Restaurante Universitário da Uenf recebe o nome de Cícero Guedes
A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) realizou, na última sexta-feira (30), a cerimônia de designação do Restaurante Universitário em homenagem ao produtor rural Cícero Guedes. O evento, que teve a presença do filho do homenageado, Mateus Guedes, contou com a inauguração da placa que nomina o Restaurante Universitário Cícero Guedes conforme decisão de 2023 do Conselho Universitário (CONSUNI) da Uenf.
A reitora da Uenf, Rosana Rodrigues, destacou a contribuição de Cícero Guedes para o movimento estudantil que lutou pelo restaurante universitário, agora nominado Cícero Guedes.
— Cícero era uma pessoa ligada ao movimento estudantil e à reforma agrária. Me sinto muito privilegiada por este momento que a universidade está vivendo, com esta homenagem ao Cícero, que teve grande importância para a agricultura familiar, que produz 70% de tudo que é consumido no Brasil — afirma Rosana.
O vice-reitor Fábio Lopes Olivares declarou que a associação da universidade ao nome de Cícero Guedes é bem simbólica.
— O Brasil é reconhecido como o grande produtor de alimentos do mundo, mas o que o Brasil mais produz são commodities, que são destinadas ao comércio externo. A agricultura familiar que alimenta nosso povo — pondera Fábio.
O gerente de comunicação da Uenf, Vitor Sendra, que conviveu com Cícero no início dos anos 2000, ressaltou o grande movimento do MST em Campos.
— Campos teve grandes lideranças do MST, uma das maiores delas foi o Cícero, que quando bradava na praça estremecia a estrutura social das oligarquias. No mundo de hoje ele faz falta — considera Vitor.
Cícero trabalhou como pedreiro na obra de construção da Uenf
O filho de Cícero, Mateus Guedes, lembrou que o pai tinha muito contato com as universidades e com a educação e informou que Cícero trabalhou como pedreiro na obra de construção da Uenf.
O filho de Cícero, Mateus Guedes, lembrou que o pai tinha muito contato com as universidades e com a educação e informou que Cícero trabalhou como pedreiro na obra de construção da Uenf.
— Ele sempre teve um carinho especial pela Uenf. A carteira dele foi assinada como pedreiro da Uenf. E meu pai sempre defendeu muito a causa dos estudantes e assumiu a causa do Restaurante Universitário da UENF. Tenho foto dele cozinhando para os alunos acampados aqui. Ele tinha um fusquinha. E um dia voltou para casa cheio de pneus no carro. Os pneus eram para os estudantes da Uenf fecharem a BR-101 na luta pelo Bandejão. Foi aí que a sociedade tomou conhecimento dessa luta — conta Mateus.
O egresso do curso de Ciências Sociais da Uenf, Fernando Sousa, que está produzindo um filme sobre Cícero Guedes, também falou sobre sua convivência com o homenageado.
— Tenho orgulho de fazer parte desta história. Estudei de 2005 a 2010 na Uenf e participei da luta pelo Restaurante Universitário junto ao Cícero e outros estudantes, quando estivemos acampados em 2006 e 2008 e no fechamento da BR. Mais do que a luta pelo Bandejão, a importância do Cícero é enorme. Infelizmente em 2013 o Cícero foi assassinado na luta pela terra —recorda Fernando.
Cícero Guedes nasceu em União dos Palmares, Alagoas, e veio para Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, na década de 1990. Próximo aos 40 anos de idade foi alfabetizado e o primeiro livro que leu foi “Brava Gente”, do MST.
Fonte: Ascom Uenf