Após seis semanas, Câmara de Campos realiza sessão
29/03/2022 17:03 - Atualizado em 29/03/2022 19:16
Sessão na Câmara de Campos
Sessão na Câmara de Campos / Rodrigo Silveira
Depois de seis semanas, acontece, nesta terça-feira (29), sessão na Câmara Municipal de Campos, com a presença dos vereadores de oposição e plenário cheio. Do lado de fora da Casa, antes do início da sessão, vereadores da bancada de oposição realizaram um protesto contra as decisões recentes do presidente  Fábio Ribeiro (PSD). Já no interior da Câmara, quando os vereadores da base chegaram, pessoas do público começaram a gritar que “não vai ter golpe”, iniciando um bate-boca de grupo ligados aos dois lados.
— Eu não votei em Fábio Ribeiro para presidente em 1º de janeiro do ano passado por três motivos. Primeiro, porque, para escolher uma pessoa para administrar essa Casa de Leis, ela não pode responder a nenhum processo administrativo de desvio de dinheiro público. O presidente atual, Fábio Ribeiro, responde a um processo de desvio de mais de R$ 300 milhões da Previcampos; responde a um processo de desvio em que o Ministério Público já pediu a devolução de R$ 42 milhões junto com uma empresa que era administrada por um suplente de vereador, hoje subsecretário. E o terceiro motivo é porque eu sempre escutei que não gosta de trabalhar, quase perdeu seu cargo estadual por falta e é capacho de Garotinho e Wladimir. Dentro disso, nas primeiras sessões do ano ficou comprovado tudo isso que eu escutei antes de tomar minha decisão. Logo no início dos trabalhos, ele usou a sessão para anular uma votação que teve há quatro anos, para limpar o nome da mãe do prefeito, para tentar torná-la elegível, e até agora, vai fazer mais de um ano, ela não veio aqui apresentar sua defesa que ela tanto recorreu, pressa que ela tinha. Inclusive, a pressa dela acabou quando ela perdeu a maioria desta Casa. Eu aposto que as contas da prefeita Rosinha só será pautada a partir de janeiro do ano que vem, quando esta Casa tiver independência para isso. Outro ponto, ele firmou o contrato de R$ 28 mil por mês para a TV Câmara, onde 50 pessoas assistem à sessão. O investimento é, para mim, no mínimo, errado. Outro ponto, retirou o vale alimentação do servidor em R$ 200 no meio de uma pandemia. Outro ponto, o pacote da maldade aumentou todos os impostos da população durante uma pandemia, em uma cidade falida, e aumentou a taxa de lixo em 50%, com a cidade falida e a população numa pandemia, comércio fechando. Então, não vem falar que está fazendo o bem para a população. O outro ponto que eu queria falar: por ganância e prepotência, na primeira sessão deste ano, ele trouxe para esta Casa a votação para presidente para o próximo biênio, quando ele tinha até dezembro para fazer isso. Ele não trouxe aqui terreno da Apape, não trouxe aqui previdência, não trouxe aqui o reajuste do servidor, ele trouxe a votação da Mesa. Aqui se faz, aqui se paga. Não perdeu só a eleição, perdeu a maioria nesta Casa. Perdeu o respeito, perdeu um pouco de dignidade e caráter que ainda poderia ter, porque ele proclamou a vitória da oposição nesta casa, como todos viram pelas redes sociais e televisão. E, por conta própria, dentro do seu gabinete com alguns colegas, anulou a própria votação em que ele proclamou a vitória da oposição. Então, está claro e evidente que o está acontecendo nesta Casa. Para finalizar, um ponto ainda mais importante, esta Casa de Leis é para ser independente e fiscalizar o prefeito. Como isso pode acontecer se um dos administradores é o pai da primeira-dama, que estava presente aqui, com o salário atual de quase R$ 10 mil reaispor mês. Depois de perder a eleição, o presidente atual teve a coragem de exonerar o pai da primeira-dama, que ganhava quase R$ 4 mil e trouxe de volta por R$ 10 mil por mês. É essa Casa que é independente? Eu tenho dúvidas. Esse movimento foi para acalmar a família, porque eu tenho certeza que Garotinho rodou igual pião depois daquela votação para presidente. E o clima está bem azedo. Aí, por último, eu estou recebendo uma denúncia de que tem duas pessoas ameaçando três vereadores de oposição: um projeto de bandido, que nem tamanho para bandido tem, e o batedor quer ameaçar três vereadores de oposição. Então, vou dizer para vocês, a oposição permanece unida, hoje somos 13, amanhã podemos ser 17 ou 25. Não vamos rachar, seguiremos trabalhando, protestando e fazendo o nosso papel: propor leis e fiscalizar o prefeito — ressaltou o vereador Marquinho Bacellar na tribuna.
Em seguida, Fábio Ribeiro afirmou que as duas prestações de contas, da ex-prefeita Rosinha Garotinho e do ex-prefeito Rafael Diniz, já estão com as duas defesas anexadas aos respectivos processos.
Na sequência, Helinho Nahim usou a palavra e se dirigiu ao prefeito Wladimir Garotinho: “O que nós queremos, Wladimir, não é briga. Eu acho isso muito triste, nós ganhamos a eleição da Câmara por arrogância do grupo político do qual você faz parte. Você não só subestimou todos os seus vereadores. Eu posso dizer que no segundo turno, amargamente me arrependo, mas eu votei. Então, diferentemente do vereador Marquinho, eu tenho que ter uma habilidade de dizer que eu errei, eu errei, mas tenho o direito e sempre falei à tribuna dessa Câmara. O que for para dizer sim, eu vou dizer sim, o que for para dizer não, vou dizer não, porque quem é amigo de verdade, quem quer o bem de verdade não fica puxando o saco, nem bajulando o dia inteiro. Na situação em que ele está politicamente é porque ele só ficou olhando os puxa-sacos ao invés de olhar para um monte de vereador que hoje está na oposição, na independência, que falou: 'você está errado. O governo está indo para o caminho errado'. Você não dá atenção às pessoas certas. Então, é simples, não queremos briga, respeite. Perderam a eleição por prepotência, arrogância e por acharem que todo mundo tem preço. Bote uma coisa na sua cabeça: caráter e gratidão para homem não tem preço. Eu sou grato e até o final do meu mandato fiz parte do governo Rafael Diniz, e da minha pasta qualquer vereador pode vir discutir a hora que quiser. A hora que quiser eu falo com qualquer um deles, não só vereador, como a população. Estou à vontade para falar. Meu nome é Hélio Nahim, mas eu faço parte, com muito orgulho, do grupo de oposição e independência da família Bacellar”, disse Nahim.
Na sessão desta terça-feira, dos cinco vetos que estavam na pauta, três foram derrubados e dois mantidos. Além disso, os vereadores aprovaram por unanimidade o requerimento de Cabo Alonsimar para conceder aos servidores inativos também a gratificação de 2 mil. Como é indicação, fica a cargo do prefeito acatar ou não.
Os 13 vereadores de oposição estavam sem comparecer às sessões desde que foi suspensa a polêmica eleição da Mesa, em 15 de fevereiro. Nessa sexta-feira (25), a Mesa Diretora da Câmara de Campos abriu processo de cassação contra os parlamentares, após Fábio Ribeiro indeferir as justificativas de falta. Com a medida, 12 vereadores passam a contar com seis faltas consecutivas no mês, e um deles, Abdu Neme (Avante), com cinco, por ter apresentado um atestado médico.

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