Foi inaugurado nesta sexta-feira (28) o ambulatório de assistência à população LGBTQIAPN+ de Campos. O espaço, que funcionará com acolhimento e serviços de saúde voltados para as pessoas pertencentes à comunidade, está instalado na sede da Subsecretaria de Igualdade Racial, no prédio da antiga Fundação Zumbi dos Palmares, no Centro, localizada na Rua Comendador José Francisco Sanguedo, 129.

O ambulatório, aberto pela primeira vez no município, terá atendimentos de saúde com psicólogos, psiquiatra, assistente social, técnicos de enfermagem e assistente social. Por meio do espaço, a população LGBTQIAPN+ ainda poderá solicitar serviços de saúde como consultas e exames. Ele também será responsável por direcionar as pessoas para outros espaços e equipamentos na área da saúde.
De acordo com o infectologista e subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção à Saúde, Rodrigo Carneiro, pela primeira vez o município passa a contar com um espaço voltado exclusivamente para a população LGBT.

“Essa inauguração vai além da parte assistencial, ela é também simbólica para o município de Campos. As populações minoritárias foram historicamente excluídas nesse município. É um município com a mentalidade retrógrada, foi o último a abolir a escravidão. Então, isso tudo está enraizado na mentalidade das pessoas, se revelando em homofobia, e transfobia. Ter o reconhecimento do poder público e abrir serviços voltados para a população LGBT é um marco para a cidade. Esperamos que toda a população LGBT se sinta acolhida em termos de promoção e prevenção à saúde. Que isso seja só a semente plantada”, conta Rodrigo.

O subsecretário explica que o ambulatório é desenvolvido pela Subsecretaria de Igualdade Social em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção à Saúde e que este é o pontapé para a abertura de outros espaços.

“Quem vai tocar o projeto é a subsecretaria de Igualdade Racial em parceria com a Secretaria de Saúde do município, mas aqui é a sementinha plantada para que, em poucos anos, tenhamos um grande serviço assistencial voltado para a comunidade no nosso município. É o primeiro de muitos e esperamos que populações pouco favorecidas continuem tendo espaço em Campos. Esse é um dos pilares da Vigilância e Saúde, então vamos sempre olhar mais pelos menos favorecidos”, finaliza o infectologista.

Para a coordenadora do ambulatório e chefe de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais da Subsecretaria de Igualdade Racial, Erickah Gomes, o espaço é de grande importância para a cidade, além de desempenhar um trabalho acolhedor para a comunidade.

“Estou muito feliz com essa criação, com essa ideia. Me sinto muito honrada de fazer parte dessa história. É o primeiro ambulatório para a população LGBT nesta região. E esse espaço vem para ser um divisor de águas, depois de tanto retrocesso que vimos dentro da política como um todo. Tenho certeza absoluta que a gente vai conseguir fazer um trabalho acolhedor, onde as pessoas LGBTs vão conseguir se identificar. Fico muito feliz também por ter uma equipe toda composta por pessoas LGBTs, desde médico, psicólogo, técnico de enfermagem, administrativo, até a coordenadora. Então, fico muito feliz de estar participando e encabeçando esse projeto”, relata Erickah.

A coordenadora conta ainda que o ambulatório vai funcionar de segunda a sexta-feira, por livre demanda. No ato do atendimento será necessária a apresentação de documentos.

“O espaço vai funcionar de segunda a sexta, de 9h a 17h. Vale destacar que quando a pessoa vier solicitar o atendimento, ela deve trazer carteira de identidade, CPF, cartão do SUS e comprovante de residência, porque precisamos mapear todos os nossos usuários, saber não só sobre a questão da saúde, mas devemos saber de onde esses pacientes são, para que a gente possa redirecionar para outros equipamentos, já que essa é a função do ambulatório também. A intenção é fazer um cuidado em rede, pois não conseguimos trabalhar sozinhos. Ter um ambulatório como essa porta de entrada para os outros trabalhos vai ser muito importante e só vem para somar”, falou a chefe.

A inauguração do ambulatório aconteceu nesta sexta-feira (28), Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. A escolha da data se deve ao ocorrido nesse mesmo dia, em 1969, quando mulheres trans, gays, lésbicas e outros membros da comunidade se revoltaram com a violência policial, em um bar de Nova York, no episódio que ficou conhecido como a rebelião de Stonewall Inn.

Em Campos, um dado divulgado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-RJ) mostra que 109 casamentos homoafetivos foram registrados na cidade entre janeiro de 2013 até a data de hoje.