Fred: "Campos não suporta mais brigas, essas coisas de denuncismo"
Com 10 anos de atuação como vereador na Câmara de Campos, Fred Machado (Cidadania) usa da sua experiência tanto na oposição, quanto na base, em momentos diferentes de seus mandatos, para atualmente desempenhar um papel mais conciliador na relação entre os Garotinhos e Bacellar no Legislativo campista. Tarefa que não tem se mostrado fácil diante dos mais recentes conflitos protagonizados, principalmente, pelos patriarcas dos dois clãs, Anthony Garotinho e Marcos Bacellar. No entanto, o vereador aposta na maturidade do prefeito Wladimir Garotinho (PP) e do presidente da Câmara, Marquinho Bacellar (SD), para não serem afetados por brigas extramuros. “Campos não suporta mais essas brigas, essas coisas de denuncismo”, disse. Ao avaliar os bons índices de aprovação apontados em pesquisa ao governo Waldimir e a possível reeleição do prefeito no 1º turno, Fred acredita que estes cenários também passam pela manutenção da pacificação e dos nomes que se colocarão à disputa em 2024. Irmão da deputada estadual e ex-prefeita de São João da Barra, Carla Machado (PT), o vereador também falou da fidelidade a ela no pleito sanjoanense, independentemente do grupo que ele esteja.
Pacificação — Éramos quatro contra 21, lá no meu primeiro mandato. Nisso, eu era oposição. Depois, passei a ser situação. Então, essa leitura dos dois lados, de situação e oposição, e principalmente a presidência da Câmara, me fizeram ter uma visão realmente ampla do que a gente pode fazer pelo município. Hoje, eu evito temas que atinjam diretamente a pessoa. Eu acredito que se a gente trabalha para falar alguma coisa contra, não é contra nenhum governo. Está sendo contra porque acredita que pode a gente pode fazer melhor. E quando a gente quer ajudar para melhor, está praticamente pacificado. Se reclamamos de lâmpadas que não estão sendo ali atendidas, de (problemas) com lixos, obras e saúde, isso é normal. Eu passei por isso como aliado do prefeito Rafael Diniz, e não me escondi. Eu sempre mostrei que eu era do lado dele, independentemente daquilo que ele tinha feito ou não (...) Você faz alguma coisa a mais se você tiver mais recursos, e faz alguma coisa a menos... (se tiver menos recursos). Agora, não deixo de registrar aqui um elogio ao prefeito (Wladimir), porque ele tem esse poder de dialogar, esse poder de já ter deixado, como deputado federal, amizades e também o seu conhecimento dentro de Brasília (...) E o Governo do Estado, para mim, é um dos mais importantes dentro dessa situação, inclusive dentro da pacificação. Só que a política é muito dinâmica. Muitas vezes, hoje você está bem, mas amanhã, por causa de um fiapo, acaba ficando mal. Então, tem que ter, no meio dessas situações, alguma pessoa que possa estar ali conversando, tentando apaziguar. E a gente está buscando ali dentro esse clima de apaziguar as coisas, mas, muitas vezes, você não consegue por conta de alguma coisa que um quer, o outro não quer. A gente tem que estar ali, nesse meio-campo, tentando ver como pode tentar ajudar, para que a coisa não desande. Eu sempre fui desse jeito, sempre fui pacificador. Já tive episódios de, de repente, falar algumas coisas que, no fundo, não condizem comigo. Na hora do nervoso, na hora que a cara esquenta, você acaba falando certas coisas que, de repente, passam, porque sabem que não condizem comigo. Mas, hoje, o que eu queria mesmo era manter essa pacificação. É uma pacificação que não pode ser só por um lado. Aí o pessoal vai falar: “O que os vereadores querem?”. Alguns aí citam que a gente quer emenda impositiva, que a gente quer não sei quantos milhões disso e daquilo. A gente quer o que é de direito.
Remanejamento de 10% no orçamento — Eu vi a prefeita de São João da Barra falar que ela convive bem lá com os vereadores com 5% de remanejamento. Eu conversei com Wladimir no começo e falei que meu propósito era sempre votar 20%, mas a altura que deu de ascensão dos royalties e dos recursos do nosso orçamento me fez crer que 10% dariam, justamente por conta dessas emendas impositivas. Nós, como vereadores, precisamos estar mostrando para a população algumas coisas que ela nos pede e a gente não tem como executar. A gente legisla, e o Executivo executa. Então, não seria dificuldade nenhuma ser feita uma reunião e o prefeito chegar e falar: “Olha só, eu quero fazer isso aqui, isso aqui, isso aqui na saúde. Vamos estar vendo aqui quem pode estar sendo beneficiado nessa situação”. Beneficiado que eu digo é ajudar a população ali. (...) Vereador é uma raçazinha danada, vereador pede tudo. Eu sou vereador e sei como é. Mas, a gente tem que ter bom senso de poder sentar (para conversar). Eu ainda imaginaria mais: que essa pacificação pudesse ser uma pacificação em que a gente pudesse sentar numa mesa grande, os 25 vereadores e o prefeito, e conversasse o desenvolvimento da cidade; que o prefeito passasse para a gente o que tem intenção de fazer; que a gente pudesse estar discutindo aquilo que, de repente, não seria legal fazer. Aí, realmente, seria uma pacificação. Agora, o ano eleitoral está chegando. A gente já vê que 2024 começa desde agora (...) Minha política não é política só de eleição, só de época. Minha política é a política do dia a dia, de as pessoas saberem que podem contar comigo. É a política de buscar ajudar as classes, trabalhar com as classes, das mais humildes até as maiores, buscando acertar e também sem essa vontade de briga. Eu acho que a briga só atrapalhou nossa cidade até hoje. E quando a gente acalma um pouco e começa a trabalhar junto, a gente só faz o bem para a população. Então, eu acredito que a gente tem que estar pedindo a Deus para que a gente possa montar, como o Wladimir e o Marquinho fizeram. Eles destacaram dois vereadores de um lado, dois de outro, talvez até três do lado deles lá, que são mais atuantes na hora de intermediar alguma coisa. E a gente tentar fazer o melhor para a população. Eu dou o meu veredito aqui de que, no que depender de mim para a gente manter essa pacificação em prol da população, eu vou estar sempre junto com os vereadores, tanto do lado da oposição quanto da situação. Eu realmente me acostumei a surfar dos dois lados, porque, como presidente, eu tinha que trabalhar com a oposição e a situação. Muitas vezes o Marquinho é cobrado pelos vereadores que estão do lado dele, Wladimir é cobrado pelos vereadores do lado dele. Eu já tenho conhecimento de como é essa cobrança, e para mim talvez fique mais fácil um pouco intermediar para que possa se chegar num denominador comum.
Confusão entre patriarcas Garotinho e Bacellar — Para ser sincero, eu procuro ficar isento dessas coisas extramuros da Câmara. Eu acho que se a gente começar a ficar pensando naquilo que está sendo falado fora da Câmara... (fica difícil). Hoje em dia, quem é o presidente da Câmara é Marquinho Bacellar, e quem é chefe do Executivo é Wladimir Garotinho. Então, o papel político dos dois, para mim, é essencial. Consigam separar essas brigas externas. Muitas vezes, o amor de um pai por um filho faz com que as coisas se exacerbem, fiquem exacerbadas, tanto de um lado quanto de outro. Agora, o que tem que ter? Essa maturidade política que eu estou vendo que os dois estão tendo. Independentemente da briga externa, extramuros, dentro da Casa a gente está conseguindo manter essa situação aí. Marquinho, muitas vezes, dá a cara a tapa, e o próprio Wladimir eu acho que já está aprendendo a, na hora em que erra, reconhecer seu erro. Eu acho que isso é a coisa mais tranquila do mundo (...) Temos que trabalhar entre nós, buscar esses acertos. Eu sei que deve ser difícil para Wladimir tentar uma pacificação, mas no fundo ter retaliações vindas de pessoas da sua família, como também Marquinho tentar uma pacificação e ter retaliações vindas de pessoas da família dele. Então, nessa hora, a gente tem que mostrar maturidade política: deixar extramuros aquilo que está extramuros. Deixa as pessoas falarem o que tiverem que falar, e vamos trabalhar, porque quem está precisando é a nossa população aqui.
Relação com Carla Machado — Ela não ia vir candidata (a deputada estadual), resolveu vir bem depois, logo no final. Sou uma pessoa que amo a minha irmã, mas eu já tinha dado a minha palavra a Rodrigo Bacellar. E eu já tinha ido lá diversas vezes conversar com minha irmã, para saber com quem que ela ia ficar e com quem ela queria que eu ficasse. Até então, ela dizia que talvez nem viesse candidata. Aí ninguém sabe do que aconteceu por trás dos bastidores. Agora, quando eu dou a mão a alguém, quando eu dou a minha palavra a alguém, eu não volto atrás. Eu não atrapalhei a minha irmã, não entrei no caminho dela para atrapalhar, nunca faria isso. Uma das coisas que ainda me preocupava e ainda preocupa é eu estar num grupo que, de repente, lá em SJB vai estar contra a minha irmã. Podem estar certos de que, desde o começo , eu vou falar que contra a minha irmã, dentro de SJB, eu não fico nunca, independentemente de qual grupo eu estiver, seja com Rodrigo, seja com Wladimir, que são os grupos eminentes de hoje.
Possibilidade de vitória de Wladimir no 1º turno em 2024 — Uma das forças que o Wladimir tem hoje é essa: além de ele ser um prefeito que busca recursos, que trabalha bastante, corre atrás, consegue recursos (...) Hoje, a Câmara, realmente, é pacificada. Quando algo está pacificado, você não deixa de falar sobre o problema, mas evita ser mais enfático, mostrar coisas que realmente ainda não estão dentro daquilo que a gente acha que deveria estar. O que vale nisso tudo são as qualidades que o prefeito tem, porque é pelas qualidades que tem que ele está conseguindo ter esse apoio popular. Mas, se acaba a pacificação, se entram 12 ou 13 vereadores batendo toda semana, falando sobre alguma coisa, eu acho que a tendência é isso diminuir, com certeza. O que a gente demonstra na Câmara é o que acontece lá fora (...) Vão continuar as qualidades, mas também vão se mostrando os defeitos, e as coisas vão caindo. Mas, eu não tenho dúvida nenhuma de que o governo, do jeito que está trabalhando, do jeito que está recebendo emendas parlamentares, do jeito que está com essa pacificação dentro da Câmara, ele tem toda possibilidade, realmente, de vir a buscar um 1º turno. Já falei isso e acredito que possa acontecer. Só que a gente vai ter que trabalhar também para essa pacificação ficar em evidência como está, sem forças externas para atrapalhar. Wladimir e Marquinho são dois jovens. Então, o que eles têm para passar de pacificação, eles estão tentando fazer entre os dois. Agora, a hora que, por acaso, acontecer de ter forças externas atrapalhando, a pessoa conseguindo tombar essa pacificação, eu acredito que alguma coisa vai cair. Mas, mesmo assim, com os recursos que tem do Governo do Estado, com os recursos que tem de emendas parlamentares, se tiver um trabalho bem feito, eu acredito que isso vai (se manter).
Adversários de Wladimir em 2024 — Até agora não apareceu... A gente fala sobre Caio Vianna, mas Caio até agora não se manifestou sobre, de repente, ter vontade de vir ou não. A gente fala por ser um candidato natural,. Sobre outros candidatos, tem o Jefferson ( do PT e reitor do IFF, que já se manifestou; talvez o Thiago Rangel ( deputado estadual), que já falou que pode ter vontade... Talvez o CVC pela direita... São embriões. Hoje, a gente fala sobre embriões e sobre um prefeito que está muito bem avaliado, que tem trabalhado, que tem ido para a rua, tem mostrado serviço. Nós sabemos que tem defeitos, sabemos que tem como melhorar alguma coisa, mas vamos usar dessa pacificação para tentar ter essa condição de chegar ao prefeito e sentar, conversar: “Prefeito, vamos melhorar aqui, vamos tentar ver isso aqui”. A eleição é muito importante, demais, mas ela passa primeiro pelos serviços prestados, pelas coisas que podem ser feitas. E, como qualquer pessoa, quando entra numa eleição, se quer ganhar com 70%, se puder, vai querer ganhar com 80%. Então, que ele também tenha essa vontade de ouvir, vontade de conversar (...) Na hora da política eleitoral, aí cada um vai ver realmente aquilo que tem que ser feito. A gente vai estar buscando as nominatas, que são muito importantes, desde agora a gente tem que começar a ver isso. Mas, eu acredito que Marquinho Bacellar, se lançasse um nome hoje para prefeito e tivesse esse grupo de 12 ou 13 vereadores em apoio a ele, com certeza os índices (de Wladimir) iam cair. Tenho certeza que esses índices iam cair, porque cada grupo tem também a sua quantidade de votos. Então, esse grupo que está conversando hoje na pacificação ainda não se colocou sobre quem vai apoiar Wladimir, quem não vai. Se todos se colocassem contra Wladimir, realmente o índice com certeza baixaria, porque, como vereador, você tem pessoas que estão ao seu lado e acompanham o seu raciocínio. Então, ia ter pessoas que estão com você contra o prefeito. Mas, eu acredito que, se Deus ajudar e tudo der certo, Marquinho vindo ou não, apoiando Wladimir ou não, eu tenho certeza de que ele quer o melhor para a cidade. Então, ele querendo o melhor para a cidade, ele quer que, o que o Wladimir faça, seja certo e que ele possa ter sucesso. Acredito nisso.
Carla Machado prefeitável em Campos pelo PT? — Sobre Carla, realmente, quando converso com ela, ela nunca toca sobre esse assunto. Então, eu também procuro não tocar, respeito o espaço de cada um. Eu acho que tudo tem seu tempo. Sobre o PT, acho justo o PT ter vontade de ter um candidato. Hoje em dia, falam que Campos tem essa envergadura para a direita, mas, no fundo, a gente sabe que tem muita gente que vota em nomes, não vota em partidos, assim como tem gente também que vota em partidos e não vota em nomes: pode ter o melhor nome do mundo, mas, sendo do PT, a pessoa não vota; como tem aqueles de esquerda que, sendo alguém ligado a Bolsonaro, não vota de jeito nenhum. Então, eu acredito que muitas vezes não é nem partido, é nome, e muitas vezes não é nome, é partido. Eu sou Fred Machado. Se hoje eu venho pela direita, eu vou ter votos de pessoas da direita, mas também vou ter votos de gente de esquerda e que acha que eu sou de direita. Se bem que eu sou de centro-direita, não sou de centro-esquerda.
Papel de Rodrigo Bacellar para 2024 — Rodrigo é um cara muito inteligente, um deputado que se preocupa com o nosso município, com a nossa região. Eu apoiei o Rodrigo, não tenho arrependimento de ter apoiado, porque minha irmã, graças a Deus, também venceu, e eu pude também conhecer uma pessoa que não dá palpite em nada em relação a você fazer ou deixar de fazer. O que a gente quer falar ali na Câmara, a gente fala. A gente não tem que pedir a Rodrigo para saber se a gente vai poder falar ou não. Então, eu acho que, numa situação como a minha, de já ter três mandatos, já ter sido presidente (da Câmara), se eu encontrasse um deputado que me podasse naquilo que eu gostasse de falar, naquilo que eu acreditasse que eu poderia falar, eu não ia me sentir bem. E Rodrigo não é assim, ele não tem esse perfil. No fundo, eu tenho amigos tanto do lado de lá, do lado Wladimir, quanto do lado de cá. E eu tenho uma coisa que é a maior do mundo para mim: a minha palavra. Quando eu dou a minha palavra, eu vou até o final. Eu posso sair do grupo político, mas eu não vou sair apunhalando ninguém pelas costas; vou chegar pela frente e vou dizer: “Estou saindo por isso, por isso e por isso”. Então, isso aí para mim é tranquilo. Esses dias eu cheguei para Marquinho e falei: “Marquinho, uma coisa você pode ter certeza: se eu pensar em sair uma hora do grupo, você vai ser o primeiro a saber. Eu vou chegar para você e vou falar que não vou ficar mais por causa disso, por causa daquilo”. E me torno independente, como eu sempre falo que eu sou independente, porque tem matérias que, de repente, se eu tiver que votar a favor do governo, eu vou votar. Isso, desde o começo a gente falou que poderia acontecer. Se eu tiver que votar favorável ao governo, vou votar favorável ao governo, porque é aquilo que eu acho que deve ser. Mas, sou grupo. Então, como grupo, muitas vezes até volto atrás, seguro alguma coisa que penso em fazer, para me manter no grupo em que eu estou desde o começo. Aliás, desde o começo não, desde quando deu o problema lá, que Wladimir sabe qual é, o staff dele sabe qual é, que foi aquela primeira votação em que, no fundo, eu tinha falado que tinha coisa ali que não estava combinando. Quando fomos votar, eu vi que realmente não estavam combinando. Para começar um relacionamento já alguma coisa errada, você já tendo uma desconfiança, fica muito difícil. Então, na época foi o que houve comigo, com Bruno e com Thuin, que todo mundo sabe. A gente estava alinhado ao governo, talvez hoje pudéssemos estar junto ao governo, mas, com aquela situação, já desandou. E depois que desanda, a gente começa a estar num outro grupo. Não é que a gente nunca vá sair desse grupo, mas, pelo menos a fidelidade, a humildade, podem estar certos de que eu vou ter. Se houver uma hora de eu sair, que eu saia pela porta da frente, dizendo que não traí ninguém, busquei o entendimento, não consegui e tive que sair. É por aí!
Cenário em São João da Barra — Acredito bastante na eleição de Carla Caputi. Acredito também na boa vontade de Elísio. Agora, é como aqui em Campos. A gente vê que Wladimir está despontando, e lá também, em São João da Barra, a Carla Caputi está despontando. São pessoas que têm já um time à frente de pessoas que venham para ser opositoras. Conforme foi falado na entrevista (com Carla Caputi), quem sabe não possa haver uma composição? A vida traz para a gente surpresas que depois a gente vai ver. Quando eu imaginaria que de repente Rodrigo ia estar com Elísio e que talvez eu ia estar neste grupo? Até então, eu sabia que Rodrigo tinha ali um compromisso eleitoral com Elísio, por Elísio ter ajudado. Era o que era falado comigo e com Rodrigo. Ainda não havia um compromisso vedado. Mas, independentemente de ter esse compromisso vedado ou não, eu acredito que hoje, eu estando do lado de cá do grupo, eu seja também uma pessoa que possa estar nessa influência de unificar, de buscar um entendimento para que o grupo cada vez fique mais forte. Então, não é querer dizer que eu vou interferir em política de São João da Barra. A minha própria convivência com Rodrigo já pode trazer essa situação de que a gente possa estar trabalhando junto, tanto em Campos quanto em São João da Barra. Então, eu torço par que tudo dê certo. Eu tenho amigos em São João da Barra. Mas, realmente, a gente tem tanta coisa para fazer em Campos que muitas vezes a gente não consegue mexer muito em São João da Barra. E Carla (Machado) sempre foi assim comigo: ela nunca se meteu realmente nas coisas que eu quero fazer, e eu também não me meto nas coisas que ela quer fazer. Eu acho que a gente tem que ter essa independência, independentemente do amor que a gente sente um pelo outro. E, com certeza, lá em São João da Barra eu vou estar sempre do lado da minha irmã. É difícil! Pode vir o grupo que for. Meus amigos do grupo de Rodrigo sabiam disso, porque eu falei para eles: “Eu faço parte do grupo aqui, estou até preocupado, mas, se minha irmã (participar) lá e o grupo for contra a minha irmã, eu prefiro, de repente, ser sincero e, desde agora, pedir para sair”. Isso eu faria com qualquer um dos grupos. Também conversei com Wladimir sobre isso. Acho que conversar gente é a fórmula mágica para você chegar ao sucesso, para você chegar a um consenso, para você procurar ver o que você pode fazer de melhor. Então, eu vou ser sempre assim: um cara que vou ficar aceitando as conversas, mas, no fundo, impondo aquilo que eu acho que tenho que ser. Em São João da Barra, não vou nunca deixar minha irmã, porque ela lutou muito para ter a moral que tem com a população, o carinho que tem com a população, e eu quero poder estar, a qualquer tempo, podendo ajuda-la de qualquer forma.
Necessidade de ética na eleição — Não é só na política, em eleição, que a gente tem que ter ética. Nós temos que ter ética na nossa vida. E eu não acredito que seu Marcos Bacellar não tenha ética. Talvez para ele tenha faltado naquele momento um pouquinho de calma, talvez tenha falado demais, se arrependeu. Marquinho Bacellar também teve a humildade de ir até o parlatório, chegar e pedir desculpa pelo seu pai, pela exacerbação. Então, eu acho que a ética tem que existir. Só que o que eu acredito como ética é a gente trabalhar política com política, não trabalhar política com fatos. É o que eu falei: nós temos Justiça, não temos? A Justiça que tem que se incumbir de ir atrás, de ver se existe erro para alguma coisa ou não. Agora, eu não acho legal uma pessoa ficar o tempo todo em cima da outra, buscando alguma coisa ou outra, porque dá direito a outras fundamentações, e aí fica essa briga. Estou admirando a maturidade tanto de Marquinho quanto de Wladimir por não estarem entrando nessa briga política. Eu acho que eles têm que ter (essa maturidade), já que eles realmente estão na política. As outras duas peças envolvidas, seja do lado de Marquinho, seja do lado de Wladimir, são duas pessoas que já tiveram espaço político na cidade, mas hoje não estão dentro da política atuante. Então, quem está na política atuante são os filhos, Wladimir e Marquinho. Que os dois possam estar trabalhando para que isso aí (a briga) não prospere. Eu tenho certeza que Wladimir deve conversar com o pai, eu tenho certeza que Marquinho deve conversar com o pai. E nessa conversa, a maturidade que eles trazem de lá da Câmara, desse entendimento que eles estão buscando, que eles tentem também incutir para que os pais possam também estar tendo um limite. Porque Campos já enjoou, Campos não suporta mais essas brigas, essas coisas de denuncismo. Isso aí, para mim, não é legal. Não quero fazer juízo de valor de quem faz. Mas, no fundo, não acho legal isso, porque se torna uma coisa pessoal, e a política não é pessoal. Política tem que ser global, tem que ser nos problemas que realmente trazem soluções para a população. Eu acredito que os dois filhos, estando bem, vão trazer grandes coisas para a nossa população. E muitas vezes, uma fala errada de um lado e uma fala errada de outro pode trazer uma desavença que não seria necessária nesse momento. Então, que a gente tente conseguir manter sempre a ética na vida. Não é só na política, porque não adianta você ter ética na política e não ter na vida ou vice-versa. Vamos torcer para que isso (o clima) comece a esfriar. Eu sempre falo: quer fazer uma coisa esfriar? Não dê valor, não rebata. Aí a coisa vai esfriando! Nunca fui de ter briga pessoal, evito isso ao extremo. Por isso é que me dou bem demais em qualquer um dos lados. Eu chego na Prefeitura hoje e tenho portas abertas para entrar, ir até o gabinete do prefeito e conversar o que tiver que conversar. Não faço porque gostaria que fossem todos. Ir só um, é como se eu tivesse prioridades, preferência. Agora, se todos fossem, sentassem ali, tomassem um café, olha que coisa linda seria para a cidade e que exemplo que seria para o nosso estado. O que eu tiver que fazer para a paz ficar reinando sempre, eu vou fazer. Como falei, já estive de um lado e de outro, e estou preferindo esse lado da independência, de eu poder também me mexer, ter aquilo que eu posso fazer, aquilo que eu não posso. Quando você é oposição, acaba sendo ferrenho demais. Na situação, você acaba sendo defensor demais. Sendo independente, você vê a coisa com mais clareza. Vamos tocando e vendo o que é melhor para a nossa cidade.
Pacificação — Éramos quatro contra 21, lá no meu primeiro mandato. Nisso, eu era oposição. Depois, passei a ser situação. Então, essa leitura dos dois lados, de situação e oposição, e principalmente a presidência da Câmara, me fizeram ter uma visão realmente ampla do que a gente pode fazer pelo município. Hoje, eu evito temas que atinjam diretamente a pessoa. Eu acredito que se a gente trabalha para falar alguma coisa contra, não é contra nenhum governo. Está sendo contra porque acredita que pode a gente pode fazer melhor. E quando a gente quer ajudar para melhor, está praticamente pacificado. Se reclamamos de lâmpadas que não estão sendo ali atendidas, de (problemas) com lixos, obras e saúde, isso é normal. Eu passei por isso como aliado do prefeito Rafael Diniz, e não me escondi. Eu sempre mostrei que eu era do lado dele, independentemente daquilo que ele tinha feito ou não (...) Você faz alguma coisa a mais se você tiver mais recursos, e faz alguma coisa a menos... (se tiver menos recursos). Agora, não deixo de registrar aqui um elogio ao prefeito (Wladimir), porque ele tem esse poder de dialogar, esse poder de já ter deixado, como deputado federal, amizades e também o seu conhecimento dentro de Brasília (...) E o Governo do Estado, para mim, é um dos mais importantes dentro dessa situação, inclusive dentro da pacificação. Só que a política é muito dinâmica. Muitas vezes, hoje você está bem, mas amanhã, por causa de um fiapo, acaba ficando mal. Então, tem que ter, no meio dessas situações, alguma pessoa que possa estar ali conversando, tentando apaziguar. E a gente está buscando ali dentro esse clima de apaziguar as coisas, mas, muitas vezes, você não consegue por conta de alguma coisa que um quer, o outro não quer. A gente tem que estar ali, nesse meio-campo, tentando ver como pode tentar ajudar, para que a coisa não desande. Eu sempre fui desse jeito, sempre fui pacificador. Já tive episódios de, de repente, falar algumas coisas que, no fundo, não condizem comigo. Na hora do nervoso, na hora que a cara esquenta, você acaba falando certas coisas que, de repente, passam, porque sabem que não condizem comigo. Mas, hoje, o que eu queria mesmo era manter essa pacificação. É uma pacificação que não pode ser só por um lado. Aí o pessoal vai falar: “O que os vereadores querem?”. Alguns aí citam que a gente quer emenda impositiva, que a gente quer não sei quantos milhões disso e daquilo. A gente quer o que é de direito.
Remanejamento de 10% no orçamento — Eu vi a prefeita de São João da Barra falar que ela convive bem lá com os vereadores com 5% de remanejamento. Eu conversei com Wladimir no começo e falei que meu propósito era sempre votar 20%, mas a altura que deu de ascensão dos royalties e dos recursos do nosso orçamento me fez crer que 10% dariam, justamente por conta dessas emendas impositivas. Nós, como vereadores, precisamos estar mostrando para a população algumas coisas que ela nos pede e a gente não tem como executar. A gente legisla, e o Executivo executa. Então, não seria dificuldade nenhuma ser feita uma reunião e o prefeito chegar e falar: “Olha só, eu quero fazer isso aqui, isso aqui, isso aqui na saúde. Vamos estar vendo aqui quem pode estar sendo beneficiado nessa situação”. Beneficiado que eu digo é ajudar a população ali. (...) Vereador é uma raçazinha danada, vereador pede tudo. Eu sou vereador e sei como é. Mas, a gente tem que ter bom senso de poder sentar (para conversar). Eu ainda imaginaria mais: que essa pacificação pudesse ser uma pacificação em que a gente pudesse sentar numa mesa grande, os 25 vereadores e o prefeito, e conversasse o desenvolvimento da cidade; que o prefeito passasse para a gente o que tem intenção de fazer; que a gente pudesse estar discutindo aquilo que, de repente, não seria legal fazer. Aí, realmente, seria uma pacificação. Agora, o ano eleitoral está chegando. A gente já vê que 2024 começa desde agora (...) Minha política não é política só de eleição, só de época. Minha política é a política do dia a dia, de as pessoas saberem que podem contar comigo. É a política de buscar ajudar as classes, trabalhar com as classes, das mais humildes até as maiores, buscando acertar e também sem essa vontade de briga. Eu acho que a briga só atrapalhou nossa cidade até hoje. E quando a gente acalma um pouco e começa a trabalhar junto, a gente só faz o bem para a população. Então, eu acredito que a gente tem que estar pedindo a Deus para que a gente possa montar, como o Wladimir e o Marquinho fizeram. Eles destacaram dois vereadores de um lado, dois de outro, talvez até três do lado deles lá, que são mais atuantes na hora de intermediar alguma coisa. E a gente tentar fazer o melhor para a população. Eu dou o meu veredito aqui de que, no que depender de mim para a gente manter essa pacificação em prol da população, eu vou estar sempre junto com os vereadores, tanto do lado da oposição quanto da situação. Eu realmente me acostumei a surfar dos dois lados, porque, como presidente, eu tinha que trabalhar com a oposição e a situação. Muitas vezes o Marquinho é cobrado pelos vereadores que estão do lado dele, Wladimir é cobrado pelos vereadores do lado dele. Eu já tenho conhecimento de como é essa cobrança, e para mim talvez fique mais fácil um pouco intermediar para que possa se chegar num denominador comum.
Confusão entre patriarcas Garotinho e Bacellar — Para ser sincero, eu procuro ficar isento dessas coisas extramuros da Câmara. Eu acho que se a gente começar a ficar pensando naquilo que está sendo falado fora da Câmara... (fica difícil). Hoje em dia, quem é o presidente da Câmara é Marquinho Bacellar, e quem é chefe do Executivo é Wladimir Garotinho. Então, o papel político dos dois, para mim, é essencial. Consigam separar essas brigas externas. Muitas vezes, o amor de um pai por um filho faz com que as coisas se exacerbem, fiquem exacerbadas, tanto de um lado quanto de outro. Agora, o que tem que ter? Essa maturidade política que eu estou vendo que os dois estão tendo. Independentemente da briga externa, extramuros, dentro da Casa a gente está conseguindo manter essa situação aí. Marquinho, muitas vezes, dá a cara a tapa, e o próprio Wladimir eu acho que já está aprendendo a, na hora em que erra, reconhecer seu erro. Eu acho que isso é a coisa mais tranquila do mundo (...) Temos que trabalhar entre nós, buscar esses acertos. Eu sei que deve ser difícil para Wladimir tentar uma pacificação, mas no fundo ter retaliações vindas de pessoas da sua família, como também Marquinho tentar uma pacificação e ter retaliações vindas de pessoas da família dele. Então, nessa hora, a gente tem que mostrar maturidade política: deixar extramuros aquilo que está extramuros. Deixa as pessoas falarem o que tiverem que falar, e vamos trabalhar, porque quem está precisando é a nossa população aqui.
Relação com Carla Machado — Ela não ia vir candidata (a deputada estadual), resolveu vir bem depois, logo no final. Sou uma pessoa que amo a minha irmã, mas eu já tinha dado a minha palavra a Rodrigo Bacellar. E eu já tinha ido lá diversas vezes conversar com minha irmã, para saber com quem que ela ia ficar e com quem ela queria que eu ficasse. Até então, ela dizia que talvez nem viesse candidata. Aí ninguém sabe do que aconteceu por trás dos bastidores. Agora, quando eu dou a mão a alguém, quando eu dou a minha palavra a alguém, eu não volto atrás. Eu não atrapalhei a minha irmã, não entrei no caminho dela para atrapalhar, nunca faria isso. Uma das coisas que ainda me preocupava e ainda preocupa é eu estar num grupo que, de repente, lá em SJB vai estar contra a minha irmã. Podem estar certos de que, desde o começo , eu vou falar que contra a minha irmã, dentro de SJB, eu não fico nunca, independentemente de qual grupo eu estiver, seja com Rodrigo, seja com Wladimir, que são os grupos eminentes de hoje.
Possibilidade de vitória de Wladimir no 1º turno em 2024 — Uma das forças que o Wladimir tem hoje é essa: além de ele ser um prefeito que busca recursos, que trabalha bastante, corre atrás, consegue recursos (...) Hoje, a Câmara, realmente, é pacificada. Quando algo está pacificado, você não deixa de falar sobre o problema, mas evita ser mais enfático, mostrar coisas que realmente ainda não estão dentro daquilo que a gente acha que deveria estar. O que vale nisso tudo são as qualidades que o prefeito tem, porque é pelas qualidades que tem que ele está conseguindo ter esse apoio popular. Mas, se acaba a pacificação, se entram 12 ou 13 vereadores batendo toda semana, falando sobre alguma coisa, eu acho que a tendência é isso diminuir, com certeza. O que a gente demonstra na Câmara é o que acontece lá fora (...) Vão continuar as qualidades, mas também vão se mostrando os defeitos, e as coisas vão caindo. Mas, eu não tenho dúvida nenhuma de que o governo, do jeito que está trabalhando, do jeito que está recebendo emendas parlamentares, do jeito que está com essa pacificação dentro da Câmara, ele tem toda possibilidade, realmente, de vir a buscar um 1º turno. Já falei isso e acredito que possa acontecer. Só que a gente vai ter que trabalhar também para essa pacificação ficar em evidência como está, sem forças externas para atrapalhar. Wladimir e Marquinho são dois jovens. Então, o que eles têm para passar de pacificação, eles estão tentando fazer entre os dois. Agora, a hora que, por acaso, acontecer de ter forças externas atrapalhando, a pessoa conseguindo tombar essa pacificação, eu acredito que alguma coisa vai cair. Mas, mesmo assim, com os recursos que tem do Governo do Estado, com os recursos que tem de emendas parlamentares, se tiver um trabalho bem feito, eu acredito que isso vai (se manter).
Adversários de Wladimir em 2024 — Até agora não apareceu... A gente fala sobre Caio Vianna, mas Caio até agora não se manifestou sobre, de repente, ter vontade de vir ou não. A gente fala por ser um candidato natural,. Sobre outros candidatos, tem o Jefferson ( do PT e reitor do IFF, que já se manifestou; talvez o Thiago Rangel ( deputado estadual), que já falou que pode ter vontade... Talvez o CVC pela direita... São embriões. Hoje, a gente fala sobre embriões e sobre um prefeito que está muito bem avaliado, que tem trabalhado, que tem ido para a rua, tem mostrado serviço. Nós sabemos que tem defeitos, sabemos que tem como melhorar alguma coisa, mas vamos usar dessa pacificação para tentar ter essa condição de chegar ao prefeito e sentar, conversar: “Prefeito, vamos melhorar aqui, vamos tentar ver isso aqui”. A eleição é muito importante, demais, mas ela passa primeiro pelos serviços prestados, pelas coisas que podem ser feitas. E, como qualquer pessoa, quando entra numa eleição, se quer ganhar com 70%, se puder, vai querer ganhar com 80%. Então, que ele também tenha essa vontade de ouvir, vontade de conversar (...) Na hora da política eleitoral, aí cada um vai ver realmente aquilo que tem que ser feito. A gente vai estar buscando as nominatas, que são muito importantes, desde agora a gente tem que começar a ver isso. Mas, eu acredito que Marquinho Bacellar, se lançasse um nome hoje para prefeito e tivesse esse grupo de 12 ou 13 vereadores em apoio a ele, com certeza os índices (de Wladimir) iam cair. Tenho certeza que esses índices iam cair, porque cada grupo tem também a sua quantidade de votos. Então, esse grupo que está conversando hoje na pacificação ainda não se colocou sobre quem vai apoiar Wladimir, quem não vai. Se todos se colocassem contra Wladimir, realmente o índice com certeza baixaria, porque, como vereador, você tem pessoas que estão ao seu lado e acompanham o seu raciocínio. Então, ia ter pessoas que estão com você contra o prefeito. Mas, eu acredito que, se Deus ajudar e tudo der certo, Marquinho vindo ou não, apoiando Wladimir ou não, eu tenho certeza de que ele quer o melhor para a cidade. Então, ele querendo o melhor para a cidade, ele quer que, o que o Wladimir faça, seja certo e que ele possa ter sucesso. Acredito nisso.
Carla Machado prefeitável em Campos pelo PT? — Sobre Carla, realmente, quando converso com ela, ela nunca toca sobre esse assunto. Então, eu também procuro não tocar, respeito o espaço de cada um. Eu acho que tudo tem seu tempo. Sobre o PT, acho justo o PT ter vontade de ter um candidato. Hoje em dia, falam que Campos tem essa envergadura para a direita, mas, no fundo, a gente sabe que tem muita gente que vota em nomes, não vota em partidos, assim como tem gente também que vota em partidos e não vota em nomes: pode ter o melhor nome do mundo, mas, sendo do PT, a pessoa não vota; como tem aqueles de esquerda que, sendo alguém ligado a Bolsonaro, não vota de jeito nenhum. Então, eu acredito que muitas vezes não é nem partido, é nome, e muitas vezes não é nome, é partido. Eu sou Fred Machado. Se hoje eu venho pela direita, eu vou ter votos de pessoas da direita, mas também vou ter votos de gente de esquerda e que acha que eu sou de direita. Se bem que eu sou de centro-direita, não sou de centro-esquerda.
Papel de Rodrigo Bacellar para 2024 — Rodrigo é um cara muito inteligente, um deputado que se preocupa com o nosso município, com a nossa região. Eu apoiei o Rodrigo, não tenho arrependimento de ter apoiado, porque minha irmã, graças a Deus, também venceu, e eu pude também conhecer uma pessoa que não dá palpite em nada em relação a você fazer ou deixar de fazer. O que a gente quer falar ali na Câmara, a gente fala. A gente não tem que pedir a Rodrigo para saber se a gente vai poder falar ou não. Então, eu acho que, numa situação como a minha, de já ter três mandatos, já ter sido presidente (da Câmara), se eu encontrasse um deputado que me podasse naquilo que eu gostasse de falar, naquilo que eu acreditasse que eu poderia falar, eu não ia me sentir bem. E Rodrigo não é assim, ele não tem esse perfil. No fundo, eu tenho amigos tanto do lado de lá, do lado Wladimir, quanto do lado de cá. E eu tenho uma coisa que é a maior do mundo para mim: a minha palavra. Quando eu dou a minha palavra, eu vou até o final. Eu posso sair do grupo político, mas eu não vou sair apunhalando ninguém pelas costas; vou chegar pela frente e vou dizer: “Estou saindo por isso, por isso e por isso”. Então, isso aí para mim é tranquilo. Esses dias eu cheguei para Marquinho e falei: “Marquinho, uma coisa você pode ter certeza: se eu pensar em sair uma hora do grupo, você vai ser o primeiro a saber. Eu vou chegar para você e vou falar que não vou ficar mais por causa disso, por causa daquilo”. E me torno independente, como eu sempre falo que eu sou independente, porque tem matérias que, de repente, se eu tiver que votar a favor do governo, eu vou votar. Isso, desde o começo a gente falou que poderia acontecer. Se eu tiver que votar favorável ao governo, vou votar favorável ao governo, porque é aquilo que eu acho que deve ser. Mas, sou grupo. Então, como grupo, muitas vezes até volto atrás, seguro alguma coisa que penso em fazer, para me manter no grupo em que eu estou desde o começo. Aliás, desde o começo não, desde quando deu o problema lá, que Wladimir sabe qual é, o staff dele sabe qual é, que foi aquela primeira votação em que, no fundo, eu tinha falado que tinha coisa ali que não estava combinando. Quando fomos votar, eu vi que realmente não estavam combinando. Para começar um relacionamento já alguma coisa errada, você já tendo uma desconfiança, fica muito difícil. Então, na época foi o que houve comigo, com Bruno e com Thuin, que todo mundo sabe. A gente estava alinhado ao governo, talvez hoje pudéssemos estar junto ao governo, mas, com aquela situação, já desandou. E depois que desanda, a gente começa a estar num outro grupo. Não é que a gente nunca vá sair desse grupo, mas, pelo menos a fidelidade, a humildade, podem estar certos de que eu vou ter. Se houver uma hora de eu sair, que eu saia pela porta da frente, dizendo que não traí ninguém, busquei o entendimento, não consegui e tive que sair. É por aí!
Cenário em São João da Barra — Acredito bastante na eleição de Carla Caputi. Acredito também na boa vontade de Elísio. Agora, é como aqui em Campos. A gente vê que Wladimir está despontando, e lá também, em São João da Barra, a Carla Caputi está despontando. São pessoas que têm já um time à frente de pessoas que venham para ser opositoras. Conforme foi falado na entrevista (com Carla Caputi), quem sabe não possa haver uma composição? A vida traz para a gente surpresas que depois a gente vai ver. Quando eu imaginaria que de repente Rodrigo ia estar com Elísio e que talvez eu ia estar neste grupo? Até então, eu sabia que Rodrigo tinha ali um compromisso eleitoral com Elísio, por Elísio ter ajudado. Era o que era falado comigo e com Rodrigo. Ainda não havia um compromisso vedado. Mas, independentemente de ter esse compromisso vedado ou não, eu acredito que hoje, eu estando do lado de cá do grupo, eu seja também uma pessoa que possa estar nessa influência de unificar, de buscar um entendimento para que o grupo cada vez fique mais forte. Então, não é querer dizer que eu vou interferir em política de São João da Barra. A minha própria convivência com Rodrigo já pode trazer essa situação de que a gente possa estar trabalhando junto, tanto em Campos quanto em São João da Barra. Então, eu torço par que tudo dê certo. Eu tenho amigos em São João da Barra. Mas, realmente, a gente tem tanta coisa para fazer em Campos que muitas vezes a gente não consegue mexer muito em São João da Barra. E Carla (Machado) sempre foi assim comigo: ela nunca se meteu realmente nas coisas que eu quero fazer, e eu também não me meto nas coisas que ela quer fazer. Eu acho que a gente tem que ter essa independência, independentemente do amor que a gente sente um pelo outro. E, com certeza, lá em São João da Barra eu vou estar sempre do lado da minha irmã. É difícil! Pode vir o grupo que for. Meus amigos do grupo de Rodrigo sabiam disso, porque eu falei para eles: “Eu faço parte do grupo aqui, estou até preocupado, mas, se minha irmã (participar) lá e o grupo for contra a minha irmã, eu prefiro, de repente, ser sincero e, desde agora, pedir para sair”. Isso eu faria com qualquer um dos grupos. Também conversei com Wladimir sobre isso. Acho que conversar gente é a fórmula mágica para você chegar ao sucesso, para você chegar a um consenso, para você procurar ver o que você pode fazer de melhor. Então, eu vou ser sempre assim: um cara que vou ficar aceitando as conversas, mas, no fundo, impondo aquilo que eu acho que tenho que ser. Em São João da Barra, não vou nunca deixar minha irmã, porque ela lutou muito para ter a moral que tem com a população, o carinho que tem com a população, e eu quero poder estar, a qualquer tempo, podendo ajuda-la de qualquer forma.
Necessidade de ética na eleição — Não é só na política, em eleição, que a gente tem que ter ética. Nós temos que ter ética na nossa vida. E eu não acredito que seu Marcos Bacellar não tenha ética. Talvez para ele tenha faltado naquele momento um pouquinho de calma, talvez tenha falado demais, se arrependeu. Marquinho Bacellar também teve a humildade de ir até o parlatório, chegar e pedir desculpa pelo seu pai, pela exacerbação. Então, eu acho que a ética tem que existir. Só que o que eu acredito como ética é a gente trabalhar política com política, não trabalhar política com fatos. É o que eu falei: nós temos Justiça, não temos? A Justiça que tem que se incumbir de ir atrás, de ver se existe erro para alguma coisa ou não. Agora, eu não acho legal uma pessoa ficar o tempo todo em cima da outra, buscando alguma coisa ou outra, porque dá direito a outras fundamentações, e aí fica essa briga. Estou admirando a maturidade tanto de Marquinho quanto de Wladimir por não estarem entrando nessa briga política. Eu acho que eles têm que ter (essa maturidade), já que eles realmente estão na política. As outras duas peças envolvidas, seja do lado de Marquinho, seja do lado de Wladimir, são duas pessoas que já tiveram espaço político na cidade, mas hoje não estão dentro da política atuante. Então, quem está na política atuante são os filhos, Wladimir e Marquinho. Que os dois possam estar trabalhando para que isso aí (a briga) não prospere. Eu tenho certeza que Wladimir deve conversar com o pai, eu tenho certeza que Marquinho deve conversar com o pai. E nessa conversa, a maturidade que eles trazem de lá da Câmara, desse entendimento que eles estão buscando, que eles tentem também incutir para que os pais possam também estar tendo um limite. Porque Campos já enjoou, Campos não suporta mais essas brigas, essas coisas de denuncismo. Isso aí, para mim, não é legal. Não quero fazer juízo de valor de quem faz. Mas, no fundo, não acho legal isso, porque se torna uma coisa pessoal, e a política não é pessoal. Política tem que ser global, tem que ser nos problemas que realmente trazem soluções para a população. Eu acredito que os dois filhos, estando bem, vão trazer grandes coisas para a nossa população. E muitas vezes, uma fala errada de um lado e uma fala errada de outro pode trazer uma desavença que não seria necessária nesse momento. Então, que a gente tente conseguir manter sempre a ética na vida. Não é só na política, porque não adianta você ter ética na política e não ter na vida ou vice-versa. Vamos torcer para que isso (o clima) comece a esfriar. Eu sempre falo: quer fazer uma coisa esfriar? Não dê valor, não rebata. Aí a coisa vai esfriando! Nunca fui de ter briga pessoal, evito isso ao extremo. Por isso é que me dou bem demais em qualquer um dos lados. Eu chego na Prefeitura hoje e tenho portas abertas para entrar, ir até o gabinete do prefeito e conversar o que tiver que conversar. Não faço porque gostaria que fossem todos. Ir só um, é como se eu tivesse prioridades, preferência. Agora, se todos fossem, sentassem ali, tomassem um café, olha que coisa linda seria para a cidade e que exemplo que seria para o nosso estado. O que eu tiver que fazer para a paz ficar reinando sempre, eu vou fazer. Como falei, já estive de um lado e de outro, e estou preferindo esse lado da independência, de eu poder também me mexer, ter aquilo que eu posso fazer, aquilo que eu não posso. Quando você é oposição, acaba sendo ferrenho demais. Na situação, você acaba sendo defensor demais. Sendo independente, você vê a coisa com mais clareza. Vamos tocando e vendo o que é melhor para a nossa cidade.