A dicotomia dos transtornos Rodoviários em Campos
José Eduardo Pessanha 16/12/2024 08:37 - Atualizado em 16/12/2024 09:11
José Eduardo Pessanha
José Eduardo Pessanha / Divulgação
Nossa cidade de Campos dos Goytacazes tem passado por momentos angustiantes no tráfego, principalmente nos acessos à cidade. Um dia desses, estava no Shopping Estrada (rodoviária que todos apostavam contra, mas que deu certo!) para receber uma pessoa da família e me deparei com uma senhora, que vinha no sentido Campos dos Goytacazes, que ficou quase 10 minutos para atravessar a rodovia, da margem direita para margem esquerda, enquanto que os veículos, em velocidade, agora sem os quebra-molas, impediam que ela consecutisse seu intento. Por fim, sob risco, entre motos e carretas, a citada senhora conseguiu, esbaforida, atravessar, bem defronte onde existe uma “cínica” placa de advertência aos pedestres, rogando por prudência (como se fosse possível naquele local).
Sim, mas vamos voltar no tempo, antes das “inovações” realizadas pela concessionária da via, a Arteris Fluminense, com concordância da PRF: as pessoas que vinham de Serrinha, Ururaí, Ibitioca, Tapera e outras localidades desembarcavam, na via, em frente ao Shopping Estrada e, ainda que com relevante risco, atravessavam a rodovia (na ausência de passarela), pois os quebra-molas existentes obrigavam os motoristas a reduzirem a velocidade. Da mesma forma, as centenas de moradores dos condomínios Sonho Dourado, Vert vida e outros muitos que ali existem podiam usar de várias saídas e/ou retornos para acessarem a via, notadamente no sentido do centro da cidade.
Neste momento começa a dicotomia... tais obstáculos no trânsito – quebra-molas – também impediam um fluxo mais célere, bem como as diversas saídas operavam por interromper a passagem dos carros por inúmeras vezes. Neste contexto, os “engenheiros” do tráfego resolveram colocar em prática suas “inovadoras” teses. É certo que há muito já se sabe que a solução (simples) seria uma passarela para pedestre em frente ao terminal e um viaduto na saída para o Rio de Janeiro que permitisse o retorno à Campos por sobre a rodovia. Simples e sem mágica; o trânsito fluiria e as pessoas poderiam atravessar a via, a pé ou de carro, sem maiores problemas. Ocorre que fazer o simples não é uma prática brasileira (nem local)!
Foi nesta toada que começaram as polêmicas! Como reza a ABNT, Engenharia de Tráfego “é a parte da Engenharia que trata do planejamento do tráfego e do projeto e operação das vias públicas e de suas áreas adjacentes, assim como do seu uso para fins de transporte, sob o ponto de vista de segurança, conveniência e economia”, logo seria interessante que especialistas, isentos, sem interesse em economizar ou dar lucro às empresas, fossem ouvidos. Quando a questão transformou-se em imbróglio, logo trouxeram a PRF – Polícia Rodoviária Federal ao caso (ou foi antes), como uma das responsáveis pelas alterações. Ocorre que a PRF tem como missão “garantir a segurança nas rodovias federais, prevenir e combater o crime, bem como promover a mobilidade e a fluidez do trânsito”. Òtimo quanto à tentativa de fluidez, mas e a segurança dos pedrestes que atravessam a via ou dos residentes que necessitam “lançar” seus veículos na frente das carretas para parar o tráfego e ultrapassar a rodovia? Quem pensará nessas partes envolvidas?
A Obrigação legal da PRF de “assegurar a livre circulação nas rodovias federais” não dá ensejo a devaneios de tráfego, ainda que sob a forma de parceria. Em verdade, a Arteris Fluminense, que é responsável pelos 322 quilômetros da rodovia BR-101 RJ/Norte, é que deveria ter proposições decentes e realizar as obras necessárias (pelo menos assim deve rezar o contrato de concessão), já narradas e conhecimento de todas as partes interessadas, mas o que se vê são paliativos “baratos”, “puxadinhos”, sem preocupação com a vida humana; na verdade só desejam um fluxo mais célere (não que todos não desejem, até porque hoje, mesmo com as mudanças, está se levando mais de meia hora de Ururaí até o Shopping Estrada nos momentos de píco), mas, em verdade, muitos foram prejudicados e “quase” nada mudou, não ser o aumento dos riscos para os “locais”. Ademais, nesta questão do fluxo ruim devemos creditar uma parcela significativa a inércia do Estado com a “eterna” obra da Rodovia dos Ceramistas, mais interditada que fluindo, de resolução simples, mas que perdura, sem perspectivas, problemática.
Note que o que se vê é um corolário de mazelas reunidas, administradas de forma tangencial e que somente trazem infortúnios para população, seja os que transitam pela lenta via, seja para os circunvizinhos que ali residem e que são tratados como cidadãos de terceira classe, sequer possuindo acesso decente para saírem de casa. Esperamos que as autoridades façam as obras necessárias e parem de ganhar tempo, tempo este que já passou!

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