Fabrício Lírio: 'Temos 100% de apoio da Rede'
Aluysio Abreu Barbosa, Edmundo Siqueira, Cláudio Nogueira e Mário Sérgio Junior - Atualizado em 08/05/2024 01:03
Fabrício Lírio
Fabrício Lírio / Reprodução rede social
O empresário e pré-candidato a prefeito de Campos pelo Rede Sustentabilidade, Fabrício Lírio, foi o entrevistado dessa terça-feira (7) do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Ele afirmou que seu partido deverá apoiar seu nome para uma possível candidatura própria, mesmo fazendo parte de uma federação com o Psol e haver uma tendência de apoio ao pré-candidato a prefeito do PT, o professor Jefferson Manhães. Lírio diz que o que falta para a oposição se tornar mais forte nas eleições de 2024 é o diálogo. Ele projetou, ainda, que uma chapa entre a delegada Madeleine Dykeman como vice de Carla Machado seria “robusta e forte” para superar o prefeito Wladimir Garotinho, pré-candidato á reeleição. No entanto, ainda não certeza se a deputada estadual poderá se candidatar ao pleito diante da tese do “prefeito itinerante”, uma vez que já foi eleita por dois mandatos seguidos em São João da Barra. Fabrício também declarou que Wladimir hoje ganharia a eleição, mas não deixou de fazer críticas à atual gestão, abordando principalmente as áreas da Saúde, Educação e funcionalismo público. O pré-candidato projetou, ainda, que a federação Rede e Psol aposta em uma nominata de 26 pré-candidatos a vereador, podendo alcançar uma a duas cadeiras no Legislativo. Sobre a representatividade feminina e cota de gênero, Lírio afirmou que a federação não teve dificuldades de formar o que é previsto na legislação eleitoral.
Federação Rede e Psol — Primeiramente, a gente precisa entender que é uma construção de dois partidos. Por regra, nós temos agora a obrigação de caminharmos juntos, tanto a Rede quanto o Psol. O que ficou definido no Congresso Nacional é que o partido que tivesse obtido a maior votação na eleição municipal seria o partido que presidiria a federação nas eleições municipais deste ano e que também teria prioridade de indicação de cabeça de chapa majoritária e a vice ficaria a cargo do outro partido que teve menos voto na eleição passada. Isso foi o que ocorreu na questão de formação administrativa do partido na federação Rede Psol. É claro que existe em todo partido algumas discussões, algumas disputas internas. Na Rede não tem, graças a Deus. Está bem consolidado, nós estamos com 21 pré-candidatos a vereador, que compreenderam um projeto para que a gente possa construir a eleição proporcional de um vereador ou dois. E o Psol tem uma decisão interna, que está se fazendo, mas que eu acredito que vai ser superada porque a gente entende e não há possibilidade de você apoiar uma candidatura de um candidato que não consegue nem alcançar 1%. Infelizmente a pré-candidatura do Jefferson está fadada a não avançar, a não crescer. E eu fico com muita preocupação quando eu vejo uma ala oposicionista ao governo atual, que eu também faço parte dessa ala oposicionista, eu fico muito preocupado quando eu vejo o somatório de todos não alcançarem nem 10%. Claro, exceção seria Carla Machado nesse tabuleiro. Mas eu acredito com toda sinceridade que nós não vamos ter dificuldade nenhuma. Ontem eu conversei com a professora Natália, conversei também com a companheira Dani de Paula, que eu até convidei para ser candidata a vice numa possível chapa Rede Psol e a gente tem avançado com outros núcleos do Psol. O Psol por natureza é um partido fragmentado. São várias correntes, são várias lideranças e todo mundo defende democraticamente aquilo que entende ser melhor não pra cada pessoa e sempre é uma sociedade para o coletivo de forma geral. Na verdade, o que está se discutindo, se pensando, é o que é melhor para a cidade, independente de quem seja. E eles entenderem que eu serei o melhor para a cidade, tem a tendência de apoiar. A Rede a gente tem, graças a Deus, eu posso dizer assim, 100% de apoio.

Pré-candidatura própria — Então a gente, por regra, já tem maioria absoluta até para defender uma possível candidatura. Por isso que eu não tenho este receio de não aprovação. E é claro também que a gente está no interior, a gente precisa dialogar com a capital, precisa dialogar também com a nacional. Eu tenho dialogado com a direção executiva estadual, que eu faço parte, sou secretário executivo da direção estadual, e tenho conversado, sim, com a direção nacional. Eu sou membro da Constituição do Elo Nacional e eu participo do Congresso Nacional e a gente discute com a liderança nacional o que é melhor para nossa região e por quais motivos seria. Eu quero dizer que não é coisa própria, pessoal minha. Essa discussão, essa disputa, esse projeto é uma coisa coletiva que a gente tá tentando construir. É claro que se fosse um candidato que tivesse aí 50% de chance eleitoral, seria muito mais fácil a gente convencer essas pessoas. Só que a política não é feita somente, exclusivamente, com chance eleitoral. Ela é feita com discussão de propostas, de ideias, defesa de pautas que possam vir a contribuir e a colaborar com a sociedade num contexto geral. O momento agora é consolidar o nome para a aprovação nas convenções para que possa se colocar como candidato realmente a majoritária. Eu prefiro, com toda sinceridade, andar com a nominata que eu tenho, andar com a professora Natália, que é uma pessoa já conhecida da sociedade, e falar com as pessoas aquilo que eu penso e acredito.

Intenções de voto — Eu não faço esse comparativo até porque eu não figurei na pesquisa e, mesmo que eu tivesse figurado com 0,5, 0,4., não teria nenhum motivo para coligar com um candidato que tem o mesmo percentual meu. Prefiro eu disputar na periferia, disputar na pedra, disputar na política com as pessoas e apresentar a minha proposta. Eu pensei até impugnar a pesquisa, mas achei melhor não porque eu acho que a gente ia criar uma demanda desnecessária fora do tempo. Minha meta é chegar a 5%. Quem sabe passe de 5. E aí tem um histórico, daí o Wilson Witzel que começou com 1%, o Rafael (Diniz) com 4. Quem sabe se eu conseguir chegar a 4 ou 5, eu posso ter uma referência na cidade e conseguir modificar realmente esse modelo de política que está aí há mais de 30 anos. Se a gente for analisar de forma clara e objetiva, de Zezé Barbosa a Wladimir, é tudo farinha do mesmo saco, é tudo mais do mesmo, nada mudou. Acho que é hora de a gente renovar.

Pré-candidaturas a prefeito — Acho que o Jefferson é uma pessoa maravilhosa, excelente professor, eu gosto de Thiago, não conheço a Madeleine, mas sei que o histórico dela também é muito bom, assim como a Carla, o Magal. Ou seja, eu vejo que os pré-candidatos em geral estão todos bons, até mesmo o próprio prefeito Wladimir. Só que eu acho que se a oposição não se reinventar, não modificar o modelo de construção que está sendo feito aí, não vai chegar a lugar nenhum. Infelizmente, a verdade é que o Wladimir hoje ganharia a eleição. Agora, é isso que a gente quer? Não. Então, se a gente não quer isso, a gente precisa repensar como fazer política. Talvez seja aí uma oportunidade que a gente tenha de repensar. Por que que os candidatos que aí foram postos na pesquisa não conseguiram controlar a sua grande maioria, juntando todos e não chegando nem a 10%? Eu não posso dizer a você se eu vou ganhar do Wladimir ou não. Isso seria muita arrogância neste momento. Mas eu sei que se a gente tem um candidato que não tem fluidez, não tem avanço social, não tem penetração na comunidade, na sociedade geral, não tem porque a gente se coligar com ele. Eu vejo com muita preocupação o quadro dos pré-candidatos que aí estão. Se a gente for partir um a um, eu não quero aqui apontar defeito em ninguém, mas você vê que você não consegue chegar com a delegada dentro da comunidade. Campos é rodeado de comunidade. Então, acho muito difícil. Como que você chega com um pré-candidato muito bom, letrado, que é o professor Jefferson, para levar essa linguagem até a população, que tem uma linguagem mais coloquial, uma linguagem mais simples. Não consegue penetração, acho que esse é o fruto do que a gente está discutindo. A gente tem aí o Magal que é pré-candidato. Qual seria a real projeção, a nova construção do Magal? Porque às vezes ele ficou com aquele espectro da proporcional e às vezes está tendo dificuldade hoje para trabalhar no campo majoritário. Sobre o Buchaul, não tem muita intimidade, eu sei que é da área saúde e atua há muito tempo na cidade. Então a gente começa a ver os pré-candidatos que estão postos aí e consegue chegar à conclusão que o Wladimir está bem, porque é prefeito e está exercendo, e tem penetração em todas as camadas. A gente vê que a Carla tem um recall grande, um histórico da vida pregressa dela. E nos demais, a gente não vê nada que seja uma construção viável, possível de crescimento.

Pulverização da oposição — Se a gente for pensar em processo político, chance eleitoral e condição real de superar a candidatura do Wladimir, que é tido como favorito nas pesquisas, a gente precisava aí botar que a delegada fosse vice da Carla Machado, que a gente teria uma chapa robusta e forte, que talvez conseguisse consolidar boa parte da oposição. Talvez conseguisse. Porque enquanto nós tivermos nesse cenário que cada um defende seu campo, seu quadro, cada um defende seu quadrado, a gente vai ficar com essa pulverização. O que acontece hoje é fruto justamente de uma ausência de diálogo da oposição (…) Então a dificuldade de você juntar as forças, as correntes da oposição, é justamente isso, é a ausência de diálogo. É a ausência de concordância, é a ausência de pontos, e o flúor é tudo na mesma direção. Já que a gente não consegue ir na mesma direção, cada um segue seu caminho, cada um segue seu lado, e cada um trabalha de forma individualizada. Por isso que você tem dificuldade de fazer a junção desse bloco.

Nominata — A proposta é que o Psol traga cinco pré-candidatos e a Rede traga 21 pré-candidatos. Nós estamos com 21 pré-candidatos a vereador, que compreenderam um projeto para que a gente possa construir a eleição proporcional de um vereador ou dois. (…) Quanto à professora Natália, é sim uma excelente candidata, uma excelente pessoa, um excelente quadro. Ontem eu estive muito com ela, conversei. A gente conversou sobre várias questões. Agora, claro que depende que as outras correntes, do Psol, que tenha o seu interesse próprio de divulgar bandeiras, ou de crescimento interno, queria também participar. Partindo desse princípio, nós temos no próprio Psol, além da Natália, o Vanderson Gama, que é presidente do Psol atualmente, que é bem cotado para ter uma boa votação. Tem a Juliana, que também é bem cotada para ter uma votação. E aqui pela Rede, a gente tem além da Edna Caldas, tem o Carlos Manhães, tem o Maurício da Saúde que já veio com a gente, tem o Cristiano Deskis que foi o presidente da Associação da Guarda, tem o Romário Taxista, tem a pastora Roseli. Nós temos um volume de pré-candidatos que até vieram em outras eleições. A ideia é que a gente tenha pelo menos de dois a três candidatos, que consigam evoluir aí para 1 mil a 1.500 votos que seja. E a gente trabalhar com a Natália na faixa de 2 mil a 2.500 votos.

Cota de gênero — Nós sempre temos essa preocupação de trazer a mulher para o processo político. Tanto a cota da Rede quanto do Psol está bem tranquila quanto a isso. Na verdade, nós temos mulheres excedentes, não está faltando mulher no partido. E a gente vem trabalhando isso quatro anos. Acontece que muitas das vezes os partidos deixam para trabalhar a mulher no período eleitoral por necessidade justamente dessa cota. E aí que é o caminho equivocado, porque acaba por não conseguir às vezes cumprir a cota e colocar as chamadas candidatas laranja. Com certeza na Rede e no Psol nós não temos essa candidatura laranja. São candidaturas que já são trabalhadas há tempo, idealizadas, formalizadas a tempo e a gente tem sim esse trabalho bem enraizado. Só teve uma mulher que foi filiada para se candidatar agora nesse processo que foi a Edna Caldas, que era presidente do PMB antigamente. Todas as demais mulheres já foram candidatas a partir da tempo, já participaram até algumas em outras eleições e já são filiadas há muito tempo. Então, eu não tive nenhuma dificuldade quanto a isso. E o Psol também não. Na verdade o Psol trouxe quatro mulheres e um homem para fazer parte da composição da federação.

Críticas a atual gestão — Eu nasci na cidade, nascido e criado aqui, conheço cór e salteado a cidade, e conheço boa parte dos problemas. Os problemas que a sociedade de Campos passa são os mesmos que eu passo. A gente tem escola caótica, a gente tem um comércio parado, fechado. A gente tem ausência de emprego. Tem falta de aplicação de recursos no comércio, nas empresas. A gente não tem indústrias pujantes aqui. A própria agricultura vai muito mal, infelizmente. A gente fala das usinas de açúcar que fecharam. Fecharam muitas usinas de açúcar, das poucas que estão aí. Falta cana, tem que fazer um replantio de cana para poder melhorar a qualidade da cana da nossa cidade. Então quer dizer, tem uma série de questões que precisam ser abordadas. Nós estamos num governo que falta de tudo um pouco. Você busca uma saúde e não tem saúde, não tem marcação de atendimento, não tem médico, os hospitais caóticos. Você vai para uma escola, uma escola está cheia de mato, a estrutura física está horrível. Você parte para o servidor público, O servidor público está com uma defasagem salarial de mais de 30%, era 40% e depois 10% no ano passado e nesse ano. Então tem muita coisa para que seja feita. Eu acredito que quando as pessoas forem sendo conscientizadas do que elas realmente estão vivendo, elas vão acabar refletindo e buscando uma mudança. Eu acho que a máquina pública, ela está deixando de priorizar. Priorizar questões que são essenciais para a sociedade.

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