláudio Castro. E ele (Wladimir) dá a entender que as obras e as benfeitorias são feitas pelo prefeito Wladimir. Não é verdade. Então eu vejo mais falsidade do que realidade.

Força do agronegócio — O município do Rio de Janeiro tem 1.000 quilômetros quadrados. Campos tem 4 mil quilômetros quadrados. Aqui era para a gente estar exportando soja, fruta. A gente tem o Porto do Açu aqui do lado. Ninguém de Campos vai lá e conversar com eles. Nós temos 4 mil quilômetros quadrados. A gente pode transformar a cidade através do agronegócio. A gente está vivendo refém dos royalties. O royalty é finito. Eu estou vendo a política há mais de 30 anos pensar em ficar refém de royalty. Ninguém está pensando no futuro de Campos. (...) Agora, por que não fazer uma ZEN aqui? Por que não pegar aí 10 milhões de metros quadrados? Estou dando um conselho ao Wladimir para fazer isso. Vai lá em Brasília, já que conhece, fala com a esquerda, com a direita, fala com todo mundo, pede isenção fiscal. Vai no governador, que diz que faz as obras dele, pede isenção fiscal, traz empresa para cá, traz indústria, geração de emprego.
CPI da Eduação — Eu vejo que ela enfraqueceu um pouco por causa da saída dos vereadores. Inclusive o presidente, o Maicon Cruz, que estava mais à frente disso, então eu vejo que ela enfraqueceu. Mas existe ainda a CPI da Educação, tem muita irregularidade, muita coisa, principalmente com verba vindo do Fundeb. A gente teve muita dificuldade de pegar dados reais dentro da secretaria da Educação, dificultaram bastante, mas acho que pode se desenrolar ainda durante um período aí. Eu acho que pode ser um dos grandes calcanhares de Aquiles de Wladimir. Porque foi mal administrado e tem verbas ali, principalmente vindas do Fundeb, que não foram aplicadas da maneira correta e não foram comprovadas da maneira que deveriam ser. Então, assim, a gente não tem o resultado final ainda da CPI da Educação, mas se a gente conseguir realmente pegar os dados todos e avaliar da maneira certa, eu não estou na mesa executiva da CPI da Educação, mas pode ter certeza que eles vão ter que responder muita coisa e vão ter dificuldade em responder coisas básicas do beabá que fizeram errado e a gente já conseguiu mostrar isso. Agora é aguardar.

Causa PET — Eu vi, através do Paraesporte, na equoterapia, o bem na vida de algumas pessoas com deficiência. Através dos cavalos da equoterapia eu comecei a me sensibilizar e comecei a entrar um pouco a fundo e eu vi realmente um caos na cidade de Campos. (…) O CCZ tem uma capacidade de 80 animais. A estimativa hoje em Campos, que nós temos. é de 90 mil animais. (…) Então, uma cidade que tem 90 mil animais pets e não tem um hospital que seja pequeno veterinário municipal. Existe o hospital veterinário da Uenf, que é excelente, mas eles não tem condição de atender todo mundo. Então, o que a gente teria que fazer hoje, urgente, para ajudar a causa PET? É construção de um hospital veterinário municipal. Mais abrigos municipais, porque a gente só tem um abrigo, que é o CCZ, que tem capacidade de 80 animais. Fazer mais dois, três, quatro abrigos, que isso não é nada absurdo para fazer. Faz um na Baixada, faz um em Guarus, faz um aqui no Centro da cidade. (…) Temos seis projetos de lei aprovados, mas o mais importante é o Hospital Veterinário Municipal e o aumento dos abrigos municipais. E a questão do disque-denúncia.

Críticas à Wladimir — Campos está andando no inverso. Só que na mídia, Campos está um “petáculo”. Mas não está um “petáculo”. Agora, infelizmente, a gente tem um prefeito que fica fazendo palhaçada na rede social, e a cidade voltando para pior do que era antes.

Dependência dos Garotinho — Se você estudar a política da família Garotinho, eles querem pessoas reféns da Prefeitura. Porque é mais fácil de você manipular. Agora, quando você tem um agronegócio, quando a pessoa tem um emprego, ela vai lá e vai fazer, vai ter sua autodefinição, quem vai votar, quem não vai votar. Então, assim, eu concordo plenamente. O royalty um dia acaba. Eu vejo em Campos a principal atividade econômica para o nosso futuro, o agronegócio.

Críticas aos Garotinho — A gente tem conversado com alguns pré-candidatos de oposição, como o Novo, e ninguém quer mais a família Garotinho. Nós estamos falando em 36 anos de oligarquias familiares, com a mesma política, a Prefeitura cada vez mais inchada e a gente andando para trás em questão de desenvolvimento econômico. Eu acho que Campos tem que mudar, Campos tem que pensar na autossuficiência e parar de ficar refém dessas famílias.
 

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