"Memorial Cambahyba" será criado nesta quarta em Campos
Rodrigo Gonçalves 05/12/2023 21:00 - Atualizado em 07/12/2023 00:58
Divulgação
Representantes do Ministério dos Direitos Humanos e outras autoridades são esperadas nesta quarta-feira (6), em Campos, para a criação do “Memorial Cambahyba, Ditadura Nunca Mais, Memória, Verdade e Justiça”, marcando o início da caminhada dos 60 anos do golpe militar de 1964, como mostrou o Blog do Gilberto Gomes, hospedado na Folha 1 (aqui).
Diversas organizações da sociedade civil estão convocando para o ato público, que acontecerá às 13h, na extinta Usina Cambahyba, em Campos, apontada em investigações pela utilização de seus fornos para incinerar corpos de presos políticos durante a ditadura militar. Em junho deste ano, a Justiça Federal de Campos condenou o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Espírito Santo, Cláudio Antônio Guerra, a sete anos de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de ocultação de cadáver no período da ditadura. Cláudio foi investigado com base em seu próprio livro “Memórias de Uma Guerra Suja”, no qual confessou ter recolhido os corpos de 12 pessoas e os levado para serem incinerados entre 1973 e 1975 na antiga Usina Cambahyba.
A ação penal ajuizada pelo Ministério Público Federal está relacionada ao desaparecimento de 12 militantes políticos. As vítimas são: Ana Rosa Kucinski Silva, Armando Teixeira Frutuoso, David Capistrano da Costa, Eduardo Collier Filho, Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, João Batista Rita, João Massena Melo, Joaquim Pires Cerveira, José Roman, Luís Inácio Maranhão Filho, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto e Wilson Silva.
Foram convidados para o ato desta quarta familiares de vítimas que morreram, despareceram ou foram presas na ditadura. Também devem comparecer representantes da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), além de deputados, líderes partidários e de centrais sindicais, movimentos estudantis como a União Nacional dos Estudantes e o Diretório Central dos Estudantes da Uenf.
Ocupada por cerca de 300 famílias do MST, as terras da Usina Cambahyba foram desapropriadas e hoje abrigam o futuro assentamento Cícero Guedes.
Segundo informações da assessoria do Ministério dos Direitos Humanos, “o ministro Silvio Almeida não estará no ato, mas o chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Nilmário Miranda, estará, assim como o Coordenador-Geral de Memória e Verdade e Apoio à CEMDP, Hamilton Pereira. As ações para a efeméride dos 60 anos do golpe estão sendo construídas pelo Ministério em parceria com outros órgãos e serão divulgadas em breve”.

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