Oposição vira na Câmara de Campos e elege Bacellar presidente
16/02/2022 10:01 - Atualizado em 16/02/2022 10:11
 Em um dia repleto de reviravoltas e confusões, o vereador Marquinho Bacellar (SD) – líder da oposição – foi eleito presidente da Câmara de Campos para o biênio 2023/2024, em uma disputa acirrada, por 13 votos a 12. Houve confusão no plenário após o anúncio do resultado e a sessão foi encerrada. O irmão do secretário estadual de Governo, Rodrigo Bacellar, derrotou o candidato à reeleição Fábio Ribeiro (PSD), apoiado pelo prefeito Wladimir Garotinho (PSD). O vereador Maicon Cruz (PSC) chegou a assinar um termo de compromisso com a candidatura de Fábio, o que garantiria o 13º voto para vitória governista, mas no plenário votou em Marquinho. A comemoração da oposição começou no voto de Maicon e a sessão foi suspensa em uma confusão envolvendo o vereador do PSC e Juninho Virgílio (Pros). Durante o recesso parlamentar, Maicon, Juninho e o ex-vereador Thiago Virgílio se envolveram em uma polêmica que gerou a exoneração de DAS ligados a Cruz.
À Folha, na primeira entrevista após a eleição, Marquinho agradeceu a articulação junto ao irmão Rodrigo Bacellar e também a Caio Vianna (PDT), segundo colocado na última disputa a prefeito e presidente do diretório municipal do seu partido, já que conquistou dois dos três votos pedetistas na eleição.
A expectativa é de que a eleição dos demais cargos da mesa diretora continue hoje e Maicon Cruz é cotado para ocupar a segundo posto mais importante, de primeiro secretário.
Com uma estratégia que começou a ser desenhada no último fim de semana, a oposição chegou para a sessão com dois candidatos declarados a presidente: Helinho Nahim (PTC) e Nildo Cardoso (PSL). Na tribuna, Nildo disse que estava abrindo mão da candidatura em busca de um consenso, e anunciou o nome de Marquinho Bacellar a presidente. Quando houve o questionamento sobre outro candidato a presidente, Helinho não apresentou seu nome.
A base governista apostava em chegar até 15 votos, mas tinha o documento com assinaturas que garantiriam 13 votos. Apesar de a eleição poder acontecer até o fim do ano, Fábio resolveu, pouco antes das 17h, incluí-la na pauta desta terça. Porém, com a virada do voto de Maicon, a base governista começa o ano enfrentando uma dura derrota e que terá consequências na Casa, e no governo, até o fim do mandato.
Em uma reunião anterior, o ex-governador Anthony Garotinho teria opinado para que a votação da mesa só acontecesse quando a base tivesse uma “folga” para levar ao plenário, com um compromisso firmado com vereadores para 15 votos. Havia incerteza, também, da postura do PDT, que tem três vereadores na Casa. Leon Gomes não abria mão do apoio a Fábio e era cotado, inclusive, para ser líder do governo no próximo ano. Marquinho do Transporte teve aliados exonerados por Wladimir minutos antes da sessão, o que já indicava que ele apoiaria Bacellar. O voto de Luciano Rio Lu ainda era visto pelos governistas como possível para apoio, mas ele seguiu a orientação partidária, que teria partido do presidente municipal, Caio Vianna.
Maicon registra BO contra primos Virgílio
Depois da sessão, Maicon Cruz registrou um boletim de ocorrência virtual por ameaça contra Juninho e Thiago Virgílio. De acordo com Maicon, ele foi convidado a ir à delegacia hoje.
Pelas imagens da TV Câmara, é possível ver, logo após a proclamação do resultado, Juninho descendo da mesa diretora e falando alguma coisa atrás de Maicon, que se levanta de seu lugar. A partir de então começa uma confusão generalizada e a segurança precisa intervir para separar os vereadores e apoiadores que estavam no plenário. Primo de Juninho, Thiago Virgílio também estava no local.
No último mês, ainda durante o recesso parlamentar, os três se envolverem em uma polêmica. Na ocasião, Thiago criticou nas redes sociais a postura de Maicon de se intitular independente, mesmo com cargos indicados no governo e teve aval de Juninho, então titular da secretaria municipal de Governo.
“Independente de c* é r***! Que independente você é? Recebeu ‘apoio’ do nosso grupo na sua campanha. Agora cospe no prato que comeu. Seus ‘amiguinhos’ tudo (sic) empregados no governo municipal e você quer dizer que é independente?”.
Agradecimento a Rodrigo e Caio Vianna
Além de Maicon Cruz, os votos de Marquinho do Transporte e Luciano Rio Lu – ambos do PDT de Caio Vianna – também foram fundamentais para o resultado da votação. Depois de eleito, Marquinho Bacellar agradeceu a articulação do irmão, Rodrigo, e de Caio.
— Foi uma articulação muito bem feita. Quero agradecer aqui o meu irmão Rodrigo Bacellar, ao Caio Vianna, que mostrou maturidade, palavra com a gente. Agradecer a Maicon Cruz e aos vários colegas que perceberam que esse primeiro ano, nós passamos muita dificuldade aqui dentro com a população sofrendo com várias covardias e a gente sem poder fazer nada, nem direito a palavra gente tinha na sessão — disse Marquinho.
Caio Vianna e Rodrigo Bacellar ensaiaram uma aliança para a candidatura do pedetista a prefeito em 2020, mas romperam relações ainda durante a pré-campanha. Bacellar, então, lançou o nome de Dr. Bruno Calil (SD), que ficou na terceira colocação. No segundo turno entre Caio e Wladimir Garotinho (PSD), a maioria dos vereadores eleitos pelo grupo de Rodrigo apoiaram o atual prefeito, com exceção de Marquinho.
O novo presidente declarou, ainda, que pretende dar mais independência aos vereadores em sua gestão e reclamou da condução até a votação no plenário. “Será uma nova era para a Câmara de Campos a partir de 1º de janeiro. Eu acho que aqui se faz, aqui se paga. Todo mal que a gente faz, volta para a gente. É o que aconteceu hoje. Ele não esperava uma articulação nossa, não esperavam homens de palavra como são os 13 vereadores que estão aqui. Então repito para vocês, será uma nova era em Campos, será uma Câmara independente, como toda a Câmara devia ser. Isso aqui não será um puxadinho do prefeito. Manteremos a nossa postura, fiscalizando e sempre em prol do bem da população”.

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