Dados apontam que 82 pessoas estão desaparecidas em Campos
Yasmim Lima 28/08/2024 09:18 - Atualizado em 28/08/2024 09:31
Delegado Titular da 146ª, Carlos Augusto
Delegado Titular da 146ª, Carlos Augusto / Foto: Rodrigo Silveira
Em Campos, cerca de 82 pessoas estão desaparecidas, segundo o registro de dados das delegacias do município. Desde abril de 2023 havia cerca de 130 pessoas desaparecidas, segundo a 146ª Delegacia de Polícia de Guarus. Após o trabalho desenvolvido pela Polícia Civil, esse número diminuiu e, atualmente, são cerca de 42 pessoas registradas. Na 134ª DP do Centro de Campos, no mesmo período, foram cerca de 85 casos. Já o acumulado de 2024 é de 40 registros, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública, (ISP).
Cabe ressaltar que atualmente os índices de desaparecidos diminuiu, em razão do número de pessoas que já foram encontradas, segundo a Secretária de Estado da Polícia Civil. A secretária iniciou uma campanha para a coleta de material genético de familiares de pessoas desaparecidas para, posteriormente, cruzar com banco de dados. A campanha que teve iniciou na segunda-feira (26), acontecerá até a sexta-feira (30). No município, o ponto de coleta será no Instituto Médico Legal (IML). A campanha ocorre em todo o estado serão 11 postos de Polícia Técnico-Científico.
Campanha acontece até sexta-feira
Campanha acontece até sexta-feira / Foto: Divulgação/Polícia Civil
O delegado titular, Carlos Augusto destaca a importância da iniciativa. E explica que o procedimento ajudará o trabalho de investigação da Polícia Civil.
“A campanha se pauta na coleta de amostras de DNA de familiares de pessoas desaparecidas, para que esses bancos de dados sejam abastecidos e assim ajudar a polícia nas buscas para encontrar essas pessoas, sejam vivas ou mortas e trazer um alento maior para esses familiares. É uma iniciativa que visa a integração de bancos de dados estadual com bancos de dados em nível nacional. A campanha será um facilitador na nossa investigação e é bem simples e fácil, nada invasivo, não precisa tirar sangue. Uma simples coleta de saliva com algodão resolve o problema. Desde abril do ano passado, tínhamos o passivo de na unidade de 130, até agora, já reduzimos bastante, localizamos bastante pessoas e temos o registro de cerca de 42 pessoas”, explica Carlos Augusto.
Durante o registro de ocorrência é indispensável que familiares ofereçam características das pessoas.
"Nós pedimos aos familiares que nos abasteçam de dados. Dados da pessoa, dados morfológicos, sinais físicos, se tem alguma deficiência, deficiência cognitiva, se tem sinais característicos, tatuagens, uso de piercing, se saiu de carro ou moto, para que possamos colocar um registro de busca para os veículos. Além disso, se é criança, adolescente ou até mesmo estrangeiro. É uma série de detalhes desse protocolo que facilita o nosso trabalho de encontro dessas pessoas”, ressalta o delegado titular.
Rosimary Valadares desaparecida há 8 anos
Rosimary Valadares desaparecida há 8 anos / Divulgação álbum de família
Glória Valadares, irmã de uma empresária campista que está desaparecida há oito anos, Rosimary Valadares, conta que até hoje não tem informações da irmã. Portadora de depressão e diagnóstico de bipolaridade, Rosimary saiu de casa e pegou um voo de Campos para São Paulo. Glória lembra ainda que os últimos passos de Rosimary foram registrados por uma câmera de segurança no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
“A minha irmã Rosimary Valadares está desaparecida desde 11/02/2026. Ela foi vista a última vez no aeroporto de Congonhas São Paulo. Minha irmã entrou em um táxi e nunca mais foi vista. Os documentos foram encontrados na lixeira de uma estação de trem na periferia de São Paulo. Já se passaram 8 anos. É uma sensação horrível! Pior que a morte. A morte você tem um ponto final, mas um desaparecimento, fica um ponto de interrogação”, relata Glória.
A irmã ainda diz que o processo de investigação que foi instaurado continua, mas ainda não tiveram notícias. Glória também ressalta que irá participar novamente da campanha de coleta de DNA.
“O processo continua, mas não temos notícias dela até hoje. As investigações estão lentas, pois não temos pista nenhuma. A polícia só procura se a família receber alguma pista. Nossa mãe faleceu há 40 dias e sempre lutou muito para encontrar a filha. A polícia de Campos não fez nada, acham que São Paulo é que tem de fazer. Mas na realidade, seria a de Campos, pois ela residia aqui. Eu tive essa informação de uma promotora do MP de São Paulo que está no caso da minha irmã. Eu vou fazer uma nova coleta para o DNA nessa nova campanha, mas ainda assim, tudo isso é bem complicado”, explica a irmã de Rosimary.
O delegado Carlos Augusto destaca que os desaparecimentos dessas pessoas ocorrem por inúmeros motivos.
“As pessoas, quando desaparecem, desaparecem por diversos motivos. Então nos registros dos dados de desaparecidos, nós perguntamos além das características físicas, se há algum tipo de desavença familiar com terceiros, como era o modo de vida dessa pessoa, se possui conta bancária. Conta telefônica, se tinha dívidas, inimigos, alguma doença mental. Uma série de diretrizes que busca cercar toda a situação envolvida naquela pessoa, para facilitar a nossa linha de investigação. Porque existem crianças que desaparecem, que são sequestradas, existem pessoas com alguma debilidade cognitiva que não se lembra quem são e desaparecem mesmo, tem jovens que são aventureiros e não avisam os pais e somem, mas depois do final da semana voltam. E tem aquelas também que realmente são assassinadas e os corpos são escondidos. Então, a gente precisa saber como é a vida, como é o cotidiano e a rotina dessas pessoas”, conta Carlos Augusto.
O delegado ainda esclarece que o fato de ter que esperar até 48 horas para reportar o desaparecimento não é o procedimento correto.
“A partir do momento que a pessoa desconfia que algo saiu da normalidade, já pode nos procurar a delegacia. Chegando a unidade, algumas perguntas vão ser feitas, se ela já percorreu alguns hospitais, se sabe alguma intercorrência que tenha acontecido com essa pessoa, mas o prazo de 48 horas não existe, nem nunca existiu. O ideal é comunicar o quanto antes. Porque, nesse caso, o desaparecimento, o tempo está muito a favor daquelas pessoas que comunicam rapidamente”, finaliza o delegado titular.
No Brasil – De acordo com dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, no período entre janeiro e agosto deste ano, cerca de 45.670 pessoas desapareceram, sendo 29.498 do sexo masculino e 15.833, do feminino. Desse total, 12.148 pessoas tinham até 17 anos e outras 32.415, mais de 18 anos. Em relação a pessoas localizadas em 2024, o número total foi de 30.016, com 10.736 do sexo feminino e 17.931, do masculino, sendo localizados 7.654 pessoas de até 17 anos e 20.887 de até 18 anos.






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