André Ceciliano avalia de Brasília a Campos
Rodrigo Gonçalves, Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira e Matheus Berriel - Atualizado em 27/09/2023 08:56
André Ceciliano
André Ceciliano / Divulgação
Ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e atual secretário de Assuntos Federativos do ministério das Relações Institucionais, André Ceciliano (PT) é apontado como importante elo para prefeitos da região com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Claro que não é algo exclusivo ao Norte e Noroeste e demais municípios fluminenses, mas é inegável a sua proximidade e entendimento sobre o cenário do interior do RJ. Mesmo de Brasília, onde recebe diariamente governantes de todo o Brasil e está à frente da Caravana Federativa, Ceciliano não deixa também de acompanhar as movimentações políticas, inclusive em Campos. No Folha no Ar dessa segunda-feira (25), da Folha FM 98,3 (aqui), o ex-deputado avaliou a pacificação entre os Garotinhos e Bacellar, comentando ainda a ascensão do atual presidente da Alerj, o campista Rodrigo Bacellar (União), além de avaliar o cenário eleitoral a 2024 (aqui), vendo como real a possível candidatura do petista Jefferson Manhães como adversário do prefeito Wladimir Garotinho (PP). Ainda no programa, Ceciliano aproveitou para reforçar o convite a prefeitos e secretários dos municípios da região para a Caravana Federativa (aqui), que estará nestas quinta (28) e sexta (29), no Rio de Janeiro, com serviços ofertados por ministérios e bancos federais.
Diálogo — É uma honra para mim estar aqui em Brasília, trabalhando no Governo Federal. Trabalho diretamente com o presidente, com o ministro Alexandre Padilha, e convivo ali com os governadores, governadoras, com os prefeitos e prefeitas. Nesses primeiros nove meses, nós atendemos aqui a mais de 2.500 municípios, alguns deles mais de uma vez. Todos os governadores eu atendi, e falo semanalmente com todos. É uma honra estar aqui na grande política. A gente tem um trabalho aqui de relacionamento; de tratar com governadores e governadoras, prefeitos, prefeitas, ministros, ministras. A minha secretaria é de assuntos federativos, mas eu também faço, por vezes, atendimento a deputados, senadores (...) É a volta da relação federativa, coisa que nos últimos quatro anos nós não tivemos. Converso com governadores, inclusive do PL, e eles dizem: “André, a gente é do PL mas tinha dificuldade de chegar, de sentar”. Prefeitos e prefeitas, a mesma coisa. Então, a gente retoma a relação federativa, retoma a proximidade dos entes. Já em janeiro, por conta do 8 de janeiro, nós nos reunimos no dia 9 com os governadores. Fizemos uma reunião no dia 27 de janeiro com todos os governadores. Em um mês, foram duas reuniões. Nesses primeiros meses do ano, já tivemos cinco reuniões com os governadores. Prefeitos, presidentes de consórcios, eu recebo 30, 40, diariamente.
Caravana Federativa — Primeiro, é aquele atendimento que normalmente o prefeito, quando sai do Rio de Janeiro, vai a Brasília buscar, que é aquele mesmo atendimento: Quando vai no Ministério da Educação, no FNDE, quando vai no Ministério da Saúde, quando vai no Ministério das Cidades, resolver problemas de convênios, destravar investimentos, conhecer novos programas e projetos dos ministérios. É aquele atendimento que geralmente o prefeito e a prefeita vêm buscar na Esplanada dos Ministérios ou mesmo no Palácio do Planalto, com a mesma qualidade presente no Rio de Janeiro. Nós estamos articulando todos os ministérios (...) Vamos ter também o Banco Central, o BNDES, Caixa, Banco do Brasil, Correios... Vamos ter outros entes. Tivemos uma experiência muito exitosa (na Bahia onde foi a primeira Caravana) Foi muito bacana. Logicamente, a gente tem sempre que aprender com os erros. Estamos dando uma nova dinâmica, mas 90% são da mesma forma como fizemos a caravana na Bahia. Não vamos parar mais. Agora, vamos estar realizando duas por mês. Então, já temos esse calendário até o meio de dezembro. Isso é para aproximar o Governo Federal do estado e dos governos municipais. Aí é que a gente vai resolver os problemas. Esse é o verdadeiro pacto federativo: você buscando solucionar aquela pendência. Muitas vezes, das 14 mil obras paralisadas, a gente viu que muitas eram por falta de documento, um lançamento no sistema... Muitas vezes, questão de boa vontade. Isso a gente vê todo dia aqui. Então, é fundamental que a gente possa ter os secretários municipais, os prefeitos e prefeitas, porque vão gostar muito, vão ter acesso a novos programas. Por exemplo: na área do meio ambiente tem muita coisa de bolsa, de auxílio, para que a gente possa cuidar do meio ambiente; assim como no Ministério da Gestão tem muitas ferramentas novas para os administradores municipais. É fundamental essa presença. A Caravana está bem mobilizada. Eu tenho conversado com os prefeitos e prefeitas do estado do RJ, está bacana demais. Nossa perspectiva é levar todos os prefeitos, ter todos os municípios presentes. Não tenho dúvida de que todos os municípios estarão. Sempre tem um ou dois prefeitos que possa ter compromisso de viagem, mas será sucesso, eu não tenho dúvida. Temos o apoio do Governo do Estado, do governador Cláudio Castro. Quero aqui agradecer esse apoio, porque é fundamental. Nós estamos fazendo esses encontros em parceria com os governos estaduais. Lá na Bahia, algumas secretarias também atenderam aos prefeitos, e não vai ser diferente aqui no Rio de Janeiro. É parceria, buscar soluções de problemas que a gente só consegue resolver quando tem os três entes juntos: Governo federal, Governo do Estado e municípios.

Governo Castro — Ele (Cláudio Castro) foi muito bem nos dois últimos anos, tanto é que se reelegeu no primeiro turno. Ele está começando a modificar o governo, acho que precisava fazer isso mesmo, para incentivar. Senão o sujeito fica muito ali na secretaria, achando que ele é concursado, quando a gente precisa a cada dia avançar mais, tendo mais desafios para melhorar a saúde, a educação, a segurança pública. Ele tem um desafio. Logicamente, agora ele foi eleito e precisa, ele está fazendo uma troca em algumas secretarias, para que possa imprimir a sua marca. O governo precisa ter uma marca. E a gente deseja tudo de bom, a gente torce para que dê certo. O Governo Federal está aqui à disposição em parceria, estamos discutindo coisas importantes para o Rio de Janeiro. A gente precisa retomar essas obras importantes. A Petrobras tem um papel fundamental no estado, e a gente precisa cobrar mais da Petrobras. Esse é um exemplo. A gente precisa retomar a indústria naval, que está muito tímida ainda. Tudo que tem de encomenda está fora do Brasil. Agora, está se anunciando a retomada da construção de novos navios, algo importante tanto para a economia do estado quanto para a economia do Brasil. Eu acho que o governo vai viver um novo momento. O presidente Lula nos determinou que a gente tenha o mesmo atendimento para qualquer governador, seja do PL, do PT, do MDB, do PSD, sem olhar para a eleição passada. É olhar para frente, para o futuro, e fazer o melhor, porque lá na ponta está a população, está o cidadão. Essa é a determinação, e esse é o nosso estilo: tentar conversar com todo mundo, tentar o entendimento, tentar ir para frente. E o Cláudio (Castro) fez uma campanha onde em nenhum momento atacou o presidente Lula. Ele fez a campanha dele, falando do candidato dele. Diferente de muitos, que fizeram uma campanha agressiva, ele fez uma campanha falando das propostas dele, apoiando o candidato dele. Isso é da democracia, a gente tem que respeitar e olhar para frente. Venceu o presidente Lula, o Brasil vive um novo momento. Para os mais otimistas, a economia tinha perspectiva de crescer 1% no final do ano, no início deste. Estamos crescendo mais de 3%. O presidente está conversando com todos os governantes do mundo, e a gente precisa ter paz, precisa voltar a crescer.

Ascensão de Rodrigo Bacellar — Ele aceitou alguns desafios no primeiro mandato. Ele foi relator de momentos importantes. Não era qualquer um ali que pegaria aquele relatório para soltar os deputados que estavam presos, o relatório da cassação... Então, ele teve algumas demonstrações de coragem. Ele chegou bem, e na política vale muito isso. Ele deu a palavra de que estaria conosco, antes mesmo do início da campanha para presidente da Assembleia em 2019. Me lembro bem que ele abriu a porta e falou: “Nós temos amigos em comum. Não dá nem para pensar em não votar em você. Então, conte com o meu voto, conte com o meu trabalho”. E foi isso que ele fez. Isso vale muito na política: o compromisso, a palavra. Em relação ao mandato dele, cada um tem um estilo, cada um tem um perfil. Torço para que dê certo, torço para que possa fazer o melhor. De verdade: Deus conhece o meu coração, eu não torço contra ninguém. Torço pelo melhor e quero que ele faça o melhor. Cada um tem um estilo, não dá para comparar a forma, o jeito e o momento político. A gente vinha naquele momento muito conturbado, com salários três, quatro meses atrasados. A gente também teve aquele momento difícil, quando eu assumi a presidência da Assembleia, para votar aquelas matérias para o estado aderir o regime, botar os salários em dia. A gente foi bem ali na Assembleia. A Assembleia teve um papel muito importante, significativo, naquele final de 2017, 2018. Em 2019 e 2020 também. Mas, é isso: cada um contribui da sua forma. Eu torço para que dê tudo certo. Tenho conversado com ele algumas vezes, e a gente torce para que ele possa fazer um excepcional mandato.

Pacificação em Campos — Primeiro, é importante para o Rio de Janeiro, importante para a região Norte-Noroeste. Eu trabalhei muito em 2019 e 2020 para essa pacificação. Infelizmente, lá não foi possível. O tempo inteiro eu dizia ao Rodrigo que ele estava muito grande para ficar arrumando briga à toa. Respeitava a posição dele, mas eu tentei aproximar, tentei fazer o melhor. É muito importante não só para o município, mas para a região inteira. É fundamental que a gente tenha um olhar para todas as regiões do Rio. O Norte, especialmente o Noroeste, precisa de muita atenção. A gente fez muitas parcerias como presidente da Assembleia. Nós atendemos e socorremos em momentos difíceis os municípios aí. Fizemos parceria com o município de Campos, parceria com a Uenf em relação ao Solar do Colégio. A gente precisa estar com um olhar atento a todas as regiões (...) O presidente da Assembleia tem que ser aquele que vai contribuir com todos as regiões, que vai conversar, dialogar, respeitando as posições políticas. Isso é do jogo político. Mas, a gente torce para que ele (Rodrigo Bacellar) possa fazer o melhor aí, que possa ter paz em Campos, porque tendo uma harmonia aí, o município vai voar.

Eleições em Campos e no Rio — Eu acho que o Paes tem um foco em 2026. Vai passar por 2024 olhando 2026. Eduardo Paes tem muito futuro. Eduardo Paes é jovem, é competente, é trabalhador, assim como o Wladimir. Mas, o Paes faz a eleição de 2024 olhando para 2026. Eu não tenho dúvida. E para 2026, não só para governador do estado. Ele tem outras possibilidades, não só para governador do estado. Então, vamos aguardar. Em relação ao Wladimir, a gente respeita muito. Tenho um carinho por ele. Foi deputado federal, tem uma experiência. Em 2024, vamos ter muitas variáveis. Na minha cabeça, o governo vai ter um candidato na capital. Na minha cabeça, esse candidato pode não ser o do PL, pode ser de um aliado. Pode ser do União Brasil, pode ser do PP... E acho também que o PL terá um candidato competitivo na capital. Esse é um jogo de xadrez. Mas, eu não tenho dúvida de que o Eduardo Paes larga muito bem. Vai ter o apoio do presidente Lula, vai ter o apoio do PT. Ele vai correr em 2024 olhando para 2026. O PT é plural. O Lindbergh, desde sempre, diz que prefere outra candidatura, mas é a opinião dele. O PT está no governo municipal (do Rio), o presidente Lula é grato ao Eduardo Paes pela eleição do ano passado. E uma eleição você constrói. Você vai construindo uma eleição olhando para outra. Eu não tenho dúvida da chance da aliança com o Eduardo Paes, que é imensa.

PT nas eleições municipais — Tenho acompanhado o grupo que está discutindo a eleição de 2024 no PT. Primeiro, vamos estar com os nossos aliados, que ficaram conosco na eleição passada. Vamos estar juntos, fazendo contraponto, porque na eleição de 2024, a exemplo do Eduardo Paes, que está olhando (2026), nós também estaremos olhando. Nós vamos olhar, porque, primeiro, você não tem que estar sempre do lado que vai ganhar. Você precisa construir. E nós sabemos que o PT vai melhorar muito no estado no Rio. Vai melhorar muito é o quê? Ter cinco, sete prefeituras? Nós vamos melhorar, podem ter certeza. Vamos ter alianças em todo o estado. Temos Maricá, que é um exemplo de políticas públicas. A gente precisa garantir a eleição lá do Quaquá, porque é o nosso cartão de visita, o cartão postal do PT. E respeitando sempre. Na política, há o primeiro turno, há o segundo turno, você faz composições olhando para frente. Então, é fundamental estar olhando para todos os estados brasileiros (...) A gente precisa ampliar, e o Sudeste é fundamental. A gente precisa melhorar muito no estado do RJ. Mas, é isso: está se desenhando a eleição de 2026 olhando para 2024. O Jefferson Manhães é uma boa figura, é o reitor aí do Instituto Federal, é um quadro nosso. Ele está discutindo a possibilidade de ser candidato (a prefeito de Campos), e o PT vai seguir com ele. Nós vamos acompanhar o PT, não só em Campos, mas em todos os municípios do estado do Rio de Janeiro e do Brasil.

Primeiro turno de 2024 —Tudo é possível, mas temos ainda um ano para a eleição. Não dá para colocar assim, é sempre muito difícil (...) Não dá para dizer se A, B ou C vai ganhar no primeiro turno. Na capital, nós vamos estar na aliança com o Eduardo Paes, não tenho dúvida, o presidente Lula quer isso. Em Campos, logicamente, tudo pode ser conversado, mas nós vamos acompanhar o que o partido definir com o Jefferson. E a gente tem que construir. Como eu disse, eleição não é só vitória (...) É preciso ter muita conversa, compromissos, principalmente com o cidadão, com o eleitor. Mas, é isso: eu acho que a gente tem que olhar 2024. O PT quer melhorar. O presidente Lula e a presidenta Dilma já tiveram muitos votos, o RJ mudou muito de 2018 para cá, e a gente precisa estar atento, trabalhar. Já chegamos a ter 12 prefeitos, hoje temos um. Mas, vale lembrar também que, em 2000, a única prefeitura eleita no estado era a de Paracambi. Dos 92 municípios, o único em que o PT se elegeu foi Paracambi, fomos nós. A gente precisa construir, e construir é valorizar nossos quadros, estar discutindo política com os filiados. É fazer aliança onde for possível, mas a gente precisa recuperar o Sudeste.

Planos para o futuro — Sigo dizendo que serei candidato ao Senado em 2026, se for a vontade do meu partido. Vou fazer lá o que decidir a direção do meu partido.

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